Capítulo 8

Ivan e Lucrécia fizeram o caminho para casa completamente em silêncio, a jovem estava nervosa, envergonhada e confusa com todos os acontecimentos entre eles, assim que chegaram ao apartamento ela subiu as escadas em direção ao quarto, o homem que já confuso estava ainda mais perdido em meio a suas vontades e desejos entrou no box tomando um banho frio, Ivan Vestiu um shorts confortável de moletom, os cabelos molhados ainda faziam com que água escorresse por seu corpo quando desceu para beber algo, Na mansão de Ivan se destacava um enorme Home bar, bebidas caras das mais diferentes partes do mundo enfeitavam a estante, sentado próximo ao balcão ouvia cair a chuva forte que castigava Boston quando o telefone tocou, Ivan ouviu em silêncio uma risada conhecida e maléfica ecoar do outro lado da linha.

— Maldita desgraçada, eu disse, disse a você que se não sumisse para sempre eu a encontraria, vou acha-la e quando eu por as minhas mãos em você arrancarei seu coração.

— Também senti saudades meu menino, saudades do meu homenzinho perfeito.

Ivan jogou o telefone contra a parede, a muito tempo não ouvia aquela voz mais o som dela o transportou novamente a sua infância traumatizante e dolorosa, O homem tinha apenas treze anos na época que tudo aconteceu, Isabella sua mãe havia voltado a estudar, Klaus seu pai ficava a maior parte do tempo na lida cuidando dos animais e dos assuntos da fazenda, Quando Grace chegou a propriedade foi recebida de braços abertos pelos Santorini, a jovem mulher que implorava por emprego trazia consigo uma história traumática e triste de um passado assombrado por abusos e maus tratos dos pais, Isabella havia passado pelo mesmo com o tio, se compadeceu da situação da moça que foi designada então para os cuidados com filho já que a governanta da família havia se aposentado a pouco deixando assim apenas para a matriarca dos Santorinis os serviços da fazenda. Isabella vinha se saindo bem, o fato da faculdade que fazia ser afastada do lugar onde moravam a obrigava pernoitar alguns dias na cidade grande, Klaus a acompanhava a maior parte do tempo o que fazia com que Grace e Ivan ficassem sozinhos na sede da propriedade, não demorou para que a mulher mostrasse suas garras, era sempre carinhosa demais, invasiva demais, a forma estranha como tratava o ainda menino Ivan já havia sido notada pelos outros funcionários da fazenda que ameaçados por ela nunca disseram nada, toda a atenção logo virou uma obsessão doentia, a mulher dez anos mais velha que o garoto começou a então se relacionar com ele debaixo do teto dos próprios pais, Grace tinha uma mente perturbada, gostos macabros e sádicos na cama, fez com que Ivan conhecesse a dor como a única forma de conseguir prazer, completamente manipulado por ela o jovem menino fugiu de casa ao seu lado, Klaus virou a Austrália de cabeça para baixo atrás do filho e quando encontrou Ivan sobre os domínios da mulher quis mata-la, a polícia o impediu, foi mais rápida do que o ceifeiro dos Santorini que jurou vingança pelo filho mais jamais a concretizou já que Grace sumiu sem deixar rastros assim que a investigação de estupro de vulnerável foi finalizada pela polícia, Foram anos de terapia, Ivan não conseguia seguir em frente, jovem demais não podia simplesmente virar a página depois de toda dependência emocional que direcionou a maléfica babá, Traumatizado e perdido em meio as sombras de sua alma se afundou em uma tristeza sem fim, a adolescência de Ivan foi um completo tormento, tentativas repetidas de suicídio por parte do rapaz enlouqueciam os pais que se viram obrigados a interna-lo em uma clínica psiquiátrica, o garoto tímido e reservado cresceu, se tornou um homem recluso e atormentado pelas lembranças mais um magnata de sucesso nos negócios, para qualquer pessoa tão jovem as coisas que passou nas mãos de uma sádica sex*ual macabra como Grace eram um passo para loucura, Ivan se mostrou diferente, a dor que devia destruí-lo só o tornou mais forte, era inquebrável e indestrutível e quando as lembranças o perturbavam ele geralmente não sedia, mais as coisas haviam mudado, Grace havia voltado do inferno onde se escondeu por longos 15 anos e o que já havia sido esquecido estava trazendo a Ivan gatilhos que jamais pensou que teria, Já bêbado ele caminhou em direção as escadas, abriu uma das gavetas da cômoda tirando dela um frasco grande de remédios, sua cabeça doía como a muito tempo não acontecia, virou na boca um punhado grande da medicação para dormir, quando Lucrécia saiu do quarto em direção a cozinha viu a porta aberta, Ivan estava jogado sobre a cama, debruçado de um jeito estranho sobre as cobertas.

— Senhor Ivan.

Falou de um jeito gentil, estranhou ao ver que ele não reagiu.

— A porta estava aberta, o senhor está bem?

Lucrecia se aproximou mais um pouco, notou o frasco quase vazio sobre a cama se dando conta de que ele não dormia.

— Socorro.

Gritou alto.

— Cora, me ajuda pelo amor de Deus, é o senhor Ivan .

Gritou da porta fazendo que os empregados corressem ao seu encontro.

— O que fazemos?

Colocou a cabeça dele sobre seu colo.

— Chamamos o senhor Fred.

— Não é melhor levá-lo ao hospital?

— Essas são as ordens menina, não é a primeira vez que isso acontece,ele já tentou se matar antes.

Os olhos de Lucrecia se encheram de lágrimas.

— Porque? qual o problema com ele?

— Ninguém sabe, ele jamais contou a um de nós, vou buscar o telefone, espero que não seja tarde.

Cora saiu aos prantos, Ivan começou a se mexer nos braços de Lucrecia.

— O que houve?

— Aí meu Deus, você está vivo, não durma, eu Imploro não feche os olhos.

Ivan a olhou confuso, sabia que novamente havia sucumbido a sua dor, o que tornava tudo diferente dessa vez? os belos olhos negros que o encaravam, pela primeira vez ele desejou não conseguir a morte que tanto almejava, queria se perder na imensidão daqueles olhos, Lucrecia acariciou seus cabelos enquanto estava deitado sabre seu colo, alí Ivan sentiu pela primeira vez em anos a paz que seu coração achou que jamais iria encontrar, ela era diferente e cada parte de seu corpo gritava alto e em bom son que era ela a cura que ele tanto havia esperado.

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