Capítulo 5

Já era madrugada e Ivan ainda trabalhava em seu escritório, inteligente como poucos e ambicioso como nenhum outro havia multiplicado em poucos meses a fortuna que já possuia quando chegou em Boston, sobre a mesa vários papéis espalhados, Ivan era Australiano, apesar de possuir dupla cidadania por ter nascido na Itália arranhava muito pouco o idioma de sua terra Natal, era bom com o inglês mais o contrato recém firmado com os Russos o estava enlouquecendo, já havia desistido de ler o que estava escrito nos contratos que trouxera consigo da empresa quando viu a pequena face de Lucrecia espia-lo pelo vão dá porta.

— Eu já lhe vi.

Disse de forma leve, Ivan não era um homem gentil, apesar de muito bem educado era ríspido com as palavras na maior parte do tempo, Lucrécia parecia fugir a regra já que Ivan vinha sendo sempre cortês ao se referir a ela.

— Desculpe, vi a luz acesa, não consigo dormir.

— Algum problema com o quarto? Temos outros espalhados pela casa, posso pedir a Cora que lhe acomode em outro.

— Não é isso, tudo está perfeito.

— Então o que há?

Cruzou as mãos sobre a mesa lhe encarando com firmeza.

— Tive um pesadelo, foram muitos dias dormindo no chão frio do depósito, o colchão é tão macio e confortável, acho que desaprendi como dormir em uma boa cama.

Ivan apontou a poltrona a sua frente para que ela se sentasse, Lucrecia caminhou até o móvel se sentando sem jeito.

— Pode ficar até que chegue o sono, só não mexa em nada os papéis são importantes, quer dizer, eu acho, já que não intendo uma única palavra dessa merda.

Lucrecia tocou de forma delicada um dos papéis A 4 sobre a mesa, os enormes olhos negros pareciam curiosos e atentos na mesma medida enquanto lia com atenção cada uma das palavras.

— Conhece bem as pessoas com quem esta firmando esse acordo?

Perguntou sem olhar para Ivan que já lhe encarava surpreso.

— São novos sócios, ainda não nos conhecemos pessoalmente.

— Deveria pedir ao seu advogado para reler o acordo, assinando esses contratos você dá a esse tal "Andrei Ivanov " autonomia para usar suas sedes aqui em Boston como paraísos fiscais, o Cassino?

— Sim.

— Está descrito como uma financeira de imóveis, pessoas que querem burlar o imposto de renda usam isso como artifício para tornar as propriedades em seu nome inviáveis para consulta, é algo Inteligente, mais também é perigoso se for descoberto o Cassino será embargado pela justiça e provavelmente você irá perde-lo.

— Como sabe de tudo isso?

Lucrecia o olhou assustada, sequer havia percebido que falava enquanto lia os papéis em sua mão.

— Estou dizendo bobagens, desculpe-me.

Colocou sobre a mesa o documento.

— Ouça, é óbvio que você não é uma simples moradora de rua como eu pensava, está em minha casa e o mínimo que pode fazer e não me tratar como idiota.

Ela abaixou a cabeça envergonhada.

— O quanto entende de tudo isso? Não minta.

— Muito.

Falou esfregando fortemente os braços.

— Sabe falar em Russo?

— Sim, também falo espanhol, italiano, inglês, turco, francês e latin.

A boca de Ivan se abriu em um enorme "O", passou as mãos pelos cabelos caminhando de um lado para o outro dentro do escritório.

— Não vai me dizer quem é você não é mesmo? De onde vem e do que está está fugindo.

Ela balançou a cabeça em negação.

— Se for uma espiã enviada para bisbilhotar os meus negócios teremos problemas.

Ela sorriu.

— Não sou, eu juro.

— Pois bem, preciso de uma secretária para me ajudar na empresa, alguém de confiança que não possa ser comprada como a última vagabunda que passou pelo cargo.

— Quer que...

— Sim, quero que trabalhe para mim, será minha Secretária pessoal.

Lucrecia permaneceu em silêncio por um tempo.

— Não posso arrumar um emprego pelos meios legais.

— Entendi, sem polícia, sem hospitais e sem contratos trabalhistas.

Ela riu de um jeito descontraído.

— Ok, você começa amanhã, vou pedir a Cora que lhe compre roupas novas, não pode trabalhar na empresa vestida com esses pijamas ridículos.

— Gosto dos pijamas, são confortáveis, não os acho ridículos.

Cruzou os finos braços frente ao corpo fazendo com que ele sorrisse.

— Tudo bem, vá com eles então.

Ela pensou por um momento, ele a fitou com as mãos dentro dos bolsos.

— Talvez um terninho, ou um vestido não seja tão ruim.

— Claro que não.

Falou de um jeito brincalhão.

— Discutiremos seu salário amanhã, prometo ser justo quanto aos valores, agora vá dormir, amanhã será um longo dia, fez um grande avanço não é mesmo? de desabrigada a secretária em menos de 24 horas.

— Eu não teria como agradece-lo, o senhor é tão bom, tão gentil.

Ivan Gargalhou alto.

— Acredite não são muitas as pessoas que pensam como você, o que acaba de me dizer agora?

— Sim.

— É a primeira vez que ouço.

Lucrecia o olhou confusa.

— Vá, descanse.

Caminhou em direção a mesa dando espaço para que ela saísse, Lucrécia caminhou em direção a porta, antes de sair o olhou por uma última vez.

— Senhor Ivan.

— Diga.

Falou sem tirar os olhos do notebook sobre a mesa.

— Obrigada.

Ele sorriu para ela, ao vê-la deixar o cômodo pós uma de suas mãos sob o queixo pensativo.

— Do que está fugindo menina?

Falou para si mesmo.

— Talvez Fred não esteja errado, você parece ser problema e eu sou o filho da puta que adora uma boa confusão.

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Comments

Anonymous

Anonymous

kkkkk

2024-04-28

0

Eliziene

Eliziene

amando

2024-04-20

0

Solange Coutinho

Solange Coutinho

Ivan te adoro kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

2024-04-12

1

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