Cap-16

Houve uma semana de profundo silêncio para Alice, até que no dia da viagem, onde toda equipe iria para Camaçari BA, no jato da Isabella, a dúvida que pairava na cabeça de Alice, se confirmou, enquanto todos estavam despedindo de suas famílias, Alice observou Iveline junto de Daniel, a aliança no dedo, e tudo prosseguia normalmente. Os dois se abraçaram, um beijo demorado, e parece que Alice viu as mãos de Daniel pousar no ventre de Iveline.

Ela suspirou e engoliu em seco, paralisada, só voltou em si quando a irmã gêmea a abraçou.

— Vou sentir sua falta! Não faça nada que eu não faria!— Aline praticamente gritou no ouvido da irmã, o som do avião ligando estrondou.

Esquecendo do dilema dos seus sentimentos e vida, acabou sorrindo para irmã mais intensa que poderia ter.

— Também vou sentir sua falta. Não faça besteiras na minha ausência!— Alice alertou com um sorriso.

As duas se abraçaram novamente, apesar das diferentes personalidade, as duas se davam muito bem, eram irmãs gêmeas e amigas inseparáveis.

Iveline passou por Alice, e nem mesmo disse adeus, a fitou com aqueles olhos negros, e pela expressão do rosto, Alice imaginou que Daniel confessou o que houve entre eles, e isso foi mais uma confirmação em seu coração, de quê Daniel brincou com seus sentimentos.

Bernardo se aproximou de Alice, e abraçou.

— Parece triste, se não quiser ir, não precisa.— o pai falou dando um beijo na testa da sua garota.

— Só estou cansada... não gosto de levantar cedo...

Bernardo riu.

— Igualzinha sua mãe!

Os dois se despediram.

Sem saber como aguentaria conviver com Daniel nessa viagem, ela subiu as escadas, seguida de Daniele.

— Que bicho te mordeu?— Dani perguntou me olhando.

— Estou bem. É só sono, dormi mal essa noite.— ela respondeu seca.

Entrou no jato tão luxuoso quanto o da empresa, poltronas de couro branco e espaçosas, uma aeromoça, dois pilotos, e sentados, estava toda equipe da Isabella, assistente pessoal, analista de riscos em investimentos, e um advogado.

Da parte dos Almeidas, ia Daniele como assistente de Léo, Daniel, um advogado jurídico, e Alice. Além dos seguranças, que juntando aos da Isabella somavam seis.

Alice se sentou ao lado do irmão e durante todo vôo, que durou duas horas, não abriu a boca e nem ousou olhar para os lados. Ela fechou os olhos e fingiu estar dormindo, enquanto ouvia os tripulantes do vôo jogar conversa fora. Mas em um dado momento, Alice parou para ouvir com atenção.

— Vai guardar esse segredo até quando?— Dani indagou para Daniel.

— Os dois guardando segredos do chefe?— Léo ironizou.

Ouve um breve silêncio, que deixou Alice apreensiva e mais imóvel no lugar.

— Daniel vai ser papai!— Dani exclamou feliz.

— Puxa cara! Parabéns! O casamento sai agora?— Léo falava.

Alice engoliu as lágrimas que insistia em querer sair, ela tinha que mostrar estar dormindo mais do que nunca. Se abrisse os olhos e avistasse o rosto da sua paixão, certamente seria o seu fim. Com o coração doendo mais do que nunca, ela tentou se confortar no motivo do silêncio de Daniel durante a semana. Ele estava certo, devia ficar com a noiva, principalmente agora que teriam um filho, ela não podia ser o motivo de uma família separada. Mesmo que Daniel deixasse Iveline, ela jamais aceitaria um relacionamento assim. Ainda assim, a dor não aliviava... doía mais.

Por instantes, quando se viu perdida nos beijos de Daniel, ela criou uma expectativa, uma esperança de ser correspondida, que alimentou o sentimento. Agora tinha que se desfazer disso tudo...

Mas como? Se todos os dias convivia com a pessoa? Se todos os dias olhar para ele era lembrar de um amor proíbido e talvez não correspondido?

Quando os pilotos anunciaram a aterrissagem no Aeroporto Internacional Dep. Luís Eduardo Magalhães de Salvador, foi que finalmente Alice teve a coragem necessária para abrir os olhos, afivelou o cinto de segurança e deixou sua poltrona na posição vertical.

— Dormiu a viagem toda?— Léo perguntou a irmã enquanto prendia seu cinto.

Alice apenas assentiu.

— Está muito quieta... aconteceu alguma coisa?— Léo perguntou ao ver uma certa melancolia na irmã.

— Só cansada e preocupada com os dias que vou faltar na faculdade.— ela murmurou tentando mostrar naturalidade.

— Se está dizendo... é a melhor daquela universidade, não devia dar tanta importância há uns dias sem aula...— Léo falou levantando a sobrancelha.

— Está certo... vou tentar relaxar...— Alice forçou um sorriso, e Léo deu uma piscadinha para irmã.

As rodas do avião tocaram o chão e dentro de minutos, todos saíam com suas bagagens de mão. Dois carros previamente alugados, esperavam no portão de desembarque, cada equipe entrou em sua mini Van blindada e partiram para o "Malibu Plaza Hotel". Rapidamente chegaram, o hotel ficava apenas há sete quilômetros do aeroporto, numa cidade colada a Salvador, Lauro De Freitas.

Alice colocou seu óculos escuro, e andando na frente do hotel, observou a fachada laranja, aparentemente não tinha muito luxo. Mas ao entrarem no saguão, diferente do que se via por fora, o hotel era bem suntuoso no interior, muitas mesas com cadeiras, plantas ornamentais, poltronas... Os quartos reservados foram apresentados para cada um, Léo ficou com uma suíte Premium, com cozinha americana e sofá cama, além de uma cama de casal, Isabella igualmente. Alice, Dani e Agnes, a assistente da Isabella, dividiram um quarto triplo, Daniel em um executivo simples, e os seguranças foram divididos em dois quartos, em outro ficou os advogados e o analista.

Se aproximava do horário do almoço, antes de mais nada desfrutaram do fino restaurante do lugar, onde Léo e Isabella discutiam enquanto comiam, o que fariam durante a tarde.

Alice nem prestava atenção, sabia que esse hotel ficava há 600 metros da praia, tudo o que podia imaginar era seus pés tocando a areia quente, a brisa do mar, a água salgada molhando os pés...

Ela sorriu ao fantasiar a sensação que bem conhecia, pelo menos isso podia a fazer feliz.

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