Marina entrou no quarto da idosa com passos rápidos de modo a não acordar a enferma.
_ Num precisa correr menina.
Disse a velha com voz cansada.
_ Não queria atrapalhar seu descanso.
Disse Marina indo para a cabeceira da cama.
_ Deve correr para arranjar a vida de Teresa e voltar para a sua menina.
Falou a idosa com olhos sábios. Marina sentiu o seu corpo gelar perante a fala da velha.
_ Eu lamentando se lhe trouxe a este passado de desgraça criança.
Disse a mulher caindo em um choro profundo.
Marina olhou para ela assustada.
_ Não me olhe assim criança te trouxe ao passado para mudar a sorte da pobre Teresa.
A menina vivia uma desgraça de vida.
_ Então foi você que me trouxe aqui! Como fez isso?
Perguntou Marina sentada à frente da velha tremendo.
_ Meu povo domina os feitiços antigos passados de pai para filho. Magia antiga como a base das Terras. Você é Teresa em uma nova consciência e personalidade. O seu espírito é o mesmo desde o dia feito pelo criador.
Marina tentava absorver as palavras da velha. Alguns minutos se passaram até que ela compreendeu o evento cósmico que estava vivendo.
_ Eu não podia deixar a pobre sofrer como um cão sem dono nas mãos da megera da Mercedes. O senhor era bom antes da morte da sinhá. Tudo ficou ruim com o tempo.
_ Você sabe o que fez? Como pode estragar a minha vida me arrastando para um tempo diferente!
_ Num se zangue com a pobre Sebastiana menina. No futuro vai me agradecer de poder viver tudo isso.
_ Você está doida de pensa que um dia irei agradecer por perder tudo em minha vida.
_ Você não perdeu nada. Se conseguir mudar a sorte de Teresa voltará no dia que vivia. Sem perder tempo algum.
Marina saltou da cama e marchou até a janela fechada.
_ Sinhá não precisa ter raiva dessa velha.
_ Se fez esse feitiço, consegue reverter.
Falou Marina segurando a madeira da janela com força.
_ Não posso.
Disse a velha com voz fraca.
_ Como não?
Falou a jovem furiosa.
_ Já dei o que tinha de mais precioso para concluir o feitiço.
_ O que deu?
_ O meu tempo de vida.
Disse a velha a garota num suspiro.
Sebastiana começou a tossir até perder o ar, desesperada Marina correu para o corredor pedindo que chamassem Ramon.
Ramon ensinava Pedro a manusear os instrumentos cirúrgicos de modo a ter o rapaz atuando como o seu auxiliar quando Tião entrou esbaforido pela porta.
_ Senhor acuda a sinhá. A velha Sebastiana está morrendo.
Ramon preocupado pegou a mala com seus instrumentos, seguido de Pedro. Na rua estava uma carroça à espera deles e Tião angustiado guiava os animais que puxava o veículo a toda velocidade.
Chegaram à fazenda e Ramon encontrou Marina sentada ao lado da velha moribunda com olhar perdido.
Marchou até ela tocando o seu ombro a tirando do estado de apatia.
Marina levantou da cama e correu para fora, deixando o médico com a enferma. Correu para o seu quarto e sentou na cama pensando em uma maneira de voltar para sua vida.
Sentiu a dor de estar longe de todos que ama e a indignação de estar vivendo algo fora da ordem natural e contra a sua escolha. Como alguém conseguia quebrar o espaço e tempo? O que havia feito para receber tamanho castigo?
Estava com a cabeça a queimar de tanto pensar na situação irreal que vivia. Lágrimas de frustração desciam por sua face já que não podia mudar a situação com suas mãos.
O que posso fazer?
Perguntou para si mesma.
Cansada, olhou no grande espelho que Afonso havia lhe dado. Observou a aparência angelical de Teresa. A beleza da garota era extrema com seus grandes olhos verdes e boca carnuda e nariz arrebitado, pele de porcelana em contraste com os cabelos negros.
Batidas leves chamaram sua atenção.
Sinhá?
Falou filo uma das mucamas que trabalhavam na casa grande.
O que foi Filó?
Disse ela saltando da cama e correndo para a porta de madeira, abrindo a mesma encontrando o rosto da jovem assustada.
Sinhá o Dr a chama.
Marina passou pela moça e foi em direção a sala onde estava Afonso e Ramon.
Afonso olhou para filha cansado e falou:
Estava chorando?
Perguntou ele a jovem que o fitou com olhos vazios.
Estou Somente cansada.
Mentiu ela.
Como está Sebastiana?
Perguntou ela ao médico.
Não a bases na medicina para doença dela. Estou confuso e frustrado.
Senhor é feitiço.
Disse Pedro que se mantinha calado no fundo da sala com Tião que observava a cena, assutado.
Que loucura é essa, negro?
Perguntou Afonso.
Pedro se encolheu frente agressividade do homem.
Meu pai!
Disse Marina com olhar duro.
Perdoe, minha filha sabe que tudo é muito novo para mim.
Disse Afonso olhando para jovem.
Marina marchou até Pedro segurou a sua mão boa e o guiou para o sofá.
Pedro, por favor diga o que sabe.
O moço olhou para Ramon esperando a seu aval que foi lhe dado com um aceno de cabeça.
sinhá não, não posso dizer o que ela fez ao certo, mas sei que a mulher mexeu com forças antigas do meu povo.
Você já viu isso antes?
Perguntou Marina com o coração cheio de esperança de quebrar o sortilégio que a trouxe para aquele passado remoto.
Em minha terra existem alguns homens capazes de voltar a criaturas tão antigas como o mundo e fazer com elas acordos lhe dando algo que elas querem em troca.
_ um acordo feito não pode ser quebrado.
Disse o homem com tristeza já que sabia que ao findar da noite Sebastiana não faria mais parte do mundo dos vivos.
Marina respirou fundo assimilando a fala do homem e com o olhar triste compreendeu que passaria dias ou meses presas em um corpo que não lhe pertencia devido ao sortilégio feito por Sebastiana.
As lágrimas converteram de seu rosto e a dor tomou conta de seu peito já que sabia que estava presa por um tempo indeterminado a vida de outra pessoa.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 80
Comments