Na manhã seguinte desci as escadas indo para a sala de estudo encontrando meu preceptor a empacotar as coisas com olhar duro.
_ Meu trabalho está terminado.
Disse ele marchando até mim passando os dedos em meu rosto belo e pálido.
Me afastei dele já que sentia nojo, o homem sorriu triste.
_ Você nunca entendeu as lições que lhe dei nesta área.
Disse ele tristemente.
_ Você saberá agradar um homem na cama e não agirá como uma garota patética entre os lençóis.
Revi em minha mente enojada o homem a me tocar com suas mãos velhas me fazendo o tocar para lhe dar prazer.
Sentia nojo dele que justificava suas ações como lições de intimidade. Agradecia nunca ter consumado os atos de intimidade devido a manter minha pureza.
_ Você será entregue a um garoto mimado e imbecil, de uma nobreza decadente. Preste atenção na última lição que irei lhe dar. Nunca permita que ele a toque antes do casamento. Não permita que ele tenha conhecimento pleno de sua inteligência, uma mulher inteligente é alvo de disciplina dura, seja submissa demonstre sua inteligência com sabedoria. Nunca escancare a burrice do rapaz.
Fitei o velho homem calada.
_ Boa sorte pequena.
Disse ele dando as costas para mim que sentei no piano tocando uma belíssima melodia que encheu a sala.
_ Você toca perfeitamente.
Disse meu pai ao fundo.
O ignorei e em silêncio continuei a tocar a peça ao final.
Mercedes entrou na sala e olhando pai e filha sentiu raiva e inveja da garota.
Fitou a moça cheia de medo, apesar de todas as maldades que havia feito a ela a mesma florescia como uma flor exótica. Seus olhos verdes eram duas pedras preciosas geladas, sua boca naturalmente rosada era cheia e convidativa. Os cabelos negros caiam pelas suas costas em cachos gloriosos e o seu corpo magro era cheio de curvas bem modeladas.
Irritada trazia nas mãos o baú de madrepérola com as jóias de minha mãe.
Meu pai pegou o baú em suas mãos e me entregou.
_ Hoje terá que impressionar o filho de Lisboa. Não falhe nesta ação já que foi preparada por toda sua vida para esse momento.
Olhei para o homem frio sem emoção, apenas me via como moeda de troca.
_Suba e se arrume para a noite.
Fiz conforme as ordens do meu pai sem qualquer vontade, passei pelo ritual de preparação, sendo esfregada por minutos pelas servas. Banhada com óleos perfumados. Por horas fui penteada e vestida com um vestido verde da cor de meus olhos que deixava o meu busto à mostra. Os cabelos negros caiam em uma cascata de cachos negros até as minhas costas. Ostentei uma gargantilha de ouro branco com esmeraldas delicadas salpicadas de pequenos diamantes. As luvas de cetim cobriam minhas mãos calejadas e doloridas.
Batidas suaves ecoaram pela porta.
_ Está na hora menina.
Disse Sebastiana observando a minha figura deslumbrante.
Capítulo 3 - Encontro.
O português Lisboa chegou as 18:00 horas em ponto.
O homem crítico observou a limpeza esmerada do luxoso casarão. Constatou que o senhor de escravos tinha uma boa condição financeira e bons recursos a sua disposição.
O anfitrião o guiou para sala de música apresentando a esposa aos recém-chegados. Lisboa fitou a dona da casa com desagrado já que além de feia, demonstrava falta de refinamento e graça. Aguardava para ver a filha, esperava que a moça não fosse como a senhora a sua frente.
_ Minha filha é fruto de meu primeiro casamento. Sendo uma flor de menina.
Disse o anfitrião percebendo o desagrado do comerciante com a sua esposa.
O homem fitou o grande piano e perguntou entusiasmado:
_ Quem toca essa máquina maravilhosa.
_ Eu senhor.
Disse a dona da casa, para o desagrado do marido.
Alguns minutos se passaram e todos estavam sala ouvindo a música tocada com enfado. Ao lado do rico comerciante estava um jovem de cerca de 28 anos de olhos azuis-claros e cabelos castanhos. Desci as escadas sobre o olhar atento do rapaz que me fitava com atenção.
_ Seja bem-vinda a nossa reunião.
Disse o meu pai indo ao meu encontro segurando a minha mão, me levando para o centro da sala ao lado dos demais.
Realizei uma reverência e sorri.
Joaquim ficou encantado com o meu sorriso, não notando que ele não chegava aos meus olhos.
_ Toque para nós minha filha.
Disse o meu pai, de modo a impressionar o velho Lisboa.
Sentei a frente do piano e toquei a música ensaiada até à exaustão pelo preceptor.
Lisboa sorria, pois sua futura nora deveria ter dotes únicos a serem apresentados ao rei e a corte.
_ Sabe cantar?
Perguntou Joaquim emocionado.
A jovem o olhou e sorriu graciosa e falou:
_ Sim, meu senhor.
_ Cante para nós.
Pediu o velho português.
_ O que gostaria de ouvir, meu senhor?
Pergunteu em voz melodiosa.
_ Uma canção de minha terra.
Pediu ao homem com saudades de Portugal.
A voz melodiosa da garota ecoou por todo casarão sendo ouvida na rua. Os versos contavam a história de uma garota que havia perdido o noivo para o mar e o esperava todas as noites à sua volta.
Os convidados estavam com os olhos cheios de lágrimas devido à emoção empregada na execução da canção.
Joaquim estava encantado com a beleza da garota e seus dotes musicais.
A madrasta a fitava irritada com inveja dos dotes da garota, chegava sentir dor em seu corpo ao observar os olhares de admiração de todos para a figura jovial da menina.
_ O jantar está à mesa.
Disse a governanta ao casal de anfitriões que sentaram na mesa posta com delicadeza e sofisticação.
Lisboa, horrorizado, percebia que os modos na mesa eram rudimentares dos pais da jovem. Já Teresa comia de maneira delicada atenta a conversa do rico comerciante com o seu pai.
_ Concorda que a abertura dos portos causaram danos a cidade do Porto?
Perguntou o homem preocupado com as aberturas do porto do Rio de Janeiro para o comércio com a Inglaterra.
_ Concordo contigo, meu amigo.
Disse o anfitrião bajulando o convidado.
_ Penso, ao contrário de ambos, a chegada da corte ao Rio trará progresso ao nosso amado, Brasil. E você Tereza, o que pó pensa sobre isso?
Perguntou o jovem a garota que molhou os lábios com o vinho e sorrindo falou:
_ As aberturas dos portos trarão riquezas e progresso ao povo de nossa terra, prejudicando os comerciantes de Portugal. Cabe a nós, buscarmos aproveitarmos esse momento para estabelecer bases sólidas de nossos negócios para que a volta da família real a Portugal em breve não nos impacte.
O homem surpreso fitou a garota refletindo sobre suas palavras.
_ Não é que a rapariga tem razão.
Disse ele alegre por ver que a menina entendia de negócios.
Joaquim estava extasiado com a inteligência da jovem.
Ao longo do jantar, Teresa demonstrou sabedoria e traquejo social, demonstrando refinada educação. Joaquim a convidou para dar uma volta no jardim a frente dos pais de ambos.
A jovem dissimulou alegria com o pedido descendo as escadas ao lado do rapaz.
_ És muito bela.
Disse ele a fitando.
Ela nada disse marchando para uma roseira tocando uma rosa com as pontas dos dedos.
_ O que espera do casamento?
Perguntou ele à garota que acariciava a rosa com as pontas dos dedos.
Sorrindo como havia sido instruída por seu professor, passou por ele e soprou em seu ouvido em voz melodiosa
_ Amar e ser amada.
O coração do rapaz romântico foi a pico com a declaração da jovem.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 80
Comments