Marina bebia com prazer o café quente sentada na cozinha com as mucamas que sorriam. Após a saída de Mercedes a vida na fazenda mudou do fel para o mel, a sinhá era boa para todos os negros. Havia mudado a rotina deles para melhor. A senzala foi desmanchada e os negros viviam em casas espalhadas pela propriedade felizes.
Não havia mais castigos, os trabalhos nas lavouras de cana-de-açúcar foram modificados pela sinhá com suas ideias novas sobre irrigação e plantio.
A vida era boa e a garota tratava todos com muito carinho e amizade. Afonso estava encantado com a flor que sua filha era. O remorso corroía sua alma por todos os anos de abandono que havia delegado a menina.
Era um prazer desfrutar da vida ao lado dela. A cada dia ela estava mais parecida com sua falecida esposa.
Tudo era alegria naquela fazenda no Rio de Janeiro. Tudo ia bem até que Lisboa pós os olhos na jovem que foi à missa com o pai.
O homem a muito procurava uma noiva para o seu filho que se encaixasse nos seus altos padrões.
O velho observou a interação da jovem com o pai após a missa e a sua bondade em lidar com os pobres que mendigavam a porta da igreja.
Decido marchou até Afonso que fitou o comerciante com desagrado, no passado tentou de tudo para unir sua filha com o filho dele. Hoje não pensava em casar a jovem tão cedo.
_ Bom dia, Afonso. Bela manhã para tu menina.
A jovem fez uma pequena reverência presa aos braços do pai.
_ O que busca por essas bandas meu amigo?
Disse Afonso sorrindo.
_ Uma noiva para meu Joaquim. Quem sabe não encontrei nesta bela jovem.
Disse o comerciante com os olhos a brilhar.
A menção ao nome do rapaz trouxe ao peito de Marina grande desconforto. Lembrou da narrativa do livro lido, a mesma somente lhe forneceu dados superficiais da vida de Teresa, estando longe da dura realidade que a jovem viveu.
_ Meu pai, se me permite dar minha opinião, não gostaria de me casar tão cedo.
Disse ela que para o seu alívio viu nos olhos do pai o mesmo sentimento.
_ Meu amigo, concordo com minha filha. Ainda é cedo para pensar em casamento.
Falou Afonso tocando na mão da filha que sorriu para o pai alegre.
_ Compreendo meu amigo. Mas não me negue o prazer de jantar contigo hoje a noite.
Para o desgosto de Afonso foi obrigado a aceitar o convite e as 18:00 horas pai e filho chegaram a casa do fazendeiro.
_ Sejam bem-vindos a minha casa.
Falou Afonso sem entusiasmo.
_ É um prazer estar com vocês.
Disse o homem entregando o chapéu ao anfitrião.
_ Venham lavar as mãos.
Disse Afonso guiando o homem e o filho até a tigela com água perfumada. Ambos os homens seguiram o dono da casa a sala de música onde Marina executava uma música ao piano.
Assim que terminou viu o entusiasmo nos olhos de Joaquim que a fitava com alegria e encanto.
O seu rosto era belo emoldurado com olhos azuis.
_ Sabe cantar?
Perguntou ele a jovem que assentiu com a cabeça e cantou uma música triste sobre um homem ciumento que tira a vida da noiva por ciúmes.
Joaquim sentiu que a música era para ele como acusações veladas.
_ Bravo, minha jovem.
Disse Lisboa batendo palma.
_ Sinhá o jantar está pronto.
Disse a mucama a Marina que levantou do banco e foi até a mulher depositando um beijo em sua bochecha.
_ Obrigada Maria pelo carinho e dedicação, lhe sou muito grata querida.
A mulher negra sorriu alegre pelo reconhecimento da jovem pelo trabalho árduo na cozinha.
Lisboa, assustado com atitude da jovem, fitou o filho que estava maravilhado pelo tratamento dado pela jovem a mucama da casa.
Seguiram para sala de jantar e desfrutaram de alimentos simples feitos com muito esmero.
Lisboa torceu o nariz para os pratos simples. Afonso comia tranquilo ao lado da filha.
_ Meu amigo, vi que ao longo de sua fazenda tem várias casas de escravos. Esse fato me surpreendeu, criou um jeito de lidar com essa gente?
Afonso o fitou com olhos duros.
_ Senhor Lisboa foi sugestão minha que meu pai acatou.
_ O que uma rapariga sabe de negócios?
Disse ele irritado.
_ Quantas fugas tem em sua fazenda por mês?
Perguntou ela ao homem que o fitou sério.
_ Duas a três.
Quantos escravos perde em disciplina?
Perguntou ela novamente.
_ Três ou dois?
_ Agora sabe quantas fugas tivemos depois da implantação da sugestão de minha filha?
Perguntou Afonso ao convidado.
_ Uma ou duas.
_ Errou senhor. Nenhuma.
O comerciante olhou para eles espantado.
_ Cada escravo tem sua casa e seu pedacinho de terra para cultivar e seus animais. Eles trabalham na fazenda e depois que cumprem suas obrigações cuidam de seus próprios interesses. Se dedicando a suas hortas e cuidados com seus animais. Com esse modo de tratar os escravos não tem fugas e gastos com reposição. Já que eles têm uma vida tranquila, se dedicam ao trabalho nos engenhos e nos cuidados de suas plantações.
O homem ficou com a boca aberta da forma inteligente que a garota havia resolvido os problemas das fugas.
_ Como lidam com a disciplina?
Perguntou ele curioso.
_ Não há troncos ou necessidade para tal, já que acordamos com nossos escravos alguns combinados, como moradias próprias, horas de trabalho justas e distribuição de alimentos a todos. Além de não vendermos nenhum deles, é permitir aos mais velho trabalhos leves e tranquilidade em seus últimos dias.
_ Eles vivem como homens livres.
Disse Joaquim encantado.
_ Sim. São livres para vender os produtos de suas plantações e seus animais sem precisar prestar contas a nós. É um acordo no qual todos recebem pelo trabalho árduo nas plantações. Eles optaram por receber animais como pagamento.
_ Que método de gestão desse povo inovador. Ouvi dizer que caro amigo, que se tornou o maior exportador de açúcar do Rio.
_ Sim, graças a visão de minha filha e seus métodos de plantio e de irrigação.
_ Até nisso opinou?
Perguntou o homem assustado.
_ Ela trouxe ideias ótimas, posta em prática. Tornando às terras bem mais frutíferas.
O português olhou para garota com admiração.
Joaquim estava encantado com a figura da jovem delicada.
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Atualizado até capítulo 80
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