Marina chegou tarde da noite em sua casa, esgotada do trabalho e foi para o banho relaxante na banheira, amava usar os seus sais e florais de alfazema. Por mais que tentasse, sua mente não esquecia a história de Teresa que era viva em cada detalhe e som. Sentia as emoções da protagonista do livro na própria pele e a indignação tomava conta de seu ser, já que tinha plena consciência de que todos eram responsáveis por permitir o abuso por parte do outro sem sinalizar o limite permitido. Afundou na banheira suspirando imaginando se a situação fosse com ela tudo seria diferente. Se imaginou esbofeteando a madrasta de Teresa e dando o troco no preceptor da moça, tendo como a cereja do bolo um chute bem-dado no traseiro de Joaquim.
_ Que loucura a minha. Perdendo tempo imaginando uma vingança contra os personagens do livro.
Falou ela para si mesma rindo da tolice daquela atitude.
A água começava a esfriar quando decidiu pular para fora da banheira, correndo para o seu quarto, onde colocou o seu pijama de flanela preferido e foi se deitar em sua cama quentinha.
Ao deitar a cabeça no travesseiro sentiu um volume em baixo tocando o mesmo, encontrando o livro azul surrado. Fitou o livro irritada.
_ Eu não havia lhe deixado na faculdade hoje?
Perguntou para si mesma.
Sem se preocupar, jogou o livro no chão e voltou a se deitar e novamente e o mesmo voltou para sua cama.
Assustada, pegou o livro o jogando longe.
_ Que loucura é essa!
Exclamou a jovem correndo para porta do quarto que estava trancada e antes que pudesse intervir o livro voo em sua direção a sugando para dentro.
_ Que loucura é essa!
Exclamou ela assustada em meio a escuridão.
_ Em sua arrogância julgou conseguir viver diferente que Teresa?
Disse uma voz feminina na escuridão melodiosa.
Marina fechou os punhos contra o corpo e com voz dura falou:
_ Jamais permitiria viver o que ela viveu!
Disse a mulher com raiva.
_ Veremos se é capaz.
Disse a voz em desafio em um clarão, Marina foi levada para um quarto que já conhecia.
Levantou da cama de madeira e foi para o espelho e se viu na imagem de Teresa.
Caiu sentada no banco de madeira frente a penteadeira.
_ Só voltará a sua vida se conseguir mudar a existência de Teresa!
Exclamou a voz em sua cabeça.
Marina se beliscou e olhou para ver se não estava sonhando e percebeu estar vivendo uma experiência única. Fechou os olhos pensando. Se fosse real o que estava vivendo havia rompido a barreira do tempo e espaço, isso tecnicamente só poderia ocorrer com algum experimento de física quântica. Não havia participado de nenhum que se lembrava. A segunda causa poderia ser magia. Coisa que não acreditava existir. Mas como explicar aquele fenômeno que vivia. Tocou a cabeça analisando cada uma das opções que a teria levado aquela situação e cada uma delas parecia mais louca que a outra, a única certeza que tinha era de que só voltaria para seu tempo e própria vida se mudasse a sorte de Teresa.
Respirou fundo sentindo a fraqueza em seu corpo por falta de boa alimentação.
Decidida, desceu as escadas e foi para cozinha encontrando os olhares assustados das serviçais.
Serviu um grande pedaço de bolo de chocolate, café com leite e pães fresco.
Comia com prazer quando a porta da cozinha foi aberta com violência e uma mulher gorda com olhos esbugalhados vestida de preto entrou pela porta.
_ O que está fazendo garota estúpida?
Disse a mulher marchando em sua direção segurando o seu braço.
Marina fitou os olhos da megera que era pura maldade e sem se importar puxou o seu braço o soltando da mão dela.
_ Não está vendo criatura, estou comendo.
Disse ela com sarcasmo.
_ Sua abusada
Disse a mulher puxando os seus cabelos com força.
O ódio queimou em Marina, que se levantou e antes que a mulher pudesse tentar qualquer coisa a jogou contra a parede, lhe acertando uma joelhada no estômago e um soco no rosto.
A mulher caiu ao chão aos seus pés com a boca a sangrar.
Marina a pegou pelo pescoço e seus olhos verdes queimavam de ódio.
_ Escute bem, sua desgraçada. Nunca mais ouse colocar essas mãos imundas em mim. O que lhe fiz agora é somente a amostra do que tenho para lhe dar.
Disse a garota jogando a mulher novamente no chão.
A madrasta a fitou em pânico. Desesperada, olhava para a garota que era a mesma por fora, mas trazia um brilho diferente no olhar. Como se houvesse mudado sua personalidade.
Marina sentou novamente no banco e voltou a comer com tranquilidade.
A madrasta correu escada acima para o seu quarto.
Marina voltou para o seu aposento abrindo o seu guarda-roupa, encontrando o mesmo repleto de vestidos surrados.
Por sua mente passou uma sequência de cenas de sua madrasta recolhendo seus vestidos e joias.
Marchou até o aposento da megera abrindo a porta com um pontapé, encontrando a mulher assustada sentada na cama.
Sem falar nada foi até o guarda-roupa dela encontrando as peças roubadas e com olhar fulminante falou:
_ Devolva minhas joias ou terei que lhe quebrar a cara.
_ O diabo lhe possuiu!
Exclamou a mulher com medo.
Marina riu da tolice dela.
_ Acabou seu abuso, sua megera dos infernos. Nunca mais me fará qualquer mal nesta vida novamente.
_ Quando seu pai voltar, vou contar tudo a ele!
Ameaçou a mulher a jovem.
Marina riu e caminhou até ela e com olhos duros e falou:
_ Conte a ele também suas noites valentes com os escravos em sua ausência.
A mulher pálida fitou a jovem calada.
_ Agora me entregue as joias antes que lhe quebre os dentes.
Mercedes, apavorada, pegou a caixa de madeira com as mãos trêmulas e entregou a ela que sorriu saindo porta afora.
Sebastiana, que correu ao ser informada do rompante da sinhá, observou deliciada a revanche de Teresa contra a megera que governava a casa.
Assim que Marina passou por ela, a mulher constatou que sua barganha havia dado certo e que Teresa teria um destino diferente, mesmo que isso lhe custasse a sua vida.
Marina entrou em seu pequeno quarto torcendo o nariz e jogou as roupas sobre a cama e foi até a janela e fitou o terreiro da casa grande a observar os escravos a trabalhar ao longe na plantação da cana-de-açúcar. Seu peito queimou de ódio pela sorte daquelas pessoas e olhando para o horizonte, falou:
_ Não sei que loucura é essa! Se é real ou fantasia. Mais pode jogar tudo que tem contra mim, seu livro desgraçado forjarei um novo destino para Teresa.
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Atualizado até capítulo 80
Comments
Souza França
obstinada sem dúvida vc é!👏👏
2024-06-03
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Souza França
,parece que ela fez um ritual!!
2024-06-03
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Souza França
acredito que a razão é: ninguém deve julgar a vida de outrem sem conhecer a realidade da outra pessoa!
2024-06-03
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