Marina assistia à dor do homem com um estranho prazer, revia às cenas em sua mente dos abusos sofridos por Teresa desde a mais tenra infância. Não era questão de uma vingança mesquinha, mas justiça já que a ordem havia se revertido. O predador tornou-se vítima daquela que ele feriu desde sua meninice.
A mente de Marina foi tomada por toda dor da pequena Teresa, que não compreendia o motivo de sofrer nas mãos daquele homem. Reviu cada cena de abuso que Teresa foi vítima nas mãos daquele porco cruel. E de seus olhos verteram lágrimas de raiva. Enxugou as mesmas com as mãos e lembrou que os pedófilos são psicopatas que amam ferir suas vítimas ritualizando suas ações. E sorrindo de maneira diabólica foi até o homem gordo usando das mesmas palavras que ele usava para a pobre Teresa criança. Tocou os ombros do homem com suas mãos delicadas sussurrando em seu ouvido:
_ Dói não é!
O homem ficou em pânico perante as palavras dela, já que sabia o que ela iria fazer, reconhecendo o seu próprio modos operantes.
Marina deu a volta ficando a lateral dele e sem dizer uma palavra bateu com a régua na lateral do corpo do homem.
O homem estava apavorado.
_ Engraçado quando o algoz vira vítima. Sua crueldade vira covardia.
Disse ela a divagar seguindo para janela observando o canteiro limpo pelos escravos.
_ Eu lhe imploro liberte as minhas mãos.
Gritava o homem esperando socorro que não vinha.
_ Acha que alguém irá lhe salvar?
Disse ela acertando a régua em seu rosto.
_Não era isso que dizia quando passava suas mãos imundas em mim.
Disse ela falando em seu ouvido.
_ Onde está sua soberba e crueldade?
Perguntou ela acertando a régua em seu braço, tirando um grito de horror da boca do homem.
A porta foi aberta por seu pai que a fitava horrorizado.
_ O que está fazendo menina?
Perguntou ele indo para libertar o professor.
_ Não o toque!
Exclamou ela ao pai que ficou estático pela autoridade em sua voz. Assustado, Afonso olhou para Teresa, que parecia um anjo vingador dotado de uma autoridade divina.
_ Conte a ele a verdade ou esmagarei suas partes.
Disse ela levantando a régua de madeira.
O homem em pânico confessou os abusos cometidos por ele sobre a figura frágil a sua frente.
O pai a fitava com olhar pasmo.
Não é possível!
Exclamou o pai a fitar a filha. A ira tomou conta de Marina que marchou até Afonso e olhando em seus olhos escuros, falou em um rosnado:
Por anos me abandonou na mão desta besta e ainda dúvida de minha palavra!
Cansada, abriu o vestido revelando o corpo marcado pelos golpes e marcas de chupadas em sua pele pálida.
Afonso, transtornado, fitou a filha com o coração pela primeira vez a se importar com ela.
Os olhos de Marina eram duros e acusadores, conseguindo derreter a barreira de gelo do coração de Afonso, que pela primeira vez tomou atitude de um pai.
Marchou até o homem preso ao piano, o pegando pela camisa, o arrastando para fora, sobre o olhar assustado de todos da casa. Negros e brancos viam o seu senhor alucinado a arrastar o homem que gritava desesperado por misericórdia.
Afonso o levou até o tronco o dominando com facilidade e com voz forte bradou:
Tião traga o meu chicote.
Perdeu senhor!
Gritava o perceptor alucinado, sabia que receberia dura disciplina que o fez urinar nas calças perante os golpes certeiros executados pelo senhor em suas costas e pernas.
Os negros fitaram a cena assustados e o senhor a surrar o homem branco até a morte, solicitando que o corpo fosse enterrado na mata em uma cova sem marca.
Marina observou a cena sem emoção da sacada.
Os negros conversavam entre si, tentando entender o que o homem havia feito para merecer aquele fim.
_ Onde está Mercedes?
Gritou ele a Sebastiana que não sabia onde a mulher estava.
_ Venha.
Ordenou ele para filha lavando as mãos na tigela marchando para o seu escritório.
_ Por que não me contou?
Disse ele a fitando pela primeira vez nos olhos. Marina sustentou o olhar corajoso intimidando o homem.
_ Não faria diferença já que nunca se importou comigo.
Disse ela dando de ombros.
_ Não é verdade.
Disse ele irritado tentando amortecer a consciência culpada.
_ Nunca me amou ou amará. Me culpa pela morte precoce de minha mãe. Me responsabilizou por sua perda, sendo que a forçou a várias gravidezes que não se concretizou por sua enfermidade dos pulmões. Foi um milagre meu nascimento.
Disse ela sentindo a dor da rejeição em sua alma.
Afonso, pálido, se viu pela primeira vez confrontado em suas falhas.
_ Me culpa por nascer mulher e ser a imagem viva de minha mãe.
A garota o fitou nos olhos e constatou o remorso que tomava conta de sua alma.
_ Foi cruel e mesquinho, me entregando a mão de pessoas maldosas. Sabia das minhas dores e não fez nada para impedir, pois me punia pela morte de minha mãe. És um péssimo pai e marido já que prometeu me amar e cuidar no leito de morte de minha mãe.
Afonso respirava com dificuldade perante o peso da fala da jovem.
_Apesar de sua maldade e omissão, és meu pai.
Disse ela jogando as cartas de amor de sua madrasta sobre a pesada mesa de madeira.
_ O que é isso?
Perguntou ele assustado em um sussurro.
_ Leia e saberá.
Disse ela saindo da sala subindo as escadas para o seu quarto chorando amargamente a dor do abandono.
As horas foram passando e esgotada de tanto chorar caiu um sono profundo acordando com toques suaves em seus cabelos.
Levantou a cabeça e viu pela primeira vez nos olhos do pai afeto para com ela.
_ Perdão, minha filha!
Disse o homem tomado pelo remorso ao tomar conhecimento de todo sofrimento passado por ela nas mãos do preceptor e da madrasta.
Marina, tomada pela emoção, se jogou nos braços do pai e ambos choraram. Sobre o olhar emocionado de Sebastiana que sentia ter feito a coisa certa ao intervir na vida de Teresa
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Atualizado até capítulo 80
Comments
Souza França
Eu mandaria um negão comer ele!!!!🤤😛😜😝
2024-06-03
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