O jantar corria tranquilo até que uma chuva forte caiu sobre a região. Raios iluminavam o céu e trovões vibraram nas paredes da casa. A água despenca das com força deixando a noite sombria com os ventos fortes da tormenta. Marina sabia que aqueles homens seriam hóspedes da casa, deixando a mesma no raiar do dia. Estava calculando o que precisaria para organizar os quartos.
Batidas na porta da frente eram audíveis, Afonso levantou da mesa e com passos rápidos foi até ela abrindo-a encontrando o rosto de Tião preocupado. O coração do senhor de escravos se encheu de preocupação, temendo o soterramento do rebanho de gado que se escondia nas barrancas em caso de chuva.
_ O que aconteceu Tião?
Perguntou ele aflito puxando o homem encharcado para dentro da casa sem se importar com o piso, que era tomado pela água que escorria dele.
_ Desculpa, Senhor, é que o rio transbordou tampando a estrada, eu fiquei com medo que seus convidados tentassem atravessar o mesmo a cavalo e perecer. Já que as águas estão descendo com força em grande volume.
Lisboa ouviu aquilo espantado com a lealdade do escravo ao seu senhor fitando o negro molhado.
_ Fez muito bem Tião!
Exclamou Afonso ao seu servo tocando em seu ombro com as mãos.
Marina olhou o homem molhado e correu até ao escravo e o fitou preocupada.
_ Como estão as pessoas perto do rio?
Perguntou ela angustiada com a segurança das famílias de escravos que viviam em casas de barro e madeira. A jovem aflita segurou a mão calejada do homem.
_Sinhá, graças a Deus a senhora pediu para destruirmos aquelas casas à beira do rio, todas as construções foram inundadas. Que Deus abençoe a sua sabedoria sinhazinha para que nunca aconteça desgraça nessa fazenda.
Marina sorriu para o homem aliviada correndo para cozinha de modo a demonstrar apreço por sua lealdade, preparou uma cesta cheia de doces e guloseimas, a trazendo pendurada nos braços entregando a ele.
_Não precisa sinhá.
Falou o homem envergonhado ao receber um presente da mão da garota. Abaixando a cabeça para esconder as lágrimas que vertiam de seus olhos.
_ Claro que precisa, meu amigo leve esses doces a Catarina e a Zeca, sei que ambas gostam muito disso e que isso as fará se distrair da tormenta que castiga nossa fazenda.
O homem ficou com os olhos cheio de lágrimas novamente, pois a sua sinhá havia lembrado de suas filhas pequenas com carinho.
_ vou me embora senhor, pois as minhas meninas têm medo de chuva, preciso está com elas. Não quero deixá-las sozinhas por muito tempo.
Disse o homem preocupado com a esposa e com as filhas.
_ Vá meu amigo e obrigada por sua lealdade.
Disse Marina segurando suas mãos sorrindo ou escravo emocionado saiu porta fora em meio à chuva.
Lisboa observava a cena, espantado e, em simultâneo, admirado com a gestão da jovem do povo escravizado, sorriu, pois aquela garota seria a noiva perfeita ao seu filho.
_ouviram Tião a estrada está inundada, então terão que pousar aqui.
_Não se preocupe, meu pai, organizo o quarto para que eles possam ficar bem acomodados.
Disse Marina segurando suas saias longas do vestido correndo para os quarto de hóspede, organizando tudo para receber os dois homens.
Joaquim observava aquela joia de mulher com os olhos a brilhar, estava encantado com sua vontade e com a sua dedicação ao lar.
Lisboa, vendo os olhares lançados pelo rapaz, a moça ficou Afonso e falou:
_ Vejo que meu filho está encantado com a jovem dama.
Afonso olhou para o comerciante e com voz fria falou:
_ Teresa é jovem demais para se casar.
_ Jovem? A rapariga já passou da idade.
Falou Lisboa irritado.
_ Meu pai prometeu que teria o direito de escolher meu marido. E agora não estou interessada em me casar.
Disse Marina fria.
Alfonso sorriu, pois sua pequena leoa deixava claro sua posição ao português.
Os olhos de Joaquim ficaram tristes com a fala da garota que os guiou até o quarto de hóspede.
A noite passou sobre forte chuva e Joaquim não conseguia pregar os olhos ao pensar na jovem.
_ Acalme seu coração, meu filho. Conseguirei o contrato de casamento com Afonso em breve.
Joaquim respirou aliviado e sorriu.
_ Sem que não irá me decepcionar meu pai!
Exclamou o jovem acostumado a ter todos os seus desejos atendidos.
Amanheceu com um sol deixando o ambiente abafado. Joaquim observava a jovem vestida de maneira simples, com desgosto e desagrado. Marina não se importava com os olhares do homem. Serviu o seu pai e os convidados voltando para a lida da cozinha com as mucamas que se alegravam com o pequeno passarinho que cantava para alegrar o dia delas.
Afonso, irritado com os olhares de desagrado de Joaquim, o fitou e falou:
_ O que tanto lhe desagrada em minha filha?
O jovem desconcertado fitou o anfitrião.
_ E que não é natural uma jovem ter tanta liberdade quanto Tereza.
Disse Lisboa tentando tirar o filho da situação.
_ Lisboa eu o tenho em alta conta. Mas não permito que tente dar palpites na educação de minha filha. Aliás, a estrada já está liberada e ambos podem seguir caminho tranquilos.
Lisboa, constatando haver cruzado o limite de Afonso, falou:
_ Não me entenda mal, meu amigo. E que Teresa se casará um dia e se o seu marido não for acostumado com seus costumes poderá usar de força para a disciplinar. Por isso seria positivo para ela ter um marido que conheça seus modos. Por isso proponho o casamento de nossos filhos.
Afonso irado levantou da cadeira e fitando o homem e seu filho falou:
_ Fiz uma promessa a Teresa de que ela só se casará com o homem que escolher. Não permitirei suas manipulações, entendeu.
Marina ouviu parte da conversa e entendeu que o homem queria seguir o roteiro horrendo do livro.
O seu coração ficou pequeno ao fitar Joaquim. Tinha pavor dele sentir dor no peito no local em que ele enfiou o punhal.
Decidida, daria a Teresa uma nova vida, uma história feliz. Marchou até o pai tocando o seu ombro e sorrindo falou:
_ Chegou a hora de partir meus amigos.
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Atualizado até capítulo 80
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