Capítulo 16 - Mudança de vida.

Como prometido, Joaquim foi tirado da cama antes do sol raiar no canto do galo. Encontrou o pai na mesa do café com o rosto amargurado pela atitude que havia tomado, já que lhe cortava a alma agir de maneira dura com o filho muito amado.

Tomaram o café em silêncio e como combinado partiram ao raiar do sol estrada afora rumo ao porto e o barracão, chegando a construção de madeira encontraram a mesma trancada e os homens a vigia, já que uma grande safra de escravos estava pronta para venda. O cheiro de excremento humano tomou o ambiente assim que abriram a porta, pessoas foram tiradas de lá e amarradas a poste de madeira postas à venda, já que aquele dia era o dia do leilão dos novos escravos, e o movimento dos senhores de escravos era grande naquele dia.

Assim que o sino tocou as 11 badaladas, os comerciantes de escravos colocaram seus exemplares à mostra, Lisboa hábil em negociar conseguiu vender aquela safra por um preço acima da média, lucrando grandemente com a venda dos seres humanos.

Joaquim observava o pai com admiração já que ele nunca o havia levado ao trabalho, sendo aquela sua primeira experiência no trato com aquele povo trazido da Costa do Marfim. Após a venda dos escravos foram para a fazenda a uma hora de distância da capital, lá foram entregues os escravos que não foram vendidos para o pesado trabalho na plantação e moagem da cana-de-açúcar.

Passaram o dia a observar o trabalho dos escravos na plantação da cana-de-açúcar e na moenda e produção, para surpresa de ambos, por mais que forçasse os negros ao trabalho pesado, não conseguiam atingir os números de produção de Afonso. Por mais que tentasse não conseguia alcançar a produtividade do homem já que ele usava técnicas modernas de plantio que eram desconhecidas a maioria dos produtores do ouro branco, cansado observava as pessoas indo e vindo e os escravos a trabalhar de maneira pesada.

No meio da tarde foram chamados, pois um escravo havia preso a mão em uma roda de moenda e desesperados para não perder o investimento do negro jovem, mandaram chamar Ramon que correu para atender o homem ferido, assim que chegou ao local viu a situação deplorável do rapaz e com olhar triste soube que teria que amputar o membro destruído pela engrenagem e assim foi feito.

Ramon, cansado e irritado, foi até o tio lhe deu a notícia da perda da mão do rapaz.

_ Até quando usará as pessoas como animais?

Perguntou o Ramon irritado já que estava cansado de ver a desigualdade entre negros e brancos.

_ Não, não acredito que pensas em igualdade entre negros e brancos!

Exclamou Lisboa apavorado com a ideia de que seu adorado sobrinho fosse a favor da libertação dos escravos.

Ramon olhou para o tio e percebeu que a mente do homem era tomada pelo preconceito amplamente difundido pela ignorância da igreja, que justificava a exploração do continente africano pela maldição feita por Noé ao seu neto cão.

Ramon percebeu que não adiantava dialogar com o tio já que ele não conseguia conceber o outro modo de vida, então decidido a modificar a sorte dos escravos olhou para o tio e falou:

_ Estive nas terras de Afonso e observei várias das técnicas utilizadas por ele no manejo com o povo negro e no trato da lavoura, poderíamos colocá-las em prática aqui aumentando assim a produtividade e diminuindo a perda de mão de obra.

Aquilo agradou os ouvidos de Lisboa que é muito ansiava ter domínio sobre as técnicas usadas pelo rival no comércio do ouro branco.

_ se me permitir as colocarei em prática imediatamente assim evitando novos acidentes.

_Vá e faça como viu na fazenda de Afonso.

Ramon sobre o olhar desagradável de Joaquim fez conforme observou na fazenda de Teresa e chamou o povo sofrido ao terreiro e começou a dar as boas novas e assim foi feito naquela semana a senzala foi destruída, e pequenas casas foram construídas ao longo da propriedade. Animais foram dados aos negros como forma de pagamento por seus trabalhos, os turnos de trabalhos pesados na moenda e manejo do caldo escaldante foram diminuídos, permitindo assim que homens descansados e atentos executasse a tarefa, evitando assim os acidentes fatais e perdas de membros.

Joaquim observava a ação do primo com inveja e tomou a decisão de modificar o seu proceder e para tal buscou observar atentamente as atitudes do primo com os escravizados e percebeu que ele tratava aquele povo como iguais, falando como eles, demonstrando simpatia as suas vidas miseráveis.

Ramon pediu ao tio a posse do escravo ferido o levando consigo para a cidade, o homem cabisbaixo andava ao lado de Ramon que estava montado em um cavalo assim que deixaram a propriedade Ramon pulou da besta e começou a caminhar ao lado do homem.

_ sei que já sofreu muito na vida, vou pedir a meu tio para lhe poupar da humilhação e do sofrimento de hoje em diante, considere-se um homem livre, viverás comigo até que aprendas a novos ofícios e a usar o topo de mão que lhe sobrou, após isso terá liberdade de ir e vir e de falar livremente comigo, não me veja como seu dono ou como seu senhor, mas como um amigo e protetor.

Falou Ramon ao jovem que o fitou assustado.

_então é verdade o que dizem sobre o senhor.

Falou Rapaz com um sorriso triste.

_eu não sei o que dizem a meu respeito, eu sei o modo como penso. Não vejo diferença entre nós pela cor da sua pele, o vejo como um homem igualmente dotado de capacidades e de sentimentos, lamento grandemente o modo como a sociedade os tratam, gostaria de poder mudar a sorte de seu povo, infelizmente não posso. O que está ao meu alcance, faço como cuidar das pessoas e tentar transformar a vida de todos para melhor.

_dizem que o senhor é um bom homem e que trata todos com carinho e respeito e vejo que eles dizem a verdade já que me tratou até agora como igual.

_ Qual é o seu nome?

Perguntou Ramon a ele.

_33.

Falou o homem com tristeza a abaixando a cabeça.

_meu tio chamava de 33?

Perguntou Ramon assustado ao perceber a crueldade feita ao homem pelo antigo Senhor.

_Sim, desde muito pequeno ouvia ele me chamar assim e até os meus companheiros, irmãos, me chamavam dessa forma.

Ramon indignado pensou na crueldade imposta aquelas pessoas que lhe era até negado o direito ao nome e a identidade e tocando o ombro do homem triste à sua frente falou:

_ Isso acabou meu amigo, escolha o nome que quer ser chamado e a partir de hoje terá ele como seu.

Emocionado, o rapaz fitou o homem bondoso, que esperava ansiosamente pelo nome que ele escolheria.

O rapaz pensou em vários nomes, mas um tocou o seu coração e com o olhar cheio de esperança falou:

_ Pedro, senhor, este é meu nome.

Falou com os olhos para verter lágrimas já que pela primeira vez teria o nome seu.

_ Pedro de hoje em diante meu amigo, estará ao meu lado para aprender um novo ofício que lhe possa sustentar, serei teu amigo e protetor e não tema que jamais levantarão a mão contra ti novamente ou será obrigado a trabalhar de forma árdua.

Pedro olhou aquele homem bom e ambos foram caminhando pela estrada conversando como se fossem amigos de longa data.

Capítulos
1 Capítulo 1 - Forja do destino
2 Capítulo 2- Despedidas
3 Capítulo 3 - Luxúria x amor
4 Capítulo 4 - Se fosse comigo seria diferente!
5 Capítulo 5 - Não desafie o destino.
6 Capítulo 6 - Hipocrisia e maldade
7 Capítulo 7 - Quem com ferro fere será ferido.
8 Capítulo 8 - Reparos
9 Capítulo 9 - Alvorecer de uma vida.
10 Capítulo 10 - Proposta de casamento
11 Capítulo 11 - inveja e maldade.
12 Capítulo 12 - Obstinação de um coração.
13 Capítulo 13 - Imaturidade e inveja
14 Capítulo 14 - Amor de pai.
15 Capítulo 15 - Erros de pai.
16 Capítulo 16 - Mudança de vida.
17 Capítulo 17 - O primeiro dia de Pedro.
18 Capítulo 18- A velha Sebastiana.
19 Capítulo 19 - Um aliado.
20 Capítulo 20 - Amor verdadeiro
21 Capítulo 21 - Amor
22 Capítulo 22 - Estou perdido
23 Capítulo 23 - A dor de um coração
24 Capítulo 24 - A humilhação como combustível
25 Capítulo 25 - O príncipe regente
26 Capítulo 26 - O falso sacerdote
27 Capítulo 27 - Angustia de Marina
28 Capítulo 28- Vida no prostíbulo
29 Capítulo 29- O cerco de Joaquim
30 Capítulo 30 - O despertar de Teresa
31 Capítulo 31- O futuro é questão de escolha.
32 Capítulo 32 - Despertar de Marina
33 Capítulo 33 - Embate entre irmãos
34 Capítulo 34 - De volta para casa
35 Capítulo 35 - A angustia de Jacira
36 Capítulo 36 - Objeção de Coiote
37 Capítulo 37 - Retorno ao lar
38 Capítulo 38 - Inveja
39 Capítulo 39 - O príncipe galante
40 Capítulo 40 - Rastro de magia
41 Capítulo 41 - Inimigos ou amantes?
42 Capítulo 42 - Pesadelo
43 Capítulo 43 - Encontro não marcado
44 Capítulo 44 - O sonho explicado
45 capítulo 45 - Dunas do sol
46 Capítulo 46 - Reminiscências do passado
47 Capítulo 47 - Preceptor
48 Capítulo 48 - Artimanhas do destino
49 Capítulo 49 - Magia nas sombras
50 Capítulo 50 - Despertar para as leis da matéria
51 Capítulo 51 - Magia do tempo
52 Capítulo 52 - Ilusão X verdade
53 Capítulo 53- Conhecendo a verdade do passado
54 Capítulo 54 O velho mundo
55 Capítulo 55 - De volta a normalidade
56 Capítulo 56 - enfrentando o antigo algoz o medo
57 Capítulo 57 - Confronto
58 Capítulo 58 - Domando um demônio
59 Capítulo 59 - Encontro entre vítima e algoz
60 Capítulo 60 - Desconfiança
61 Capítulo 61 - Nas profundezas da mente.
62 Capítulo 62 - A víbora me dizia a verdade
63 Capítulo 63 - Verdades reveladas
64 Capítulo 64 - As rédeas do futuro
65 Capítulo 65 - Um príncipe
66 Capítulo 66 - A vingança do eunuco
67 Capítulo 67 - O peso do perdão
68 Capítulo 68 - A face do mal.
69 Capítulo 69 - A vingança de um rejeitado
70 Capítulo 70 Segredos de um pai
71 71 - Quando terei paz?
72 Capítulo 72 - Perseguição
73 Capítulo 73 A morte do assassino
74 Capítulo 74 - Dimensões
75 Capítulo 75 - Expiações
76 Capítulo 76 A colheita das ações
77 Capítulo 77 - O despertar de uma nova vida
78 Capítulo 78 - O caminho da fé
79 Capítulo 79 - O última encontro
80 80 - Vida
Capítulos

Atualizado até capítulo 80

1
Capítulo 1 - Forja do destino
2
Capítulo 2- Despedidas
3
Capítulo 3 - Luxúria x amor
4
Capítulo 4 - Se fosse comigo seria diferente!
5
Capítulo 5 - Não desafie o destino.
6
Capítulo 6 - Hipocrisia e maldade
7
Capítulo 7 - Quem com ferro fere será ferido.
8
Capítulo 8 - Reparos
9
Capítulo 9 - Alvorecer de uma vida.
10
Capítulo 10 - Proposta de casamento
11
Capítulo 11 - inveja e maldade.
12
Capítulo 12 - Obstinação de um coração.
13
Capítulo 13 - Imaturidade e inveja
14
Capítulo 14 - Amor de pai.
15
Capítulo 15 - Erros de pai.
16
Capítulo 16 - Mudança de vida.
17
Capítulo 17 - O primeiro dia de Pedro.
18
Capítulo 18- A velha Sebastiana.
19
Capítulo 19 - Um aliado.
20
Capítulo 20 - Amor verdadeiro
21
Capítulo 21 - Amor
22
Capítulo 22 - Estou perdido
23
Capítulo 23 - A dor de um coração
24
Capítulo 24 - A humilhação como combustível
25
Capítulo 25 - O príncipe regente
26
Capítulo 26 - O falso sacerdote
27
Capítulo 27 - Angustia de Marina
28
Capítulo 28- Vida no prostíbulo
29
Capítulo 29- O cerco de Joaquim
30
Capítulo 30 - O despertar de Teresa
31
Capítulo 31- O futuro é questão de escolha.
32
Capítulo 32 - Despertar de Marina
33
Capítulo 33 - Embate entre irmãos
34
Capítulo 34 - De volta para casa
35
Capítulo 35 - A angustia de Jacira
36
Capítulo 36 - Objeção de Coiote
37
Capítulo 37 - Retorno ao lar
38
Capítulo 38 - Inveja
39
Capítulo 39 - O príncipe galante
40
Capítulo 40 - Rastro de magia
41
Capítulo 41 - Inimigos ou amantes?
42
Capítulo 42 - Pesadelo
43
Capítulo 43 - Encontro não marcado
44
Capítulo 44 - O sonho explicado
45
capítulo 45 - Dunas do sol
46
Capítulo 46 - Reminiscências do passado
47
Capítulo 47 - Preceptor
48
Capítulo 48 - Artimanhas do destino
49
Capítulo 49 - Magia nas sombras
50
Capítulo 50 - Despertar para as leis da matéria
51
Capítulo 51 - Magia do tempo
52
Capítulo 52 - Ilusão X verdade
53
Capítulo 53- Conhecendo a verdade do passado
54
Capítulo 54 O velho mundo
55
Capítulo 55 - De volta a normalidade
56
Capítulo 56 - enfrentando o antigo algoz o medo
57
Capítulo 57 - Confronto
58
Capítulo 58 - Domando um demônio
59
Capítulo 59 - Encontro entre vítima e algoz
60
Capítulo 60 - Desconfiança
61
Capítulo 61 - Nas profundezas da mente.
62
Capítulo 62 - A víbora me dizia a verdade
63
Capítulo 63 - Verdades reveladas
64
Capítulo 64 - As rédeas do futuro
65
Capítulo 65 - Um príncipe
66
Capítulo 66 - A vingança do eunuco
67
Capítulo 67 - O peso do perdão
68
Capítulo 68 - A face do mal.
69
Capítulo 69 - A vingança de um rejeitado
70
Capítulo 70 Segredos de um pai
71
71 - Quando terei paz?
72
Capítulo 72 - Perseguição
73
Capítulo 73 A morte do assassino
74
Capítulo 74 - Dimensões
75
Capítulo 75 - Expiações
76
Capítulo 76 A colheita das ações
77
Capítulo 77 - O despertar de uma nova vida
78
Capítulo 78 - O caminho da fé
79
Capítulo 79 - O última encontro
80
80 - Vida

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