Capítulo 08

Fui para a sala atrasado. Era a primeira vez que me atrasava tanto. Dormi demais e comecei a me xingar mentalmente a cada passo que dava. Dava até para criar uma lista inteira de xingamentos diferentes.

Consegui entrar na sala, o professor já estava lá. Tive sorte de ele não me barrar na porta. Sentei e assisti à aula. Olhei para Vick e percebi o quanto ela estava perdida em seus pensamentos.

Alguns alunos atrás de mim começaram a cochichar baixinho, mas consegui entender o que estavam falando. Insinuaram sobre algumas fotos que tinham aparecido na faculdade, de uma aluna bem atraente, foi o que disseram. Outro dizia que iria conquistar a tal aluna, mas não mencionou o nome.

Continuei prestando atenção ao meu redor. No final da aula, saí, peguei minhas coisas e fui atender ao segurança que havia me ligado. Fui até o portão e nem tive a chance de falar com Vick na saída. No entanto, estava nos meus planos voltar e falar com ela assim que terminasse de confirmar tudo com o segurança. Dei algumas instruções a ele sobre ela e sua estadia em casa.

Alguns alunos passaram por mim, falando sobre a tal foto, e eu não podia deixar que minha curiosidade me matasse. Cheguei perto do mesmo cara que disse que iria conquistar a garota e pedi para ver a foto.

— Ouço vocês falarem muito sobre essa tal garota que está exibindo fotos nuas, posso ver? Fiquei curioso. — Falei, mostrando um sorriso tranquilo.

— Claro. Pegue para você, pode ficar. Essa beldade eu vejo todos os dias, e quando quiser conquistá-la, não será tão difícil. — Falou sorrindo para o outro. Meu sorriso desapareceu quando vi de quem se tratava e o quanto aquela foto era falsa. Nunca vi o corpo de Vick, mas uma coisa eu sei: ela era reservada, e isso ela me provou.

— Então ela é uma beldade e gostosa, né? — Perguntei para ele com um sorriso falso.

— Sim. Uma maravilha. — Confirmou.

Acertei a boca do idiota com um soco e ele reclamou com a boca sangrando. Meu segurança nos separou quando viu que eu ia matá-lo.

Me soltei dele e corri pelo pátio à procura de Vick. Vi que ela estava quase saindo pelo jardim, e foi aí então que a abracei e a aninhei em meus braços. Senti sua dor, sua tristeza. Suas lágrimas molharam minha camisa, mas não me importei.

— Calma! Shhhh... Estou aqui. — Tentei acalmá-la.

Olhei para as paredes e todas estavam cheias da mesma foto.

— Fica aqui, já volto. — Falei e ela concordou.

Sai arrancando todas aquelas fotos da parede, peguei as demais das mãos dos alunos que estavam ali me olhando e enchi minha bolsa com aquela porcaria.

— Vou avisar a vocês uma coisa, essas fotos vão parar agora mesmo na mesa do reitor Bile Jonson, e o engraçadinho que fez essa brincadeira de mau gosto, vai pagar por isso. — Falei.

Peguei pelas mãos de Vick e fomos até a sala do reitor. Falamos com ele, resolvemos e já de antemão avisei que Vick iria morar comigo, e que eu seria o responsável por todos os pagamentos da universidade dela.

Passamos no quarto dela, pegamos todas as suas malas de roupas. Fiquei esperando do lado de fora enquanto ela se arrumava. Sem aviso, fui pego de surpresa pela amiga dela de quarto, a Jaque.

Jaque me agarrou e me beijou no momento em que Vick estava saindo do quarto. Nos separamos rapidamente e limpei os lábios com as costas das mãos.

— Não é o que você está pensando. — Falei, olhando para Vick, que estava paralisada no lugar.

— Aceita que dói menos, Vickzinha. — Jaque provocou.

— Não, Jaque, você que tem que aceitar que não passa de uma inconformada, que quando não pode ter as coisas por vontade própria, pega à força. — Vick respondeu com um sorriso nos lábios, e eu não esperava por essa reação dela. — Vamos, meu amor, nosso apartamento nos espera. — Vick convidou e saiu na frente.

Em um piscar de olhos, Jaque pulou nos cabelos de Vick e as duas caíram de tapa uma na outra. Tentei separar, mas sem sucesso. Até que Alice chegou a tempo e segurou Jaque, e eu segurei Vick, que lutava para se soltar e bater em Jaque novamente.

— Vamos sair daqui, Vick, vamos logo. — Sai, puxando a mala de roupa de Vick até o meu segurança pegá-la das minhas mãos e levá-la para o carro. — Você está bem!? — Perguntei, observando que ela estava tão quieta.

— Por isso eu não queria me meter com você, eu sabia que a Jaque tinha uma quedinha por você. — Falou.

— Mas eu não quero a Jaque, coloque isso de uma vez em sua cabeça linda. — Falei.

— Tudo bem, ficarei tranquila por agora. Acredito em você. — Falou, me mostrando um sorriso tranquilo.

Entramos no carro e seguimos para o nosso canto, sem interrupções. Eu estava feliz, pois só haveria eu e Vick em nosso mundo, um mundo que eu mesmo vou criar.

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