Capítulo 15

Hoje seria o dia do nosso casamento civil e o dia em que viajaríamos para a Itália para passar nossa lua de mel lá. Neste momento, Aninha está arrumando nossas malas, e eu estou aqui sendo maquiada por uma profissional. Já estou vestida para o casamento, e claro, muito ansiosa. Só falta terminar a maquiagem para estar pronta.

Nosso segurança pessoal entrou no quarto, avisando que Arthur estava no carro e pediu para verificar se eu já estava pronta. Confirmei que já estava descendo e o segurança saiu para dar o recado.

— Está pronta, Victoria. — falou a maquiadora, organizando suas coisas na maleta.

Levantei da cadeira, dei uma checada no espelho e, pela primeira vez, me senti elegante na vida. Não que nunca tenha me sentido, mas hoje era diferente. Estava mais chique do que nunca. Vindo de uma família humilde, nunca havia vestido roupas desse tipo, de marca e tão caras.

— Obrigada, Valentina. Seu trabalho foi excelente, eu amei.

— Imagina, esse é o meu trabalho. Lhe desejo felicidades. E, menina, você tem sorte. — falou, e nós duas rimos.

Prestei atenção quando ela saiu do quarto, peguei meu celular e saí dali, indo para o carro que me esperava na porta do hotel. O segurança abriu a porta e eu entrei, sentando ao lado de Arthur, que estava tão lindo e maravilhoso. Dava até vontade de pular em seu colo novamente e fazer o que fizemos na hidromassagem.

— Está maravilhosa. Ainda bem que serão só nós dois, o juiz e um casal de velhinhos que serão nossas testemunhas, porque nem pensar em deixar você usar um vestido desses em público. — Arthur me elogiou, mas estava muito sério. Algo o preocupava.

— Eu sei disso. — falei. Ele segurou minhas mãos e as levou até os lábios, beijando-as.

Assim que chegamos ao cartório, não havia ninguém, como ele havia dito. Estávamos só nós dois, os testemunhos e o juiz, além do nosso segurança, que estava na porta.

Nos colocamos de pé diante do juiz, que fez algumas perguntas e, no final, perguntou se aceitava Arthur como meu legítimo esposo. Respondi que sim. Fez a mesma pergunta a Arthur, e ele respondeu "sim". Assinamos um documento e trocamos as alianças. Naquele momento, soube que agora pertencíamos um ao outro legalmente.

Saímos do cartório em direção ao carro que nos levaria à pista de pouso. Entramos no pequeno jatinho particular e sobrevoamos, chegando horas depois a uma ilha privada. O jatinho pousou em segurança na pista. Pude observar o quão maravilhosa era a vista, um lugar amplo e bem organizado. Era um pequeno paraíso na terra.

Arthur desceu do jatinho e me ajudou a sair também, me pegando no colo e segurando minhas mãos, me guiando pelo jardim até chegarmos à porta da enorme mansão. Um homem estava ali, nos esperando na entrada.

Arthur cumprimentou o senhor, que me olhou com um olhar gélido. Me encolhi atrás de Arthur, aquele olhar me deu medo.

— Pai, esta é Victoria, minha esposa. — Arthur me apresentou com orgulho. — Victoria, este é meu pai, Miguel Bennett. — completou.

— É um prazer, senhor Bennett.

Estendi minhas mãos para cumprimentá-lo, mas ele apertou com tanta força que senti que minhas mãos ficariam doloridas por anos. Seu aperto não foi cordial, e pela sua expressão, ele claramente não gostou de mim.

Percebi também que ele tinha uma tatuagem de um símbolo de caveira e siglas "MCN" no braço. Assim que olhei, ele a cobriu rapidamente com a manga da camisa social.

— Vamos entrar. — convidou ele, entrando.

Arthur segurou minhas mãos, que tremiam, me fez parar no lugar e me olhou nos olhos, me dando um selinho.

— Fica tranquila, meu amor. Você se sairá bem, está comigo agora. — Arthur acariciou meu rosto com seus dedos mornos.

Concordei com a cabeça e depois seguimos para a mesa, que estava repleta de comida e vinhos. A mansão era enorme, tudo lindo e organizado. A família contava com uma equipe de empregados, cada um com uma função.

Arthur puxou uma cadeira, eu me sentei e ele se sentou ao meu lado. Na mesa conosco estava um rapaz e uma mulher loira muito bonita, que parecia estar encarando Arthur intensamente.

O senhor Miguel pegou uma taça vazia e chamou a atenção de todos, batendo levemente com uma colher.

— Vamos dar as boas-vindas ao meu filho, que ficará por esses dias conosco. — falou ele. — E também à minha nora, que conheci agora, porque eu não sabia dessa maravilhosa surpresa que meu filho me fez. Confesso que me pegou de surpresa. — sorriu sem jeito.

Olhei para Arthur, que também sorria calmamente, mas estava atento a tudo ao seu redor. Todos nós jantamos em completo silêncio. Pelo canto do olho, percebi que Arthur encarava o pai por cima da borda da taça.

— Então, Victoria, sua família é rica e tem status? — perguntou o senhor Miguel. Eu iria responder, mas Arthur apertou minha mão levemente por baixo da mesa, e eu sabia que não podia dizer nada.

— É só isso que lhe importa, pai? — Arthur perguntou calmamente.

— Perguntei à sua esposa, não a você. Afinal, não é justo que me surpreenda e eu não possa saber nada sobre a mulher de meu único filho. — respondeu Miguel, sendo servido com mais uma taça de champanhe.

— Não deveria estar perguntando sobre a família dela, se são ricos ou pobres. Isso não faz diferença para mim ou para você. O que importa aqui é o amor que sentimos um pelo outro.

— Claro, o amor. Velha e longa bobagem, um sentimento que passou até da validade para nossa organização. Já contou a ela a que organização pertence? Quais as regras? Com quem você casaria? Quais os tipos de mulher que nós, pais, escolhemos para os filhos?

Aquela conversa estava me deixando tonta. Eu estava no meio de tudo aquilo. Tá! Pensei que meu casamento e a lua de mel seriam tranquilos, mas não.

Senti tontura, tudo ao meu redor girava como uma roda gigante, minha visão ficou turva e acabei desmaiando ali mesmo.

...VESTIDO DE CASAMENTO DA VICK...

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