Capítulo 16

Eu sabia que meu pai estava fazendo de tudo para me provocar, trazendo Leila para o jantar que deveria ser apenas para a família. Leila é a mulher com quem fiquei no bar, e por causa dela levei um soco no rosto do marido ciumento.

Acredito que ela tenha se separado naquela época por conta da briga maldita, e agora está aqui para encher o saco. Não vejo outra explicação.

Minha discussão com meu pai não cessava. Pensei que vir aqui seria uma ótima ideia, tanto para mim quanto para minha esposa. Mas já percebi que estava completamente enganado.

Vick sempre me aconselhava a deixar de lado nossas desavenças e tentar me dar bem com ele. No fundo, eu estava disposto a fazer isso. Porém, me assegurei de que ele não queria o mesmo.

No meio da discussão, meu coração gelou ao ver Vick desmaiar. Sua cabeça quase bateu na mesa de mármore, mas fui rápido e a segurei no colo, levando-a para o quarto que dividiríamos.

Coloquei seu corpo sobre a cama e ordenei a uma das funcionárias que chamasse o médico da família, já que meu celular estava sem bateria.

Fiquei ao lado de Vick e, em cerca de cinco minutos, ela acordou, queixando-se de náuseas. O médico chegou, a examinou e disse que não havia nada grave, apenas uma queda de pressão.

— Arthur, seu pai está no escritório e quer falar com o senhor. — Neiva avisou.

— Diga a ele que não poderei ir no momento, estou com minha esposa. Somente diga que "Famiglia em primeiro lugar".

— Arthur vai saber o que seu pai quer, não se preocupe comigo. Sei que estou em boas mãos. — Vick falou.

— Tudo bem, já volto.

Saí do quarto, deixando Vick com o médico de confiança da família. Desci as escadas e segui pelo corredor até chegar à frente da porta de madeira polida. Abri e entrei, fechando a porta atrás de mim.

— O que deu em você, fanculo? — papai vociferou assim que me viu.

— Fanculo? Perdeu os bons modos, senhor Bennett?

— Não me provoca, Arthur. Você arruma qualquer uma, casa com ela e agora a traz para dentro da minha casa? E ainda por cima é uma doente.

— Não a chame assim. Esta casa também é minha, e a mulher que está comigo é minha esposa e sua nora. Deve respeitá-la, e isso não é pedir muito.

— Não me peça para respeitar essa interesseira. Eu falei para você que eu mesmo escolheria sua esposa, e o que você fez? Não só me desobedeceu, como quebrou uma das regras da máfia.

— Estou ciente de tudo o que fiz, porém não me arrependo de ter passado por cima dessa ordem. Casei-me com Vick por amor, e quando tudo é por amor, as coisas dão certo. Tenho o exemplo do seu relacionamento com mamãe, foi arranjado e sempre vocês estavam em guerra porque não se amavam.

— Esse assunto não vem ao caso. Amanhã mesmo, irá se divorciar dessa garota, e à noite terá o baile de noivas, e você fará tudo certinho.

— Desculpas por desapontá-lo, papai, mas tornei Victoria minha mulher, e eu não vou me divorciar dela.

— Você transou com essa puttana?

— Fiz amor. É diferente. Com sua licença, vou saber como está a saúde da minha esposa.

Sai do escritório, fiquei no corredor esperando a raiva passar um pouco. Eu não queria que Vick soubesse que tive uma briga com papai por causa dela. Passei as mãos nos cabelos bagunçados e, depois de soltar a respiração pesada que estava segurando, saí dali.

Fiquei imaginando por quanto tempo papai vai querer me controlar, por quanto tempo vai mandar em mim e na minha vida?

Eu tomei as rédeas da minha vida quando fui para a universidade, no dia que conheci Vick. Aprendi a amadurecer longe de tudo isso aqui.

Caminhei a passos largos até a escada que levava ao quarto, e fui surpreendido por Leila.

— Oi, meu amor, eu estava com tanta saudade de você. — Leila passa os braços pelo meu pescoço, prendendo seu corpo ao meu.

— Pensei que tinha ido embora. — Me afastei de seus toques.

— Não fui, seu pai não lhe contou?

— Não. O que devo saber?

— Eu me separei, e não tinha para onde ir, e seu pai me recebeu aqui e disse que eu poderia ficar quanto tempo eu quiser.

— Que ótimo, então fique. Amanhã mesmo procuro um lugar para mim e minha esposa ficar. — Tentei passar por ela, que me agarrou novamente e se prendeu em minha cintura com as pernas.

— Me separei por sua causa, meu marido não me quis, e depois eu me apaixonei por você, Arturzinho. Fica comigo, me faça sua como daquela vez. — Falou, tentando me beijar.

Tentei tirar Leila de cima de mim, mas foi impossível. Victoria estava em pé na escada, nos observando com um semblante triste.

— Droga, droga!!! Me larga, caramba. — Perdi a paciência e a joguei no chão, ela reclamou de dor.

Não dando importância a ela, subi as escadas chamando por Vick e não obtive respostas.

— Meu amor, abre a porta, precisamos conversar.

— Não quero falar com você, Arthur. Vai se foder. — Gritou.

Encostei minha cabeça na porta do quarto e percebi um pequeno movimento.

— Vick, por favor!! Não me faça arrombar essa merda de porta.

Alguns minutos depois, a porta foi destrancada. Eu me afastei e Vick me olhou, estava tranquila.

— Você está com fogo, amor? Quer que eu te esfrie um pouco?

— Sim, meu amor, quero. Quero você toda para mim.

Assim que terminei de falar, Vick simplesmente jogou um balde de água fria em mim, o que me deixou furioso.

— Que isso, caramba?

— É água, meu amor. Para apagar seu fogo, seu cretino. Casou-se comigo hoje e já estava querendo outra?

Foi então que algo passou pela minha cabeça, e Vick iria pagar pelo que fez.

— Vem aqui, Vick... — Entrei no quarto fechando a porta. Estava todo molhado, mas com uma raiva imensa e uma vontade de puni-la. E eu faria, para que ela me respeitasse.

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