A campainha tocou e Ivete foi rapidamente atender. Quando abriu a porta ela corou, não esperava ver o agente Sanches e demorou um pouco para perceber que Elias estava ao lado dele. Uma tosse sutil a fez voltar a si e Elias riu discretamente vendo a cara dos dois a frente dele.
— Agente Sanches. Elias. Entrem!
- Ivete.
— Tá gatona, Ivete! Tem bolo?
— Você tem uma solitária morando no estômago ou o quê? Tem sim, venham!
Eles foram até a cozinha e foi o tempo de todos se acomodarem, que Helena chegou e juntou-se a eles. Ela reparou os olhares entre Sanches e Ivete e fez um sinal discreto para Elias, que confirmou com um pedaço de bolo nas mãos.
— Então agente Sanches, o que o traz aqui? Alguma notícia do meu filho?
— Boa tarde, Senhora Scott! Estou coletando mais informações e acredito que Elias tem coisas ocultas a respeito disso.
— A única coisa que eu sei e que não falei, foi que Mike descobriu que a esposa dele o traía e tinha planejado se divorciar.
— Então ela pode ter planejado se livrar dele antes disso... — Sanches deduziu.
Ivete saiu de órbita por um tempo ouvindo as especulações do agente sobre o caso. Ela queria saber onde Mike estava já que não encontraram ele em lugar nenhum. Saber o que aconteceu com ele não era suficiente pra saber onde ele foi parar. Morto ele não estava, ela não podia aceitar.
— Agente Sanches, eu não falei algo da outra vez. Mas...
— Pode falar Ivete, está tudo bem.
— Erik e Natasha que sumiram com Mike! Foram eles!
— Como assim? Por que não disse isso antes?
— Como eu ia fazer isso? Não tenho provas além do que ouvi. Seria a minha palavra contra a deles! Estava morrendo de medo de que eles descobrissem que os ouvi e me fizessem algo.
— Eu entendo. Me conte com detalhes o que ouviu, Ivete. Qualquer pista para nós é importante.
— Tudo bem. Naquele dia, Mike e Natasha saíram para jantar, nada de anormal até a hora que voltaram para casa. Eu estava na cozinha porque fui beber água e como estava inquieta, acabei fazendo um chá para dormir. Enquanto esperava a infusão ficar pronta, ouvi os dois chegarem. Não me importei, pois já conhecia a rotina do casal, mas o que me surpreendeu foi que não ouvi a voz de Mike, mas sim a de Erik. Estranhei a visita dele tão tarde e fui espiar. Foi nojento ver, mas queria saber onde Mike estava e o que fizeram com o meu menino.
— O que foi? O que eles fizeram? — Sanches usou do seu tom mais tranquilizador para incentivar Ivete a continuar falando.
— Eles... enquanto se tocavam intimamente repassavam o que combinaram dizer para a polícia. Drogaram Mike para drenar a capacidade defensiva dele.
— Isso faz sentido, Ivete. — Elias se pronunciou. — Sem isso seria muito difícil conseguir derrubá-lo quando fosse confrontado.
— Sim, Natasha sabia do distúrbio nos nervos que ele tinha. Como não pensei nisso antes? — Helena se agitou.
— Não sei o que houve no jantar, mas foi logo depois que eles saíram de lá. Natasha levou dois seguranças com eles talvez com a desculpa de que Mike estivesse bêbado demais e não pudesse dirigir, mas ele nunca se excedeu em nada. Sempre foi muito regrado e a mãe dele está aqui para confirmar isso a você. Por ideia de Natasha, na hora de voltar pra casa eles se separaram de Erik para enganar as câmeras do lugar e ninguém ligá-lo ao ocorrido. Ouvi Erik dizer que deu um jeito para que as câmeras da rua onde eles levaram Mike não funcionassem àquele dia.
— Está batendo com a investigação até agora. Continue Ivete, por favor! — Sanches sorriu para ela que corou e continuou com o seu relato.
— Enquanto eles se... bom, já mencionei; iam montando o álibi de cada um. Natasha era guiada por Erik nas respostas. Ele já tinha tudo premeditado e só precisava da ajuda dela. Ninguém de fora tinha a confiança dele além de nós aqui e jamais compactuaríamos com essa atrocidade.
Então... O depoimento dela seria assim: eles saíram pra jantar e beber entre amigos e se separaram na saída. No meio do caminho eles seriam supostamente assaltados e levariam Mike e ela como reféns. Mike teria prometido pagar a quantia que eles pediram, mas em troca pediu que liberassem ela; nós sabemos que ele faria isso. Porém, ela foi supostamente violada na frente dele antes de ser libertada.
Depois teriam a deixado em algum lugar e ligou para Erik pedindo ajuda. O dele, seria igual no início, com a diferença de que ele estava indo pra casa e após um tempo recebeu a ligação de Natasha e foi ao encontro dela. Eles iriam até à delegacia fazer o boletim de ocorrência e prestar queixa de abuso sexual, mas como os homens não existem, jamais iriam encontrá-los. Assim tirariam Natasha e Erik do quadro de suspeitos.
Ela disse que o amava e que não faria nada daquilo se não fosse por amor a ele; ele disse ser por isso que teriam que eliminar Mike, que por ser um romântico incorrigível não a deixaria ir tão facilmente. Erik queria a fortuna e tudo o que era dele. Ela chegou em casa completamente suja, rasgada e com hematomas pelo corpo, mas não parecia estar mal, só quando perceberam que eu estava acordada fingiram pesar pelo sumiço dele. Fiquei apavorada quando me vi frente a eles, achei poderem desconfiar que os ouvi e encenei como pude.
— Ivete, isso faz sentido. — Helena disse se sentando ao lado dela. — Erik ficou revoltado quando a presidência da empresa foi passada para Elias e queria culpá-lo a todo custo.
— Isso tudo porque era eu quem estava investigando Erik. Ele estava roubando descaradamente a empresa e como sou o chefe do financeiro da empresa, comecei a ver certas lacunas e cheguei a ele. Investigando mais um pouco cheguei ao caso de Erik e Natasha. Reuni provas concretas a respeito e mostrei tudo a Mike. Ele elaborou um plano para desmascarar os dois, mas não deu tempo. Não contávamos que estavam tramando tirar a vida dele.
— E onde estão essas provas?
— Aqui. — Elias tirou um pen drive e o seu notebook da bolsa e mostrou tudo ao agente. — Mike não queria que vazasse até a data que ele estipulou. Por isso não falou com a polícia.
— Mike era fora de série. Meu filho me ligou com a voz estranha pedindo que eu colaborasse com ele, mas não me disse o que era com detalhes. Ele parecia prever que alguma surpresa viria.
— E onde estão os seguranças? Eles eram treinados para guarda e proteção. Eles sumiram com o corpo.
— Foi o que perguntei ao Erik quando ele tentou jogar a culpa para mim. Ele e Natasha foram os últimos a ver Mike com vida, os seguranças simplesmente sumiram. Mas... como hacker descobri algumas coisas.
— Você sabe que isso pode te levar a prisão, não é meu jovem?
— Sim. Mas fui autorizado a fazer isso. Meu chefe deu instruções precisas. — Elias mudou a tela para uma outra que continha gravações dos celulares de Natasha e Erik. — o suposto estupro foi, na verdade, uma orgia. Às damas presentes, espero que não se incomodem em ver.
— Tudo bem. Pode rodar o vídeo. — Helena autorizou.
O vídeo começou com Natasha já com as roupas rasgadas em um galpão escuro onde ela foi colocada de joelhos sob uma lâmpada forte. A única luz no lugar. Ao fundo, dava para ver uma janela meio quebrada, que Helena suspeitou ser uma de suas propriedades. Os seguranças de Mike a cercaram e começaram a tocá-la, ela não se mexia, mas sorria de cabeça baixa mostrando submissão. Parecia entorpecida.
Os homens tiraram as suas roupas e começaram o ato. Tapas, mordidas e insultos tomaram conta da cena e Natasha se contorcia pedindo mais, sempre olhando para a câmera onde estava Erik.
Depois que os homens saciaram-se, Erik entrou em cena. Ele esbofeteou Natasha a penetrando por trás e a xingava enquanto a penetrava em pé. A cena pornográfica terminou com todos os homens dentro dela de alguma maneira.
Ivete ficou horrorizada, Helena enojada, Elias não gostava daquele tipo de conteúdo e comera a metade do bolo distraído. Sanches, acabou ficando excitado com o vídeo e sentiu vergonha de si mesmo. Ele não era mais um garotinho na puberdade e sabia se controlar, mas havia um tempo que não saía para um encontro e o seu corpo estava no limite. Ele agradeceu por estar sentado e as mulheres não estarem ao lado dele.
— Os seguranças viajaram logo após o ocorrido para lugares diferentes. Marcos e Paulo são os nomes deles, infelizmente sem Mike conosco, não posso fazer nada. — Elias lamentou.
— Isso aqui foi... chocante! — Sanches conseguiu dizer. — Com isso posso recomeçar a investigar. Apesar de terem me escondido essas informações, não vou trazer problemas para vocês por causa disso. Ainda bem que vim sozinho Ou estariam em problemas por ocultarem coisas relacionadas ao caso. Essas informações em si não são provas de que eles tenham realmente matado ou tentado matar o senhor Scott, mas os coloca como suspeitos em potencial.
Eles podem alegar que se apaixonaram e gostam de orgias, muitos casais gostam. A chuva e o fogo foram de extrema ajuda para eles, por causa disso, foram apagadas todas as possíveis provas do que aconteceu e sem o corpo da vítima ficou praticamente impossível. Não conseguimos rastrear o celular dele, praticamente sumiu do mapa e não foi encontrado como o relógio foi.
— Eu sabia ser ruim, mas não acreditei que fosse a esse ponto. — Ivete foi pegar o seu chá calmante e serviu para Helena também.
— Obrigada, Ive! Ela nunca foi a mulher certa para o meu filho. Ele nunca faria nada tão grotesco. Agora mais que nunca estou grata por essa mulher ter saído da minha família! Só quero encontrar o meu filho, agente Sanches. Se ele não voltou ainda e o corpo dele não foi encontrado, deve estar em coma em algum hospital ou ferido na casa de alguém. Procurem em todo canto!
— Já fizemos isso. Não há registro da entrada de ninguém com as características ou nome dele próximo daqui, ou do local em que ele foi visto pela última vez. Agora, se ele estiver bem e foi socorrido por um transeunte, só saberemos se ele aparecer.
— Como isso é possível? Ele não pode ter simplesmente sumido! Espero que o meu filho esteja bem, é só isso que eu desejo nesse momento. Que o meu filho esteja vivo e que volte para casa são e salvo!
— Mesmo sem uma perna ou braço? Ou se ele não se lembrar de você? Mesmo que ele volte um zumbi ou cego?
— De onde saiu esse circo de horrores, Elias? Vira essa boca pra lá, que horror! Claro que vou receber o meu filho como ele estiver, desde que o encontrem... não terei do que reclamar. Não brinque mais com isso!
— Desculpe, Helena. Mas não sabemos o que fizeram, só que fizeram algo com ele. Para ele não ter voltado ainda, se tiver vivo, deve estar mal. Ele nunca ter gostado de aparecer na mídia a essa hora faz uma falta enorme. Qualquer um saberia quem ele é se fosse assim.
— Mas também seria mais fácil matá-lo caso ele esteja debilitado agora. Se entrassem em contato com a pessoa errada, poderiam ajudar a eliminá-lo por dinheiro e jamais saberíamos. — apontou Ivete.
— Ivete está certa, ótima observação. O anonimato nos prejudica um pouco, mas o protege de quem quer lo vê morto. Vou continuar a investigar. — Sanches se levantou. — eu tenho que ir agora, há trabalho a ser feito. Senhora Scott, Elias.
— Eu o acompanho até a saída, agente Sanches! — Ivete o seguiu até a porta.
O que ficaram, observaram os dois se afastando e deram um sorriso cúmplice. Helena estava torcendo pela amiga de longa data e Elias... estava feliz comendo bolo e revisando o seu trabalho.
— Helena, o que acha desses dois? Acredito que pode dar namoro isso aí. — Elias cantarolou.
— Eu tenho certeza, Elias. Total certeza! Agora, pode deixar um pedaço de bolo para mim.
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Atualizado até capítulo 207
Comments
Ivanete Oliveira
faça com q Mike acorda logo
2023-05-10
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