Quando chegaram ao restaurante, Erik já estava lá aguardando o casal. Assim que os viu ele levantou para cumprimentá-los.
— E aí, irmão. 'Cê tá péssimo hoje! — Elias o abraçou animado.
— Treino hoje foi pesado, além de algumas reuniões.
— Nada como socar a cara de alguém para aliviar o estresse, não é?!
Com certeza... darei o melhor golpe. Mike pensou.
— Pode apostar que uma boa noite com a minha esposa alivia muito mais.
— E como está a minha irmãzinha gata?! Faz tempo que a gente não marca pra sair assim, os três. Aquela sua amiga, Agatha, ainda tá solteira?
— Você não muda um milímetro, Erik. Estou bem, sim! Agatha se casou no final do último mês.
— Ah, que pena! Eu adorava aquelas pernas. Vamos sentar.
Mike observava a atuação dos dois com profundo ódio; eles eram ótimos em jogar, quem desconfiaria deles? Não havia olhares, insinuações ou nervosismo. Nada que os entregassem ou expusessem; era tudo tão natural. Ele não podia deixar de se perguntar por quanto tempo.
Quanto tempo aqueles dois riam dele pelas costas, por quanto tempo ela zombava do amor dele. Erik nunca foi seu amigo? Ela era a única filha de uma família rica, não precisava se aproximar pelo dinheiro dele. Será que ela amava Elias? Ele não tinha a resposta, mas em breve saberia.
— Scott... Scott! — a voz de Natasha o trouxe de volta ao jantar. — Você está bem? Está pálido e nem está ouvindo a gente!
— Desculpem-me. Eu estou me sentindo um pouco mal. Vou ao banheiro.
Mike foi até o corredor para tomar um ar e entrou no banheiro, seu corpo estava ficando quente, então ele lavou o rosto para se refrescar e voltou para a mesa. O maître estava mostrando a cartela de vinhos, mas já sabia qual Mike escolheria, ele era dono do lugar. Natasha que gostava de trocar segundo o prato que pedia.
— Boa noite! Sr. Scott, quanto tempo não o vemos aqui!
— Boa noite! Clermont, faz tempo mesmo.
— O senhor vai querer o de sempre?
— Tanto tempo e você ainda lembra
— Jamais esqueceria. — não por Mike, mas sim porque era a tal garrafa favorita de Ametista.
— Então... o de sempre. Todos já pediram?
— Sim, o senhor chegou na hora.
— Ótimo. Obrigado, Clermont.
— É sempre um prazer! Senhor e senhora Scott, Senhor... — Com um aceno Clermont saiu.
— Esse cara é hilário. Os franceses parecem um bando de gays. — Erik zombou.
— O que você tem contra os franceses e os gays? — Mike refutou.
— Nada, mas eles me divertem. — Erik deu de ombros.
— Acho que devia procurar formas mais saudáveis de diversão, Rik. As vezes me pergunto que bizarrices passam na sua cabeça, mas aí lembro que não ia gostar nadinha de saber e me abstenho da curiosidade.
— E tu continua chato pra caralho, sabia Mike?!
— Tem coisas que não mudam, meu amigo!
Natasha percebeu que Mike não estava apenas cansado ou qualquer outra coisa, ele estava diferente de quando saiu de casa de manhã. Ele era carinhoso, fogoso, atencioso e ciumento. Mas ele não reclamou do vestido dela, não a pegou e levou para o banho com ele, mesmo quando ela o provocou. Ele mal a beijou no carro... mesmo não amando ele, ela gostava de como ele a tratava.
O vinho foi servido e ela ficou ali ouvindo o debate dos dois sobre as brincadeiras ridículas de Erik e os comparando. Eles eram igualmente lindos, mas Mike tinha uma aura imponente e clara, já Erik tinha uma aura obscura e astuta. Eram como o bem e o mau, o amor e a paixão, o céu e o inferno; chegava a ser poético! E ela tinha os dois. Valeria a pena renunciar a tudo aquilo?
— Vocês podem deixar a eterna quinta série de vocês lá em 90, ok?!
— Ah! Nat, até parece que você nunca foi escrota...
— Não... bom... já, mas nada como você. Você não tem filtro, e se tem, tá entupido!
As refeições foram entregues e eles comeram em silêncio. Mike já não aguentava mais os calafrios que estava sentindo, àquela altura ele já tinha certeza de que fora drogado. Ele era saudável e a única coisa que tomou foi o vinho de Natasha. Antes ele estava no ringue e muito bem diga-se de passagem. Umas poucas taças de vinho nunca o deixaram daquele jeito.
— Scott, vamos embora. Você está péssimo! — Natasha se levantou puxando o marido.
— Ele veio dirigindo? — Erik perguntou fingindo preocupação.
— Sim, mas tem dois seguranças aí.
— Ótimo! Vamos levá-lo
Mike não conseguia falar direito, sua visão estava embaçada e ele mal sabia para onde estava indo. Natasha o pegou pelo braço e guiou para fora do restaurante. Todos estavam olhando para o trio, curiosos sobre o que poderia estar acontecendo ali. Erik não queria chamar atenção então disfarçou com uma história qualquer e as pessoas perderam o interesse.
O carro já estava esperando por eles do lado de fora, estava começando a chover e não parecia ser qualquer chuva, logo cairia uma tempestade. Erik jogou Mike lá dentro e depois ajudou Natasha a se acomodar. Em seguida foi para seu carro.
— Vamos dar uma volta. — Erik ordenou aos seguranças por telefone.
...***...
Eles pararam umas ruas depois e jogaram Mike para fora, que caiu sobre uma pedra batendo a cabeça; mesmo assim ele levantou tentando canalizar a energia para se defender, mas seu corpo não obedecia. Logo um soco atingiu o rosto dele e outro e outro.
Mike caiu novamente e dessa vez recebeu chutes e mais chutes, por mais que tentasse se defender, ele não conseguia. Erik jamais o derrubaria se não o tivessem drogado. Mais golpes vinham no rosto e nas costas de Mike e tudo o que ele podia fazer era tentar.
Como não podia fazer mais nada, ele permaneceu imóvel para economizar energia e tentar se salvar assim que eles partissem. Mas as intenções de Erik não eram deixá-lo escapar com vida e alguns hematomas, ele percebeu.
— É esse o grande Mike Meyers? É satisfatório te ver assim, sabia? Derrotado, quebrado, feito um nada na lama! — Mike tentou levantar e foi derrubado outra vez com um chute na costela e dessa vez ele gritou de dor. — porque eu vejo um verme!
— P-Por quê? — Mike conseguiu dizer.
— Porquê eu odeio você! Roubou tudo de mim. A atenção do meu pai, o meu aniversário, a Laura!
Ele nunca superou Laura ter sido namorada de Mike. Na escola, uma menina sempre sentava com eles no intervalo e jogava cartas. Era Laura, uma morena linda de olhos penetrantes. Erik era louco pela menina e a cortejava sempre, mas não era ele quem ela queria.
Mike nunca tentou nada com Laura, ele sabia que seu amigo gostava dela, mas ela nunca se interessou por Erik e deixou isso bem claro para os dois. Por fim, depois de alguma insistência da moça, Mike e Laura acabaram namorando por um tempo, o que aumentou a fúria de Erik.
Ele se afastou dos dois, começou a andar com más companhias e o ciúme inofensivo se tornou o ódio. Erik fez de tudo para separar Laura de Mike e quando conseguiu, fez o mesmo com todas as outras mulheres com quem o amigo se envolvia. Sempre na carapuça de bom amigo e compreensivo, ele armava situações onde o amigo se decepcionava sempre, mas ainda assim haviam muitas mulheres dispostas a ter Mike. Ele tinha até o que não queria.
Mike ouviu tudo abismado e um flash com diversas memórias passou pela mente dele. Pôde ver claramente as verdadeiras cores de Erik, e até ligou algumas situações passadas que não haviam explicação. Agora ele sabia o motivo.
Erik estava transtornado e eufórico em ver Mike ferido e derrotado no chão, algo que sempre desejou ver. Com os olhos brilhando e sedentos por sangue, ele encarou Mike com toda a raiva que sentia e disse sorrindo:
— Agora, eu vou tirar tudo de você!
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Atualizado até capítulo 270
Comments
Débora Oliveira
tomara que perca tudo
2024-06-21
0
Ivanete Oliveira
quem irá salvar ele....q dó
2023-05-10
2