O final do expediente não foi como o planejado. Ametista saiu correndo pela rua sem olhar bem onde estava indo. Ela não tinha mesmo outra opção a não ser ir para casa debaixo da chuva forte. Sua casa não era longe dali, então ela chegaria rápido.
Enquanto caminhava, tentava em vão, nas lacunas do seu cérebro um motivo, mas não conseguia entender o que fez de errado, ou o que fez para que acabasse naquela situação. Ela era educada com todos no trabalho, mas era só isso! Nunca deu a entender querer quem quer que fosse no restaurante; eram seus colegas de trabalho e quem tentou algo, ela recusou educadamente.
Como poderia Antônio dizer que ela o provocou? Porque ele diria isso? Não era justo ela perder o trabalho apenas por recusar ser amante de um velho escroto, que julgava que toda a mulher que morava na favela queria sempre sair de lá as custas de homem. Ele a desrespeitou, não o contrário!
Sua cabeça estava cheia de problemas. Como ela iria se sustentar? Em sua mente agitada, ela começou a procurar maneiras de fazer dinheiro... ela não queria mais trabalhar para ninguém! Se ela pudesse fazer, assim o faria! Enquanto caminhava encolhida pelas ruas, ela olhava o vazio ao seu redor e as lágrimas foram se fundindo com a chuva.
Ser demitida porque eu não quis ficar com o meu gerente é passível de processo para ele. Porra nenhuma que vou perder meu emprego e ficar por isso mesmo! Aaaai, Que ódio! Ametista pensava enquanto caminhava.
Ela continuou o seu caminho, quando ao passar próximo a uma rua escura, escutou alguns gritos e um mais agudo, de dor. Ela nunca ia ver o que acontecia, pois aquela rua era frequentada por pessoas ricas que normalmente destratavam-na, e os herdeiros adoravam fazer baderna por ali, mas os gritos do homem a fez sentir que deveria ir ver e quem sabe ajudar; o homem poderia estar bêbado ou ter sido assaltado. O Rio de Janeiro é lindo, mas não é para amadores.
Na esquina da tal rua, Ametista viu uma mulher, três homens e um corpo no chão. A mulher olhava com um sorriso no rosto para o homem que estava apanhando de outros dois homens no chão, sem reflexo algum.
Estranho estar tudo apagado por aqui... sorte a minha então! Ai Deus, o que tô fazendo?! Eu devia ter passado direto, se me pegarem aqui, fodeu! Sou muito nova para morrer numa queima de arquivo! Ametista pensou enquanto se esgueirava pela parte mais escura da rua que geralmente era bastante iluminada.
Mesmo com todas as terminações nervosas trabalhando para fazê-la sair dali, ela continuou se aproximando. E naquela hora, ela nunca agradeceu tanto por estar completamente camuflada em seu conjunto preto de academia.
Como estavam longe, não deu para ver bem quem ou como eram, não ajudava o fato deles estarem todos de preto também. O terceiro homem segurava um guarda-chuva para a mulher e a beijava ocasionalmente assistindo à cena.
Ametista viu tudo horrorizada e foi se aproximando com cuidado para não ser vista. Ela agachou-se atrás de uma lixeira abarrotada de sacos pretos, onde ela se camuflou para poder ouvir um pouco do que falavam.
— Mike, Mike... olhe para você agora, tão patético. Nada como Erik. Seu amigo é muito melhor. Nos negócios... e na cama. — A mulher riu e chutou o rosto de Mike que a olhava sem emitir nem mais um som.
— Vou cuidar para que a sua... quer dizer, para que a minha empresa continue no topo. Quem é o perdedor agora? Eu tenho tudo o que era seu. Sua mulher, sua casa, sua empresa... e você, seu burguês de merda, vai apodrecer aqui. Ninguém vai lembrar da porra da sua cara em um mês, já que não tem mais ninguém por você.
— Erik, tô excitada. — Natasha disse com voz melosa acariciando o membro de Erik pelas calças.
— Vamos dar um último presente ao Mike? — Ele a agarrou pelos cabelos e beijou o pescoço dela.
— Aqui?
— Precisamos de um álibi e uma desculpa para a morte dele...
Erik jogou o guarda-chuva no chão e começou a rasgar as roupas de Natasha a mordendo e beijando descontroladamente. Ele começou a agredir a mulher em transe enquanto a penetrava e ela parecia não se importar com os tapas e socos porque pedia mais enquanto era jogada no caput do carro.
Os outros dois homens seguravam a cabeça de Mike para ele assistir tudo, e ele viu.
Viu a sua esposa o trair e entregar a sua empresa ao homem que ele pensou ser seu melhor amigo; como ela era promíscua e sem caráter. Viu como ela ria da cara dele enquanto era penetrada em todos os lugares no carro que ele deu a ela. Ouviu todos os insultos e a verdade sobre as únicas pessoas que ele confiava, sem falar de sua governanta.
Ele sentiu tudo e não pôde fazer nada. Ele daria conta deles se não estivesse completamente dopado. Sentiu a raiva, a decepção, o coração se partindo. As dores físicas já não o incomodava mais. Seu corpo estava anestesiado de tanto apanhar na chuva. Não era mais o corpo que doía.
Ele não conseguia se mexer, a substância que sua esposa lhe deu foi muito forte então ele só podia passar por tudo sem resistir.
Mike chorou, mas ninguém notou. Sangue, chuva e lágrimas rolavam por seu rosto, ele amava aquela mulher, daria o mundo por ela se assim ela quisesse e tudo o que ela fez foi brincar com ele e o humilhar daquela forma. Como ela pôde?
Enquanto eles gozavam feito dois psicopatas, a chuva foi diminuindo e o transe deles foi passando. Ametista olhou tudo espantada, ela não sabia que pessoas ricas poderiam ser iguais aos bandidos da favela onde ela morava. Uma lição não generalizada que ela teve que aprender àquela noite.
Ela queria ajudar o homem espancado no chão, mas não sabia como. Ela não podia tirar o celular do bolso porque estava enrolado numa sacola plástica para não molhar, e mesmo que desse, faria barulho e ela poderia ser executada como queima de arquivo ou ainda ser envolvida numa história que não era dela. Então ela decidiu continuar enrolada atrás da caçamba de lixo.
Erik se recompôs e deu mais um tapa forte na mulher que fingiu um choro sentido e logo em seguida ela tirou uma faca de uma bolsa e cravou no peito de Mike.
Ele gritou ao mesmo tempo que um trovão surgiu assustando a todos e a mulher caiu sobre o corpo quase sem vida de Mike. Ela olhou em seus olhos ainda abertos por um tempo, gritou e correu assustada.
- Erik chega! - a mulher gritou indo para um carro que Ametista não tinha reparado até o momento. – Vamos embora daqui!
Os homens pegaram Mike, jogaram dentro de um carro e atearam fogo deixando para trás o carro em chamas. Eles entraram no segundo carro e saíram cantando pneu.
Ametista esperou mais um pouco para ter certeza que eles não voltariam e correu para o carro que estava completamente fechado.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 209
Comments
Suzana Brito
que horror 😱
2023-08-23
1