O tempo passava e Erik ia perdendo o pouco prestígio que tinha. Todos na empresa o olhavam torto desde a reunião com a Sra. Scott, desde então surgiram rumores sobre o suposto caso dele com a mulher do chefe e melhor amigo.
Se ele foi desleal com quem dizia ter como irmão, ele não era confiável para negócios já que os rumores também diziam que ele tramou para ficar com tudo o que o amigo tinha.
Ele era evitado no círculo de amigos que antes o bajulavam, não era mais convidado para nenhum evento social e as suas ações estavam diminuindo gradativamente.
A cada mês, não importava o que ele fizesse para se erguer, ele estava perdendo dinheiro como água escorrendo da torneira. Ele amaldiçoou Mike milhões de vezes por isso. Se ele pensava que era a sombra de Mike antes, agora podia ter certeza.
Era difícil para ele entender. Já haviam se passado meses desde que ele havia eliminado Mike e ninguém o esquecia. Ele pegou Natasha chorando a olhar para uma foto antiga do casamento deles e isso o deixou furioso.
Ele agora a amava e não podia suportar que ela pensasse ainda em Mike. Mesmo sabendo que a gravidez a deixou sensível, ele não permitiria que nenhuma parte dela sentisse falta dele. Ela teria o seu filho em breve.
Até depois de morto causa problemas para mim... se pudesse te matar novamente o faria, seu miserável! Erik bufou olhando para a tela do computador.
Natasha, que agora estava morando com ele em segredo para esconder a barriga saliente, ficou observando ele trabalhar na porta do escritório.
Ela amava aquele homem e pensou que não podia sentir mais, mas a medida que a sua barriga crescia e o seu filho se mexia, ela descobria outro tipo de amor. Era um pedacinho dela e do seu amor ali, era incondicional.
Naquele momento ela pensou que não suportaria perder a sua filha e sentiu muito por Helena. Ela começou a se arrepender do que fez a Mike.
Talvez se ela tivesse conversado com ele e se separado da maneira correta; mas era tarde demais para pensar sobre Isso. Natasha só podia lamentar e relembrar aquele dia.
Eu não devia ter ido tão longe Mike, espero que possa me perdoar pelo que fiz onde estiver. Não posso mudar o que passou, tirei a sua chance de ser feliz e me arrependo. Mesmo não te amando como você me amou, eu podia ter feito diferente. Nada justifica, eu sei. Nem amor, nem drogas ou dinheiro. Por favor, me perdoe! Ela pensava enquanto acariciava a sua barriga.
Erik não era tão carinhoso quanto Mike, mas era um ótimo pai. Ele se preocupava e cuidava de tudo para que elas ficassem confortáveis e adorava brincar na barriga de Natasha por horas vendo as ondulações que sua filha fazia ao mexer em resposta.
Contudo, estava mais ciumento e possessivo a cada dia. Natasha relevava pois já estava habituada ao jeito dele, mas as vezes sentia falta da liberdade que Mike dava a ela. Ultimamente era só no que ela pensava. Mike.
Dispersando os pensamentos melancólicos, ela deixou fluir o que ela mais gostava de fazer... tirou sua camisola devagar, caminhando até a mesa de Erik, que prontamente tirou os olhos do computador e afrouxou a gola de seu blusão para apreciar a visão.
...***...
Elias estava se saindo bem na empresa e conseguiu convencer a todos os contrários a ele de que a escolha de Mike foi boa para a empresa. Como CEO, ele podia falar sobre as suas ideias e projetos, tal como falar com propriedade sobre os números. O conselho começou a achá-lo tão brilhante quanto Mike e o trabalho ali estava mais fácil.
Quanto a Erik, ele quase não aparecia na empresa como de costume e estava bebendo mais a cada semana. Se ele queria provar algo a alguém, só provou que era um menino mimado fazendo birra por não ter conseguido o que queria e um tremendo idiota. Era uma pena desperdiçar talento, mas se tratando de Erik, Elias não estava nem aí. Quanto mais longe, melhor!
O plano de Mike estava em andamento. As contas de Erik estavam disfarçadas e todo o dinheiro que não fosse legalmente dele, era transferido de volta para a empresa, mas para ele não havia alterações além das que ele mesmo fazia. Elias seguia seu trabalho como se nada soubesse e sempre fazendo relatórios dos meses que se passavam.
Ele ainda estava esperando Mike entrar em contato e mesmo que não o fizesse, Helena precisava estar a par de tudo. Sentado no escritório, ele afrouxou a gravata e conferiu a agenda. Não gostava de assistentes, seus computadores eram ótimos e silenciosos e mil vezes mais eficazes. Ele fez modificações sutis e controlava a sala inteira com um dispositivo touch e um fone.
Ah, Mike... onde será que você se meteu? Ele pensava quase sempre.
O telefone tocou e a secretária anunciou a chegada do agente Sanches. Elias não o estava esperando e ficou surpreso com a visita, então levantou-se e caminhou até o homem que acabara de entrar para cumprimentá-lo.
— Agente Sanches!
- Elias.
— O que o traz aqui?
— O caso Mike é um mistério. Ainda preciso de respostas e suponho que sabe mais do que diz saber.
— E por quê o senhor acha isso?
— Se tiver mais informações sobre o caso, preciso que me diga ou você pode ser incluído como suspeito.
— ... — Elias apenas ficou encarando o detetive. Ele parecia mesmo querer solucionar o caso e achar Mike. — Venha comigo a mansão Scott, por favor.
...***...
Helena estava sentada na varanda do seu quarto pensativa. Já havia se passado tanto tempo desde o desaparecimento do seu filho que ela, mesmo com toda a fé, estava desacreditando na possibilidade de que Mike pudesse estar vivo a cada mês que se passava.
Ela estava planejando voltar para o exterior e deixar Ivete responsável pela casa e pelos funcionários. Além disso, tudo na empresa estava indo bem e todos estavam satisfeitos.
Elias estava fazendo um ótimo trabalho e não houve nenhum problema que ela precisasse intervir. Nenhuma prova sobre o paradeiro de Mike foi encontrada e ela estava ficando deprimida de tanto ter expectativas e nada acontecia.
Ivete bateu e entrou com o chá da sua amiga, ela sentiu por vê-la daquele jeito. Também sentia falta de Mike, mas nada se comparava ao sofrimento da mãe dele.
- Lena?
— Ah, Ive! Sente-se aqui comigo.
— Como está, minha amiga?
— Me recuso a aceitar que nunca mais verei meu único filho. Mas, ao mesmo tempo estou perdendo a confiança na possibilidade de que Mike esteja vivo. Não sei mais o que pensar ou o que fazer, pensei que... dar uma lição em Natasha fosse me dar algum conforto, mas não. O que Natasha perdeu ela consegue de volta, ela é nova e bonita isso conta a favor dela. Logo encontra outra galinha dos ovos dourados para envolver. Erik não perdeu nada. Mas eu... eu perdi tudo, Ivete. Tudo! Meu marido e meu filho não estão mais comigo, o que eu faço agora?
— Viver, Helena! Você sabe como fazer. Também sinto falta do meu menino. Ele descendo as escadas chamando com aquela voz toda grossa... ele faz falta aqui, mas precisamos seguir em frente.
— Eu sei que tem razão, Ive, mas, rezo todos os dias pra que um milagre aconteça.
— Eu oro pelo mesmo, Lena. Mas não podemos deixar que isso nos abale mais.
— Então me fale de coisas boas. Como estão você e o policial?
— Como assim?
— Ora, vai se fazer de boba agora? Sei que gosta dele... ele também parece ter um apreço por você.
— De onde tirou isso, Helena?
— Vocês parecem dois adolescentes nerds que não têm coragem de chamar o outro pra sair.
— O mundo pode estar moderno, mas eu não vou chamar homem nenhum para sair! Não sou esse tipo! E também, meu tempo já passou para essas coisas de romance e namoro. Olha a minha idade, pelo amor de Deus!
— Ive, não diga isso! Eu sei que a maior parte da sua vida foi aqui comigo e minha família e por causa disso nunca formou a sua. Eu sou muito grata por tudo o que fez por nós, mas agora é hora de viver, Ivete! Não é tarde para ter um amor, uma família... pode optar por continuar como está e é um direito seu, mas daí dizer que já passou o tempo?! Não mesmo!
— Helena... — Ivete tomou o seu chá um pouco envergonhada. — acha mesmo que Sanches está interessado em mim?
— Não acho. Tenho certeza! Tanta certeza quanto eu tenho do meu nome! Vamos começar com uma coisa. Segura aqui, por favor. — Ela entregou a sua xícara a Ivete que pegou meio confusa.
Helena virou-se e começou soltar os grampos do cabelo de Ivete. Fazia tempo que ela não deixava os cabelos soltos em público, era uma forma de manter o seu profissionalismo e lembrá-la que embora fosse considerada parte da família, ela ainda era uma empregada.
Helena tirou grampo por grampo e arrumou os cabelos ondulados da mulher até estarem perfeitamente desalinhados em camadas. Quando terminou, apenas ficou a olhar para sua obra de arte.
— Agora sim! Está parecendo a dona dessa casa! Está proibida de prender esse cabelo a partir de hoje, está entendido dona Ivete?!
— Era mais prático.
— Mais prático que apenas deixar ele solto? Discordo! Você continua linda e agora a única coisa que te peço como sua patroa e amiga, é que você se cuide a partir de agora. Mike aparentemente se foi e não terei netos, não terá mais que ser prática e vai ter todo o tempo para si agora. Vou voltar pra Flórida no fim dessa semana e acompanhar tudo por lá, não faz sentido ficar aqui esperando e esperando. Vai ficar aqui até eu decidir o que vou fazer com essa casa. Só a mantivemos porque Mike gostava mais do Brasil que dos EUA. Vai lá, se veja no espelho.
Ivete levantou do divã e foi até a penteadeira ver como estava e adorou o que viu. Fazia tempo que ela não se arrumava e se sentiu bem ao encarar o seu reflexo.
Eu poderia mesmo ter uma chance de conhecer alguém? Ela pensou se admirando.
— Lena, que mágica foi essa?
— Nenhuma! Você só esqueceu da beleza que tem e tô te lembrando disso.
— Obrigada. Mas... vou ficar aqui nessa casa enorme sozinha por quanto tempo?
— Não por muito tempo eu espero. Quando completar um ano de Elias na empresa eu retorno e prometo que esta questão estará resolvida, enquanto isso preciso que fique aqui, não confio em mais ninguém nesse lugar.
— Tudo bem. Eu... vou trocar essa roupa então, tá meio...
— Senhora? Está mesmo! Vá colocar algo fresco, a tarde está ótima e seria bom nos distrairmos no jardim.
— Já volto. Vou me trocar e... obrigada Lena!
— Eu é que devo agradecer por tudo, minha amiga! Agora vai se arrumar que eu também vou, depois eu levo essas xícaras lá pra baixo.
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Atualizado até capítulo 207
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