Por Razões Inexplicáveis - Ametista & Mike

Shiiiii! Não faz barulho!

Elias congelou em sua cadeira por algumas horas sentado em seu escritório. Mike estava certo, algo realmente aconteceu com ele. O telefone foi desligado em seguida e ele tinha ordem para não deixar ninguém rastrear o seu número.

Ele não pôde deixar de se preocupar. Ele era uma fera. Mike derrubava qualquer um quando se descontrolava e tinha motivos de sobra para isso. Como puderam fazer algo contra ele?

Mesmo assim Mike foi tão precavido de saber que armariam para ele, e tão crente que se safaria que foi livremente para a toca do lobo?

Agora ele teria que ser o triplo cauteloso.

Graças ao ótimo salário que ganhava, ele montou sua caverna tecnológica e as melhores máquinas estavam ali escondidas atrás de uma parede falsa em seu apartamento; e com isso, todas as provas dos planos sujos de Erik e algumas orgias que Natasha participava, até mesmo Erik estava envolvido. Além de todo o plano de Mike. Olhando de fora ninguém diria que aquela sala existia, o que era seu maior orgulho.

Elias não queria, mas agora tinha uma grande responsabilidade nas mãos. Agora ele era o CEO por procuração, revogável apenas pela mãe de Mike, que já sabia do plano do filho. Em breve o advogado de Mike entraria em contato e isso o deixou trêmulo e assustado.

Ele ficou intrigado com a voz feminina ao fundo da ligação, parecia conhecer aquela voz, poderia alguém tê-lo encontrado? Ele pensou ainda com o celular na mão. A voz de Mike estava debilitada, parecia sem forças; Elias tratou de deixar tudo como Mike queria. Ele não era ganancioso e tinha um grande sentimento de gratidão pelo amigo que o ajudou tanto.

Elias não fazia ideia do que havia acontecido com Mike, mas sabia de alguma forma que ele não estava morto e que voltaria. Ele tinha um amor imenso pela empresa que seu pai lhe deixou e sua mãe precisava dele.

Elias apenas continuou sentado em sua poltrona imaginando o que fizeram com Mike, ele não podia fazer nada a não ser esperar que o plano começasse a andar. Provavelmente os próximos dias seriam conturbados e ele não podia dar a entender que sabia o que estava acontecendo.

Claro, o sumiço de Mike não estava nos planos, mas poderia vir a calhar. Ele faria relatórios dos dias em que Mike estivesse ausente.

O dia seguinte seria agitado, ele bem sabia. Mesmo preocupado e sabendo que Helena viria da Flórida imediatamente ao saber que o filho desapareceu, Elias forçou-se a ir para cama e tentar descansar um pouco. Erik não o deixaria em paz na ausência de Mike. Ele tinha que treinar sua cara de poker.

...***...

Natasha chegou em casa com a roupa toda rasgada e suja de sangue. Ela parecia lamentável.

Ivete, a governanta da casa, estava na cozinha preparando seu chá quando ouviu o barulho da porta. Ela não se importou em olhar porque Mike era fogoso com a esposa e as vezes, quando saíam, voltavam aos beijos e ficavam pela sala mesmo, antes de irem para o quarto.

No entanto, dessa vez, ela não ouviu a voz de Mike, mas a de Erik. Ela estranhou ele estar na casa aquela hora, e Mike, onde estava? Na ponta dos pés, ela caminhou até a porta e espiou. Deu graças por estar na cozinha de apoio.

— Agora vai ficar tudo bem. — Erik disse a fechar a porta.

— Você acha mesmo? — Natasha se jogou no sofá.

— Sim. Aquele idiota do Mike nunca mais vai nos atrapalhar. — Ele se jogou no sofá, bem próximo a Natasha.

— Eu te amo, Rik! — Ela disse com sinceridade, olhando nos olhos dele, que se surpreendeu com a confissão dela.

— Isso para mim, é novidade. — Ele franziu o cenho e olhou desconfiado.

— Não faria nada disso se não amasse você, seu idiota!

— Mais um motivo para termos feito o que fizemos, aquele babaca era um romântico a moda antiga, jamais te deixaria ir. Ia tentar consertar o inconsertável. Você foi feita para mim, não para ele, minha putinha!

— O que faremos agora? — ela estava apreensiva.

— Esperamos. Vão ligar para você reconhecer o corpo assim que o acharem. Vão investigar e ver que tem os exames de abuso sexual e vão te tirar da lista de suspeitos.

— E as câmeras do restaurante?

— Entramos em carros separados na saída, graças a sua inteligência. E na rua em que o deixamos não haviam câmeras, eu me assegurei disso. — Elias sorriu.

— Então...?

— Então vou dizer para a polícia o que combinamos, que uma hora depois que nos separamos no restaurante você me ligou aos prantos dizendo que... — ele fez sinal para ela continuar de onde ele parou.

— Fomos assaltados e que iriam nos matar se não déssemos dinheiro a eles. Mike pediu que me soltassem e ele lhes dariam o dinheiro em seguida e eles fizeram, mas antes abusaram de mim na frente dele.

— Boa menina, e o que mais...? — Erik revisava enquanto suas mãos subiam pelas coxas de Natasha a fazendo ofegar.

— Não vi seus rostos, eles estavam... hum! Erik!

— Continua... — Ele colocou um dedo dentro dela a instigando e obrigando a manter o controle.

Ivete tapou a boca mesmo sem emitir nenhum som. Ela não estava acreditando no que estava acontecendo naquela sala. Natasha e Erik estão juntos esse tempo todo e tramaram para eliminar Mike? Mas que porra...? Ela apertou o copo que segurava e continuou ouvindo.

— Eles estavam de touca ninja, não deu para ver nada. E-eu... ah, Erik! — Natasha se contorcia tentando não sucumbir ao toque de Erik.

— Shiii! Não faz barulho. A Ivete pode ouvir.

— E-eu liguei para você sem saber o que fazer e nem para onde levaram o meu marido. Fui direto prestar queixa e fazer os exames, depois disso você me trouxe para casa.

— Ótimo! Quando descobrirem que ele está morto você receberá a herança e ficará com tudo o que é dele.

— E você me ajudará, não sei nada sobre negócios e isso me dá nos nervos.

— Nada me faria mais feliz. — Erik beijou Natasha ainda com a mão entre as suas pernas.

No mesmo momento, o copo caiu da mão de Ivete. Mike, o seu menino, estava morto? O que ela viu e ouviu na sala era verdade, a esposa e o melhor amigo o traíram? Ela não estava sonhando?

Ela se afastou imediatamente para limpar o chão e deu de cara com Natasha e Erik. Ela levantou a cabeça e viu o estado de sua patroa, parecia que ela tinha mesmo sido abusada, mas ela ouviu tudo. Temendo pela sua vida ela levantou e imediatamente cobriu Natasha com sua manta.

— Senhora, o que houve? P-porque está assim, onde está o meu menino? Erik, me diga, o que houve?

Os dois se olharam a encararam. Ivete não tremeu e os encarou rezando para que ela estivesse sendo convincente. Natasha viu ali uma ótima oportunidade para começar a encenar; teria que fazer melhor com a policia , outra vez. De repente ela começou a chorar e abraçou Ivete, soluçando.

— Ivete, e-eu... levaram ele. Eles o levaram!

— Quem o levou, senhora por favor, se acalme e me diga o que aconteceu com você! Erik, ela te falou alguma coisa?

Erik não conseguiu responder Ivete. Ela o criou desde que a mãe dele faleceu depois do parto, ela era como a sua mãe. Ele sabia que ela sofreria pela morte de Mike, eles eram os meninos dela, não havia distinção.

Ele não conseguiu abrir a boca e mentir para ela. Por um segundo olhando nos olhos suplicantes dela ele se arrependeu, mas já não havia como desfazer o que foi feito. Mike estava morto.

— E-eles... olha... o que... fizeram comigo, eu não consegui... na frente dele... foi horrível!

— Ah! Querida, sinto muito. Vou preparar um chá calmante para você. Eu estava fazendo para mim, não conseguia dormir. Erik, coloque ela sentada alí, por favor.

Ivete foi para o fogão preparar a infusão. Natasha ainda chorava e Erik não dizia nada, pareciam mesmo preocupados com Mike. Ivete sentiu uma raiva crescer dentro do peito, mas não se atreveu a falar nada. Ela havia ajudado Helena a criar Mike e por consequência Erik, ela os amava como dela. Eles cresceram como irmãos... por quê Erik faria aquilo?

Como eles podem fingir que não mataram o amigo e esposo? Como vou provar o que eu ouvi? Ivete pensava enquanto servia o chá.

Ela queria sair dalí, estava com medo daqueles dois. Se eles mataram Mike, podiam eliminá-la sem problemas, mas ela não tinha para onde ir; sempre morou naquela casa. Ivete precisava contar a alguém, mas em quem ela podia confiar? Quem acreditaria nela, afinal?! Ela era apenas uma empregada.