Chegamos a questão

Os diretores queriam uma resposta e a vinda de Helena para eles era uma ótima solução.

— Embora eu tenha fundado essa empresa com o meu querido Mark, não tenho mais energia para estar a frente dela. Meu marido e meu filho não estão mais aqui e cabe a mim, designar um representante de confiança para ficar a frente e ser meus olhos, boca e ouvidos aqui.

Um burburinho começou na sala, mas ninguém ousou aumentar a voz para contestar, Erik estava excitado com a expectativa de ser o novo CEO do Grupo Scott e ouviu tudo atentamente.

— Essa pessoa vai gerir a empresa durante um ano, e se o desempenho dela for apreciado pelos presentes aqui nesta sala, terá a sua gestão prorrogada por mais um ano através de votação ao fim do prazo. Alguma dúvida antes de anunciar quem me representará?

— A gestão pode ser revogada? — Uma mulher ruiva perguntou.

— Apenas por mim. — Helena respondeu sem rodeios.

— Pode haver intervenção caso haja algum erro grave? — Um homem negro quis saber.

— O responsável terá um prazo para resolver o assunto conforme o dano. Se não for resolvido, eu retorno para uma nova reunião.

— E quem irá representá-la. Sra. Scott? — Erik perguntou calmamente.

— Chegamos a questão. — ela fixou o olhar em Erik. – o meu filho deixou uma procuração antes de sumir misteriosamente...

Erik engoliu em seco, mas não desviou o olhar nem um minuto sequer. Ele não estava entendendo bem o que estava acontecendo e não estava gostando nada daquilo.

— Essa procuração estava assinada por ele e também foi por mim. Dando a Elias a posição de CEO e o meu representante como sócio maioritário durante esse ano. Por isso uma votação só será possível no ano que vem. Mike confiava no trabalho dele e eu pude comprovar. Durante esse mês ele cuidou em sigilo de todas as suas funções e também os extras que lhe foram designados, portanto, confio na decisão do meu filho e lhes apresento o nosso mais novo CEO. Elias!

Alguns colegas torceram o nariz para a escolha, esses eram mais velhos e não julgavam que um garoto devesse ser responsável por algo tão grande. Ele era brilhante no trabalho dele, mas... ele daria conta? Outros ficaram felizes em ter alguém que era próximo a Mike e sabia o que ele queria para a empresa. Erik ficou furioso e não se conteve dessa vez.

— Seu aproveitador de merda! Então era esse seu plano? — Erik apontou o dedo para Elias.

— Do que está falando, Erik? — Elias apenas o olhou sem qualquer emoção.

— Não estão vendo? Foi ele! Foi ele quem sumiu com Mike para ficar com tudo!! Tia, ele não é qualificado para ser o CEO, ele nem é da família!

— Com base em quê você diz essas sandices? — Helena finalmente disse algo.

— Sim, Erik. Com base em quê você diz isso, se foram você e a esposa dele quem foram vistos com ele pela última vez. Onde estão os seguranças que estavam com ele àquela noite? Todos sumiram.

Todos olharam para Erik que ficou vermelho de raiva e partiu para cima de Elias. Antes ele teria apanhado, mas não agora. Elias bloqueou o golpe e contra golpeou logo abaixo das costelas de Erik que caiu no chão.

— Seu idiota! Quem desconfiaria do ‘nerd’? Agora vejo. Você planejou tudo!

— Posso processá-lo por calúnia se bem sabe. Você tem provas de que eu tramei contra o Sr. Scott?

— Erik, que show é esse?

— Tia...

— Sra. Scott, Erik. Não estamos num coquetel de família!

— Mas... Elias não é qualificado para gerir a empresa.

— E você com essa atitude é mais qualificado? Se não consegue lidar com o seu temperamento, tem muito a aprender ainda. Se almeja tanto a presidência da empresa, se empenhe e em um ano conversamos sobre isso! A decisão está tomada e não será revogada, acostume-se e se recomponha. — Helena olhou para todos e se preparou para sair da sala. — tenham todos uma ótima tarde. Elias, acompanhe-me por favor!

Eles foram para a sala do CEO para falar a sós e Helena pediu para que Natasha a esperasse no carro para irem juntas para a casa.

— Elias, o que foi aquilo?

— O Erik ter partido pra cima de mim? Não sei! — ele deu de ombros.

— Não... O que disse, sobre ele e Natasha terem sido os últimos a verem Mike.

— Ah! Sim. Vou resumir. Erik e Natasha tem um caso. Erik estava roubando Mike e os dois tramaram para matar seu filho.

Helena congelou com as palavras de Elias. Ela não podia acreditar no que ouviu; tinha inúmeras perguntas para fazer e nem sabia por onde começar. Ela nunca gostou de Natasha, mas em respeito ao filho, não se meteu na escolha dele e abençoou o casamento.

Ela nunca pensou que ela pudesse agir assim, o seu filho era um tesouro entre os homens, não por ser seu filho, mas, porque foi muito bem-educado e mesmo com alguns problemas nos nervos, ele sempre foi um gentleman. E Erik? Ele era como um irmão para Mike. Os dois se apaixonarem podia fazer sentido, acontece em qualquer lugar, mesmo sendo errado. Mas daí tramar a morte do amigo?!

— Isso não é possível, Elias. Não!

— Sim, é! Ele descobriu a traição e ficou destruído, mas decidiu se vingar deles antes de se separar de Natasha e tirar Elias da empresa. Suspeitava que algo poderia acontecer com ele e me deixou instruções antes de sair para jantar com Erik e Natasha na mesma noite em que sumiu; o resto, acredito que eles já lhe contaram a versão deles dos fatos. Eu liguei para ele segundos antes dele sumir de vez e quando atendeu, parecia estar muito machucado, falou com dificuldade.

— Mas se você sabe, porque não disse nada ainda?

— Ele pediu. Não sei porquê, mas penso que ele está vivo, mas debilitado.

— As instruções, são...?

— Acho melhor a senho-... você ler. — ele entregou a pasta para Helena. A cada página, Helena ficava mais horrorizada com a audácia dos dois. Mesmo não havendo provas sobre o envolvimento deles no desaparecimento de Mike, haviam provas sobre o caso dos dois e isso poderia ser vingado. Ela adorou o plano do seu filho e foi colocá-lo em prática assim que fechou a pasta.

...***...

Natasha e Helena chegaram na mansão e o advogado já estava lá na porta. Helena estranhou a decoração quando entrou, mas não disse nada, claramente viu que Elias não estava mentindo. O corpo de seu filho ainda nem foi encontrado e Natasha estava mais preocupada com a decoração. Ela acabaria com aquilo imediatamente.

— Ivete, minha amiga! Quanto tempo, que saudade!

— Helena, o tempo não passa para você, mulher!

— Estamos ótimas! Lembra do Dalton, advogado da família?

— Sim. Boa noite! Dalton.

— Boa noite! Ivete, bom vê-la.

— Vamos para a sala, vou preparar algo para nós.

— Não será necessário, Ivete.

— Natasha?

— Sim, Dona Helena!

— Vamos conversar ali na sala.

Todos foram para lá e se sentaram. Mesmo com a insistência de Helena em recusar ser servida, Ivete pediu para servirem algo leve para eles. Natasha estava serena como o mar em calmaria, mas o cheiro dos biscoitos a fez enjoar e ela passou mal na frente da sogra.

Ela já estava com quase três meses e escondia bem, mas ainda sentia enjoos fortes com algumas comidas e Ivete sabia disso, seria um ótimo momento para arruinar a imagem de Natasha de uma vez por todas. Helena, que estava controlada até o momento, ficou indignada. Não bastava tudo o que fez e ainda tinha uma criança envolvida?! Ela sabia bem que não podia ser de Mike.

Se ela comprasse a história de Natasha, poderia ter sido gerada pelo abuso que sofreu, mas ela já sabia de tudo. A expressão de todos na sala ficou escura. Natasha temeu por ela pela primeira vez em cinco anos que esteve ao lado de Mike. Ninguém nunca a tinha olhado daquele jeito antes.

— O que está acontecendo, Natasha?

— Estou mal do estômago, só isso.

— A casa está tão diferente...

— Era doloroso ficar aqui e lembrar de Mike em todo canto. Tudo nessa casa lembrava ele.

— Está tão certa de que ele não voltará?

— Era tudo o que eu mais queria! Mas admito que estou perdendo a esperança. Já se foi um mês e nada! Qual a probabilidade dele estar vivo ainda? Sabemos que as primeiras 24h são decisivas nesses casos, não temos mais isso... sinto tanto a falta dele...

— Então por que você o traía com o melhor amigo dele e ainda vai ter um fruto desse caso?

— Mas eu não fiz isso! A senhora conhecia o seu filho, que mulher o trairia?

— Mulheres gananciosas e sem escrúpulos! Essas o matariam pelo que ele tem. Muitas mulheres desse tipo acreditam que ele é uma presa fácil só por valorizar os seus relacionamentos.

— Não sou assim, eu amava o seu filho!

— Amava... no passado? Num mísero mês deixou de amá-lo?!

— Não foi isso que eu quis dizer...

— Então apenas diga o que quer dizer; nos entenderemos melhor, eu suponho.

— Eu não tenho nada com Erik. Isso é fofoca! Nós três sempre saímos juntos, eu até apresentava algumas amigas minhas para ele. Somos só amigos!

— Amigos?

— Sim! Mike fez a reversão da vasectomia, começamos a tentar...

— MENTIRA! — Helena se exaltou, mas respirou fundo e prosseguiu calmamente. — Eu sei de tudo, querida nora! Se tem uma coisa que eu me orgulho no meu filho mais que qualquer qualidade nele, é a inteligência! Vai continuar mentindo para mim, Natasha?

— Mas... eu... não... isso é alguma armação contra mim. Eu amava o meu marido de verdade! — Natasha se desesperou.

— Eu sei o que é amar alguém de verdade, o que é ser a luz de alguém e ser retribuído com a mesma intensidade. Eu fui feliz ao lado do meu marido e sinto a falta dele a cada hora do dia, amo Mark mesmo após anos e você em um mês sem Mike já diz que o amava. Preciso dessa maturidade emocional para conduzir a minha vida, querida!

— Dona Helena...

— Você se apaixonar por Erik seria aceitável, mesmo errado, é menos pior e acontece. O divórcio está aí para isso e está tudo bem. Se fosse esperta, ainda sairia com a conta uns cifrões mais gorda. Meu filho ficaria triste? Sim! Mas ficaria longe de você! Agora... não tem Mike, não tem dinheiro, não tem nada para você!

— Só pode ser coisa do Elias! Ele tentou me seduzir uma vez e eu recusei.

— Basta Natasha! Você me tirou o bem mais precioso deixado pelo meu amor. Ele não merecia o que fez! A partir de hoje, quero você longe desta casa e da minha família. Não tem direito a nada aqui!

— Claro que tenho! Sou a viúva do seu filho!

— Você não passa de uma desclassificada! Não manche mais a memória de Mike com bobagens. — Helena jogou na mesa a pasta com as provas da infidelidade de Natasha e a cláusula do contrato pré-nupcial onde dizia que, em caso de traição, o casamento seria anulado mediante provas. Mark certificou-se de munir os seus bens antes de partir. Ela não receberia nem um vintém da fortuna de Mike e já estava divorciada dele.

— Isso não vai ficar assim! — Natasha bateu a porta e saiu com a roupa do corpo. Não permitiram que levasse nada!

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***