Elias seguiu para o trabalho cedo. Desde o sumiço de Mike as coisas ficaram mais cansativas, mas ele estava feliz e estranhamente animado para começar a semana. As ordens que Mike deixou, seriam expostas e a vingança dele se concretizaria.
O advogado da família Scott já havia entrado em contato com ele para assinar a procuração, mas ainda não tinham divulgado nada por instruções de Mike. Então Elias continuou com suas funções normais e tomando as decisões mais importantes da empresa em sigilo. Mas agora havia chegado a hora de todos saberem.
Aquela altura, o desaparecimento do CEO já era de conhecimento de todos na empresa e os acionistas queriam uma resposta sobre as investigações. Já havia se passado um mês inteiro e nenhum sinal de Mike. Elias tinha esperança de que o seu amigo voltaria mais cedo ou mais tarde, mas não podia fazer com que as pessoas tivessem a mesma convicção.
Já o tinham dado como morto, pois não encontraram o corpo, não entraram em contato para resgate e as únicas provas que ajudariam a saber o que houve foram apagadas pela chuva. Suas contas estavam intactas e seguras, então descartaram a possibilidade de assalto ou sequestro e levantaram a hipótese de assassinato.
Mas mesmo assim tudo era um mistério. Se ele não tinha inimigos, quem iria querer o sumiço dele?
Essas perguntas eram feitas todos os dias nos corredores da empresa. Eles não sabiam o que Elias sabia. Entretanto, o paradeiro de Mike também era um mistério para ele.
Porra, Mike! Onde será que você se meteu? Não é ruim ser o chefe, mas eu nem tenho mais tempo para jogar. Sinto falta do meu tempo livre... Como amava vir para a empresa e ainda tinha energia pro resto?! Elias pensava a todo o tempo enquanto se olhava em frente ao espelho da sua sala.
Seu telefone tocou e ele foi ver quem era. Para a sua surpresa, era Helena, a mãe de Mike.
“Dona Helena. Bom dia! A que devo a honra dessa ligação?”
“Erik, bom dia! Quero saber como vão as coisas por aí. Já encontraram alguma pista do meu filho?”
“Ainda não. Temo que a polícia arquive o caso. Não encontraram nada! E Mike me deu ordens para não rastrear ou deixar que rastreiem o celular dele. Não faço ideia do porquê, mas isso me dá motivos pra acreditar que ele está bem e vai voltar na hora adequada.”
“Meu filho estava com algum problema? Algo que ele não quisesse me contar?”
“A senhora sabe que ele era muito reservado. Só sei o que ele me contou, que é o mesmo que a senhora sabe.”
“Então você sabe mais que eu, ele não me disse nada! Estou ficando sem esperanças! Fico me perguntando se ele pensou em mim quando elaborou esse plano maluco. Eu exijo saber o motivo, Elias!”
Elias suspirou e esfregou as têmporas com os dedos andando de um lado para o outro. Ele não sabia até onde Mike havia contado. Mas uma mãe desesperada era comovente e ele não gostava de ver mulheres chorando, ele precisava acalmá-la.
“O plano inicial não incluía um desaparecimento, mas ele previu que poderia acontecer algo com ele e agiu antes.”
“Ele só me disse que te deixaria no comando da empresa por um tempo e que você era de extrema confiança, mais nada. O que aconteceu de verdade, Elias? Estou a caminho do Rio agora e vou tirar a verdade de você. Ele jamais faria isso sem um bom motivo! Ele não estava normal ao telefone. Tenho que ir, vou embarcar agora.”
“Estarei aguardando no aeroporto quando chegar. Vou contar tudo.”
Assim eles desligaram a chamada e voltaram para seus afazeres.
...***...
A mansão estava um caos! Ivete não aguentava mais as exigências e chiliques de Natasha. Ela havia mudado tudo na casa, em apenas um mês. Não parecia mais com a casa que Mike cresceu e tinha tantas lembranças. Ela pegou as roupas dele e jogou num canto qualquer, sem o menor sentimento. Se não fosse por Ivete as guardar com cuidado, teria sido desperdício tantas roupas caras irem para o lixo ou mofarem num canto escuro qualquer.
Natasha mudou radicalmente em apenas duas semanas sem Mike. Era grossa, mesquinha e desrespeitava os funcionários da casa, isso ao longo do mês foi piorando. A gravidez ainda não estava aparente, mas ela já estava um manequim maior, e as brigas com Erik a deixavam mais irritada e quem era responsabilizado por algo que não cometeu, eram as ajudantes da casa. Ela não ousava ir além com Ivete, mas a humilhava vez ou outra.
Ivete estava aguentando tudo da melhor forma que podia, mas a convivência estava insuportável. O agente Sanches pediu para que ela aguentasse firme até que ele conseguisse provas de que Natasha e Erik estavam envolvidos no desaparecimento de Mike, depois que ela conseguiu contar a ele o que viu e ouviu na noite do suposto assalto.
Não havia crime perfeito, não é?! Bem-feito talvez, perfeito não. Apenas por isso ela não saiu da casa. Ela queria estar lá quando Mike chegasse e mais ainda ver a cara dos dois traidores ao ver que o seu plano falhou.
A notícia da vinda de Helena acalmou um pouco os ânimos de Natasha, todos estavam correndo para deixar tudo pronto para a chegada da senhora Scott. A nora não queria receber a sogra, mas não tinha outra opção, ela tinha que manter a pose de viúva.
Agora que Mike estava morto e ela estava grávida, ninguém poderia dizer que o filho não era dele. Quem iria desmentir? Mortos não falam! Ela poderia dizer que ele fez a reversão da vasectomia e falsificar o documento. Afinal, eles eram um casal feliz e ninguém viu o contrário, certo?!
Helena desembarcou no fim da tarde e como combinado, Elias estava lá para recebê-la. Helena era uma linda senhora, mesmo com seus sessenta anos, parecia que o tempo não havia passado para ela. Não gostava de cabelo preso ou roupas muito maduras e isso a deixava mais jovem ainda. Assim que viu Elias, ela abriu um sorriso terno. O jovem parecia mesmo confiável, ela caminhou em direção a ele rapidamente.
— Elias? — Ela estendeu a mão para cumprimentá-lo.
— Senhora Scott!
— Por favor, me chame apenas de Helena.
— Vou tentar. Para onde quer ir primeiro?
— Para a empresa liguei para Natasha e Erik e pedi que fossem também.
Elias engoliu em seco, mas assentiu e a guiou para o carro. Eles conversaram a metade do caminho e um tempo depois, um silêncio confortável pairou sobre eles. Quando chegaram, todos já estavam na sala de reuniões esperando sem entender o porquê da lendária Helena Meyers ter saído de sua casa no exterior para ir à empresa.
Poucos ali a tinham visto de perto desde o falecimento de seu esposo, ela raramente comparecia aos eventos, mas não tinha um na empresa que não tivesse ouvido falar dela e do amor que Mark tinha pela esposa.
— Boa tarde a todos! — Helena começou.
— Por favor, senhora Scott. — Elias ofereceu a cadeira principal para ela mas ela não se sentou, apenas ficou ao lado da cadeira vazia. A sombra de um sorriso apareceu em seus lábios e ela continuou.
— Vocês devem estar se perguntando o porque eu vim até a empresa. Mas suponho que sabem também o motivo pelo qual estou aqui. Há um mês meu filho desapareceu e não tivemos notícias dele até o atual momento, portanto precisamos seguir em frente e a empresa não pode sofrer com isso por mais doloroso que seja não ter mais o nosso CEO conosco.
Todos a ouviam atentamente, ela tinha uma aura tão imponente quanto a do seu filho. Eles viram de quem ele herdou muito de sua personalidade. Erik estava ansioso, ele sabia que ela anunciaria quem ficaria no lugar de Mike e achava com certeza que seria o escolhido. Sua tia o adorava e ele era o mais capaz.
Durante o mês que se passou trabalhou duro para que o seu desempenho fosse o melhor, era nítido que ele era a melhor escolha.
Natasha estava entediada; nem queria estar alí. Se tentasse ao menos usar a inteligência que tinha, saberia que era de suma importância para ela estar a par do assunto. Mas não era algo que a preocupava.
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Atualizado até capítulo 207
Comments
Mara Melo
É tão bom ler uma história diferente das centenas que eu tenho deixado de lado , porque são todas iguais , está dando prazer de ler algo tão diferenciado com emoção em cada capítulo , estou amando !!!
2024-05-04
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Ivanete Oliveira
quero ver a cara dos safados
2023-05-10
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