Merda, merda, merda! Tem um cara quase morto morrendo quase queimado. Merda, merda, merda! E tu já nem sabe mais o que tá falando. MERDA! Ametista pensava em círculos.
Ametista olhou, andou de um lado para o outro e viu um pedaço de paralelepípedo solto. Sem pensar muito, ela jogou a pedra nos vidros do carro. O fogo estava aumentando e ela estava ficando sem tempo e angustiada para tirar Mike lá de dentro.
Ele podia estar vivo ainda e se não, ela não gostaria que seu corpo fosse queimado, então presumiu que o homem também não. Ela conseguiu abrir a porta do carro e com muito custo conseguiu tirar Mike do veículo. O homem era enorme e ela teve que improvisar para arrastá-lo para longe do carro, estava tudo molhado e o homem muito machucado.
Ela estava tão desesperada para socorrê-lo, que só lembrou de verificar o pulso dele, quando já o tinha tirado do carro. Ela olhou e ele ainda tinha pulso; fraco, mas ainda estava vivo.
— Porra, acabaram contigo mesmo, hein Mike! O que será que tu fez?
Mike estava quase irreconhecível. O rosto inchado, muitos hematomas... parecia um jamelão que caiu da árvore.
A chuva estiou e ela conseguiu chamar a ambulância. Assim que ela embalou o celular e guardou na calça outra vez, o carro explodiu.
— Ca-ra-lho! — Ametista se assustou e tentou instintivamente proteger o corpo de Mike. — Olha cara, aguenta mais um pouco. Acho que até teu plano de saúde pode te matar. A ambulância demora um pouco.
Ela sussurrou no ouvido de Mike, que abriu os olhos, mas ela não percebeu. Ela levantou para olhar o carro queimando novamente e a chuva voltou a cair. Uma mão de repente tocou em sua perna e ela se assustou.
— Porra! Que susto, homem! — Ela se mexeu bruscamente. — Ai, desculpa. Te machuquei?
Ele já tá todo ferrado, Linn. Seu subconsciente gritou para lembrá-la do fato.
— O-obrigada. Me ajuda. Elias-diga-xeque-mate. — Mike sussurrou para ela e deu-lhe um pen-drive e uma chave pequena que estava num colar no seu pescoço.
— O quê? Quem é Elias? Mike, Mike, não morre por favor, não morre! É para dizer xeque-mate se ele ligar? É isso? Mas...? Por favor, não morre. Mike! Ligar de onde?
Ametista viu em algum lugar que chamar o nome da pessoa a mantinha acordada. Se dependesse do desespero dela, ela ficaria rouca.
Ele abaixou as mãos e seu celular estava ainda com ele. O celular tocou e Ametista deu um pulo mais uma vez. — Porra. Essa noite eu ainda enfarto. — Ela pegou rapidamente o celular e logo viu ser o tal Elias. Ela mostrou para ele e atendeu a chamada. Com as últimas forças que ele reuniu, disse:
— Elias... xeque-mate! — E desmaiou.
Ametista logo desligou o celular dele e guardou consigo com a chave e o pen-drive que ele lhe deu. Pensou que poderia ser importante, afinal, o cara quase morreu. Seria por causa daquilo? Ela não sabia e não queria mexer, se tivesse rastreador ela se meteria em problemas.
A chuva voltou a cair e a ambulância ainda não havia chegado, ela cantarolou baixinho para ele uma das suas músicas preferidas, verificando o seu pulso cada vez mais fraco. Ela estava se perguntando como ele estava aguentando tudo aquilo.
Ele ainda estava respirando mesmo depois de tudo, mesmo tendo perdido tanto sangue jogado no chão frio e molhado. As suas mãos conseguiram estancar o sangue no peito dele, mas ela não sabia quão grave era então não mexeu mais até que finalmente o socorro veio.
— Ah, graças aos céus! — Ametista respirou um pouco melhor.
Ela tirou a cabeça dele do seu colo com cuidado e foi até os paramédicos, atordoada.
— Por favor, ajudem! Ele está muito mal.
— A senhora é parente dele? — O paramédico a olhou desconfiado.
— Não, trabalho aqui perto e estava indo pra casa quando vi as chamas. — Ametista apontou para o carro.
— Tinha mais alguém no carro? — O homem insistiu, mesmo vendo que o carro estava completamente destruído.
— Não. Só ele. — Ametista olhou para o corpo de Mike sendo removido.
— Achou algum documento?
— Não. Não pensei nisso. Só em tirar ele do carro antes que explodisse.
— O nome dele... sabe?
— Só sei ser Mike. Ele disse antes de desmaiar.
— Você terá que vir conosco, ele não tem identificação e não sabemos o que houve. Como ficou ao lado dele até chegarmos, a senhorita é responsável por ele até ele acordar. Se ele morrer, você pode se meter em problemas, mocinha!
— Mas eu só prestei socorro, não fiz nada contra ele, moço!
— Se a única pessoa que pode confirmar isso morrer... não garanto que um rostinho bonito vá fazer com que as autoridades acreditem em você.
— Claro. Não entendi bem essa história, mas ok. Sabe me dizer se ele vai ficar bem?
— Não sabemos, o estado dele não parece bom.
— O homem quase morreu a esperar também. Demora da porra!
Ametista entrou na ambulância e foi para o hospital público mais próximo.
...***
...
Mike deu entrada na UTI e teve duas paradas cardíacas durante a cirurgia, mas foi estabilizado. Seus ferimentos foram tratados, mas ele entrou em coma devido aos traumas sofridos na cabeça e a alta dosagem de drogas que sua esposa havia usado para derrubá-lo.
Ametista ficou lá, sem se importar em estar encharcada ou suja com o sangue de Mike. Ela não conseguiu simplesmente sair e deixá-lo depois de tudo o que viu acontecer com ele. Mesmo que não pudesse fazer muito, assim que permitiram, ela entrou para vê-lo.
Ela entrou no quarto e ele estava lá, imóvel. Apenas o som dos aparelhos e a respiração cansada de Mike ecoavam no quarto. Ela se aproximou dele e conversou baixinho.
— Conseguimos, viu?! Obrigada por não morrer! Eu não sei o que fez, mas ninguém merece aquilo que passou. Eu vi tudo.
O corpo de Mike começou a tremer e lágrimas saíam dos seus olhos, mesmo fechados. Ametista segurou a mão trêmula dele tentando acalmá-lo.
— Calma, calma. Não vamos mais falar disso. Eu ouvi dizerem o seu nome. Mike... não é?! O meu nome é Ametista! Te falar uma coisa, você é pesado, sabia?!
Mike apertou a mão de Ametista de leve e ela sorriu.
— Bom saber que ainda está aí. Vou cuidar de você, está bem? Não sei se pode confiar em mim, não depois de hoje, mas vou cuidar de você. Eu tenho que ir em casa trocar de roupa. Mas eu volto, tá?!
Ela fez um carinho no rosto ainda inchado e muito machucado dele, e ele apertou mais uma vez a mão dela. Depois de um tempo ela saiu da sala e foi falar com o médico.
— Doutor, alguma notícia sobre ele?
— Não. Mas vamos esperar que a família o procure. Alguém vai sentir falta dele em algum momento.
Ametista não acreditou que alguém viria. Ela ouviu a mulher e o homem chamado Erik dizerem que ele não tinha família a não ser a esposa; que naquele momento devia estar comemorando acreditando que ele estava morto.
— É... vamos aguardar. Ele vai ficar bem? Vai acordar?
— Ele sofreu um trauma grande na cabeça mas não corre perigo. O coma é devido ao choque e a alta quantidade de entorpecente que foi encontrado no organismo dele. A desintoxicação e a cirurgia foram bem sucedidas e ele vai acordar em breve. Ele é saudável e forte, vai se recuperar rápido.
— Que bom! Eu fiquei espantada quando o encontrei. Pensei que fosse...
— Você agiu bem a tempo, menina. Salvou alguém hoje. Vá para casa e descanse.
— Vou sim, mas vou voltar. Posso acompanhá-lo enquanto a família dele não aparece?
— Na falta de um familiar, você pode ficar. Você quem o trouxe e preencheu a ficha.
— Está bem. Vou em casa tomar banho, doutor…?
— Paulo!
— Então... até daqui a pouco, dr. Paulo!
Ametista saiu do hospital e pediu carona a um motorista de ônibus que achou a moça tão miserável que não pôde negar ajuda.
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Atualizado até capítulo 207
Comments
Ivanete Oliveira
q bom q ele vai se salvar
2023-05-10
2
Sueli Silva
adorando
2023-02-18
1
T.S Flowers
Que bom que tá gostando, flor! Fico muito feliz e animada pra continuar escrevendo!
2023-01-11
0