Os dias e semanas passaram e Rafael ia e voltava do hospital, até que não saiu mais. O tratamento inicial não funcionou e ele precisou continuar com a quimioterapia. Estava debilitado, magro e careca e não queria que ninguém, mesmo Mel, o visitasse. Ela já estava no sétimo mês de gestação e já sentia os transtornos do final da gestação. Mas adorava sentir os movimentos do bebê e conversar com ele. Não estava mais sozinha.
O tio de Rafael tentou de todas as formas, através da justiça, uma maneira de assumir as empresas e os negócios de Rafael. Mas George estava atento e combatia todas as suas interferências. Segundo a justiça, enquanto Rafael estivesse vivo, ninguém poderia tirar de suas mãos o seu patrimônio.
Mel foi visitar Rafael, apesar dele insistir que não queria ver ninguém e chegou na hora da visita, mas já havia outra mulher lá dentro e como a porta estava só encostada, ela conseguiu ouvir o que a outra dizia do lado de dentro.
— Viu, Rafael, você brigou tanto e no final quem tá perdendo é você!
— O que veio fazer aqui, Giulia?
— Tripudiar, o que mais? Você está aí, nessa cama, fraco e indefeso, um perfeito moribundo, o que mais eu podia fazer aqui a não ser tripudiar em cima da sua fragilidade?
— Vá embora, mulher maluca!
— Maluca, eu? Você não me conhece, amorzinho. Não sabe do que eu sou capaz.
Mel, do lado de fora não gostou do que estava ouvindo e principalmente, do silêncio que se fez e logo Rafael começou a falar, agitado:
— Pare com isso, sua louca, o que está fazendo?
Então Mel tomou a atitude de entrar correndo no quarto e viu que a outra estava mexendo no controle da medicação venosa que ele tomava. Mel gritou por socorro e bateu na mão de Júlia e empurrou-a para longe, mas a mulher era forte e opôs resistência, partindo para um combate corpo a corpo e só não conseguiu derrubar Mel, porque as atendentes chegaram rápido.
— Rápido, ela mexeu na medicação dele.
Um segurança entrou e segurou Giulia enquanto a enfermeira foi verificar a medicação, Rafael já se entortava para trás revirando os olhos e elas precisaram chamar o médico pelo auto falante. Os atendentes conduziram Mel até a porta, para dar espaço para eles cuidarem de Rafael, sem precisarem se preocupar com ela. Ela ficou do lado de fora andando de um lado para o outro no corredor, até que todos saíram e informaram que ele estava bem.
Mel ligou para George informando o que havia acontecido e ele ficou muito preocupado, pediu que um dos seguranças da empresa fosse fazer plantão na porta do quarto e não permitisse ninguém entrar, só ele e Mel. Ele fez uma petição de restrição, para impedir que Giulia se aproximasse de Rafael.
Mais uma semana se passou e finalmente receberam uma boa notícia, o transplante que fizeram com as próprias células do paciente, estava começando a dar resultado. Ainda demoraria para que começasse a melhorar, mas era um bom sinal.
Nesse meio tempo, Melanie foi fazer a ultrassonografia que mostrava a aparência do bebê. George acompanhou, como sempre, sendo que das outras vezes, não era uma ultrassonografia com uma imagem tão real e eles estavam empolgados.
Era um menino, estava crescendo normalmente e agora que chegou ao último estágio da gravidez, ele já começou a engordar. Parecia-se com Melanie mas tinha uma testa alta que lembrava Rafael. George ficou olhando a imagem e achou incrível a tecnologia que mostrava aquele tipo de imagem dentro do ventre da mãe. Mel deixava verter as lágrimas de seus olhos, cheia de emoção, pois a gravidez foi algo muito inesperado, mas ela estava feliz em ser mãe.
Do consultório da ginecologista foram direto para o dormitório de Rafael e levaram a gravação da ultrassonografia. Entraram no quarto devagar, pois não queriam incomodar o doente. Rafael percebeu a entrada de pessoas e virou o rosto cansado, para olhar e reconhecendo que era seu amigo com aquela contadora e seu barrigão, sorriu.
— Mel veio fazer a ultrassonografia de imagem e eu vim acompanhar, pela curiosidade. Trouxe a gravação, quer ver? — perguntou George, animado.
— Por que eu iria querer ver a imagem dessa criança? — Aborreceu-se o paciente, despeitado.
— Porque é o filho de Mel e você não pode me enganar, porque sei que gosta dela.
— Não enche, George. É menino ou menina? — Não resistiu a curiosidade.
— É um meninão esperto. — respondeu o amigo, pegando o seu notebook e colocando o pendrive.
Mel se aproximou da cama, devagar parou ao lado dele e ele a fitou fixamente nos olhos. Ela pegou-lhe a mão e pousou em sua barriga, em um local onde o bebê estava se mexendo. Ele se emocionou e seus olhos ficaram vermelhos, olhando para ela.
— Ele está muito bem, quase pronto para nascer. — disse ela.
— Quem sabe saímos do hospital juntos. — falou Rafael, mas quem olhasse para ele, não teria esperança.
O médico entrou no quarto neste instante e viu Rafael emocionado com a mão na barriga de Mel e franziu a testa ao lhe passar uma ideia pela mente. Não disse nada, mas ao sair, pediu que Melanie o acompanhasse. Ela o seguiu até o corredor e pararam para conversar.
— Pois não doutor, o que o senhor gostaria de falar comigo? — perguntou ela, assim que chegaram ao corredor.
— Quanto tempo ainda falta para o bebê nascer? — perguntou o médico.
— Quase dois meses, doutor, por que?
— Quero que você me responda com toda sinceridade do mundo, mesmo que isso possa ser imprudente, mas é questão de vida ou morte.
— Pode perguntar, Doutor, eu não me incomodo e lhe responderei com a verdade.
— Eu vi algumas reportagens na televisão e quero saber se esse filho que você espera é ou não é do paciente Rafael?
Melanie realmente se sentiu incomodada com a pergunta, já que Rafael negava para todos que o filho era dele. Olhou para todos os lados para ver se não haviam ouvidos indiscretos no local e confirmou para o doutor com a cabeça sem emitir palavra alguma.
— Você tem certeza?
— Sim, doutor.
— Aceitaria se submeter a um exame? Venha ao meu consultório para podermos conversar mais à vontade.
Mel o seguiu mais uma vez para conversarem em particular no consultório e depois que fechou a porta sentou-se à frente dele e o médico lhe contou qual era a sua ideia:
— Infelizmente, não sei o porquê, o tratamento não está funcionando e no estágio em que está a doença de Rafael, o ideal seria um transplante de célula tronco. Podemos transplantar nele, células troncos, retiradas do cordão umbilical de seu bebê.
— Daria certo, doutor, ele ficaria curado?
— Sim, se forem compatíveis. Para isso preciso fazer os exames, primeiro o de comprovação de paternidade e depois o de compatibilidade.
— Eu aceito fazer qualquer coisa que possa salvar o pai do meu filho.
— Podemos prosseguir com os exames e assim que sair a compatibilidade, falaremos com ele. Precisaremos pegar uma autorização do próprio, para poder fazer o transplante.
— Esta é que será a dificuldade, doutor, ele não aceita que esse filho é dele.
— Vamos deixar isso para depois. Verificaremos primeiro se é compatível, os próprios exames determinarão a paternidade e ele terá que aceitar, contra provas não há argumentos.
Melanie sorriu feliz, primeiro porque teria a prova de que Rafael é realmente o pai do seu filho e segundo que seu filho pode salvar a vida do pai. Foi levada pelo médico até o laboratório, ele passou os pedidos e encaminhou ela e imediatamente ela foi para a sala de exames e concluiu tudo que precisava fazer.
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Atualizado até capítulo 52
Comments
Giorgia
Que linda dádiva, o filho já nascerá salvando a vida do pai..... Só por Deus!!!!
2024-08-07
3
Joselia Freitas
Que mulher horrorosa 🪱😡😔
2024-06-23
2
Dayanne Sanntos
essa tal de Giulia vai da trabalho ainda viu...
2024-02-21
5