Capítulo 20. Procedimento

George cuidou de tudo, o único problema era que o tio de Rafael, também estava cuidando de tudo por baixo dos panos, para assumir a direção da empresa enquanto o seu sobrinho estava no hospital. Primeiro conseguiu uma autorização para visitá-lo, já que ele está em estado moribundo. Levou sua esposa e sua enteada, depois de bolar um plano mirabolante.

Entrou com as duas e aproveitou que ele estava sozinho, para falar pelos cotovelos, tudo que planejou:

— Desculpe, meu sobrinho, sei que está cansado e não vou falar muito. Já tomei todas as providências para dirigir a empresa enquanto você está aqui, mas para facilitar, eu trouxe uma solução melhor para você, como você está no hospital nesse estado lastimável, tem uma lei que permite casamentos de emergência e minha enteada está disposta a se casar com você, nessas condições.

— Muito prático e bem pensado de sua parte, tio, mas não posso me casar com ela e principalmente, não quero me casar com ela. Gostaria muito que o senhor fosse embora, hoje já tomei todas as decisões referentes à empresa.

— Você pode nem querer casar com minha enteada, mas a empresa já está nas minhas mãos.

— Veremos, tio. George já cuidou de tudo e daqui a pouco ele estará aqui.

— Eu gostaria que você fizesse tudo de forma cordata, para não ter que brigarmos na justiça com você nesse estado moribundo. — o homem não poupava palavras depreciativas.

— Não se esqueça que milagres acontecem, tio.

— Você tem certeza que não quer casar com a minha enteada, eu pedi ao pároco do hospital, que viesse até aqui para realizar a cerimônia.

O paraco entrou naquele quarto que já lhe era conhecido e olhou para todos os presentes, perguntando:

— Pois não, chamaram-me para uma cerimônia? Seria uma extrema unção.

— Sim, chamei, mas não é para uma extrema unção, é para casar a minha enteada e o meu sobrinho que está em estado moribundo.

— Desculpe-me mas não poderei lhe atender, pois seu sobrinho já é casado. — afirmou o pároco.

— Como assim? — perguntaram, tio e sobrinho, juntos.

— Sim, realizamos o casamento esta madrugada. Se é só isso, voltarei para a capela.

— Pode ir, obrigada capelão. — liberou-o Rafael.

Rafael achou melhor ficar calado, pois independente daquilo ser uma mentira, estava livrando ele da cilada do seu tio.

— Sugiro que agora o senhor vá embora

— Eu vou, mas irei direto para a empresa e tomarei lá o meu lugar.

— Vá logo embora e pare de me encher.

A família foi embora e Rafael pegou com dificuldade o celular, na mesinha ao lado da cama e ligou para George, contando sobre o acontecido e George saiu direto para a empresa, convocou os diretores e o vice para uma reunião, assim que todos chegaram, ele logo pôs todos a paz do que estava acontecendo.

— Boa tarde, senhores. O nosso CEO está com leucemia e irá fazer um transpante de célula tronco hoje. Porém, temos uma emergência, e tanto, Melanie e eu, que estamos na direção, não poderemos estar aqui. O tio de Rafael conseguiu uma liminar para dirigir a empresa enquanto o sobrinho está moribundo no hospital, segundo as palavras dele. Eu tomei a atitude de bloquear todas as contas, para que ele não tenha acesso e peço a vocês que continuem tratando ele como apenas o tio, pois creio que muito em breve estaremos todos de volta e o CEO verdadeiro assumirá seu cargo. Posso contar com todos vocês?

Nesse instante entrou pela porta, o empertigado e convencido atual presidente da empresa, senhor Jefferson Dimas.

— Que bom que já estão todos aqui presentes, eu trouxe a procuração que me dá direito a administrar a empresa enquanto o meu sobrinho está no hospital e espero poder contar com todos vocês.

Todos então se viraram para George e responderam a pergunta que ele havia feito, com um sonoro sim e o tio de Rafael ficou pensando que estavam consentindo com ele e saiu pela porta, feliz e satisfeito e direcionou-se ao escritório de Rafael. Seu primeiro ato como presidente foi criar um fundo de participação para ele próprio, onde uma porcentagem de tudo que fosse faturado, seria depositado em sua conta.

Ele só não sabia que tudo que fazia era falso e todos agiam como se estivesse certo mas não concluíram nada, por ordem de George. George deixou em seu lugar o outro advogado da empresa, o Dr. Getúlio, que era muito competente e também da total confiança de Rafael.

*

No hospital, Rafael questionava ao médico sobte o que havia acontecido de madrugada, enquanto era preparado para o transplante que ele não sabia que ia fazer.

— Como posso ter casado de madrugada e não me lembrar de nada? Isso está me parecendo uma grande marmota.

— Mas não é, e este casamento fará um milagre pelo Senhor.

Enquanto o médico falava, eestava sendo inserido um sedativo no acesso do braço de Rafael e ele nem sabia o que era, só começou a se sentir sonolento e apagou e nesse instante o removeram do quarto e levaram para a sala de cirurgia para o transplante. Com tudo realizado, levaram ele para a unidade de tratamento intensiva, para monitorarem e fazerem o acompanhamento de tudo que lhe acontecia após o transplante.

O médico foi até o quarto de Melanie e comunicou que tinha encerrado o procedimento e que dera tudo certo. Comunicou que ele não estava mais internado no mesmo quarto, mas ficaria  na UTI, por medida de segurança. 

— O senhor tem noção de quantos dias levará para que ele dê sinal de melhora?

— O tempo que demora para a pega é normalmente de 15 a 21 dias, nós já multiplicamos as células sanguíneas que retiramos do cordão umbilical no seu bebê e  aplicamos nele o máximo possível, para vermos se conseguimos que responda rapidamente.

— Isso será muito bom, doutor, então creio que quando meu bebê nascer, ele já estará bem para ver.

— Provavelmente, só há um pequeno problema, que é a questão dele não fazer ideia de que esse bebê é dele.

— Depois do transplante, ele poderá fazer o exame da cabeça?

— Durante os primeiros meses é melhor que não, Pois as ondas magnéticas podem atrapalhar a melhora do seu organismo.

— Entendo, obrigada por vir me avisar, Doutor, agora é só crer em Deus que dará tudo certo.

— Exatamente e a senhora fique aqui quietinha, até que saibamos que está boa para poder ter alta.

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