A hora passou com a leitura e Marina nem percebeu. Por volta das seis horas da noite, Jamila trouxe um lanche para ela. Marina comeu e continuou entretida na sua leitura.
O dia foi bastante exaustivo para Felipe na empresa. Diversas reuniões e alguns problemas internos fizeram com que ele chegasse em casa por volta das onze horas da noite. Ele já tinha avisado a Jamila que não jantaria em casa e assim que sr. Lima o deixou na entrada principal, ele percebeu que toda parte interna da casa já estava apagada, pois todos tinham se recolhido para dormir, exceto pela biblioteca. Felipe sabia que os empregados costumavam pegar livros emprestados para leituras particulares, mas ninguém ficava lendo na sua biblioteca.
FELIPE COM ROUPA DO TRABALHO
Entrando em casa, ele seguiu direto para biblioteca para apagar a luz daquele ambiente. Para surpresa de Felipe, ele encontrou Marina, sentada em uma das poltronas, inteiramente absorvida pela leitura, que não percebeu nem a presença dele no cômodo. Ela estava tão relaxada e tinha o semblante tão calmo lendo, que Felipe por um momento esqueceu que ela era “órfã” que Victor estava protegendo. Ele não tinha motivos para ter raiva de Marina, mas desde que Victor anunciou que iria receber a jovem, Felipe ficou irritado com aquilo. Seu pai foi capaz de abandonar ele durante toda a infância e de repente, Victor recebia de portas abertas uma jovem que nem era sua parente de sangue.
- Boa noite. - Felipe falou assustando Marina, que imediatamente se levantou da poltrona, confusa.
- Eu ... - Marina olhou de um lado para o outro nervosa, como se tivesse sido pega fazendo algo errado. - Eu estava entediada e entrei aqui para ler. - Ela não queria entregar Jamila, dizendo que foi ideia dela a leitura na biblioteca. Não queria que Felipe brigasse com ela. - Eu não vi a hora passar. - Marina guardou o livro no mesmo lugar onde estava e seguiu para sair da biblioteca.
Antes que ela pudesse passar por ele, Felipe se moveu rapidamente para bloquear a saída de Marina, que estancou quase esbarrando nele.
- Eu falei “Boa noite” e você não me cumprimentou de volta. - Felipe falou num tom baixo, como se estivesse advertindo Marina. Ao mesmo tempo, ele a encarou nos olhos, observando que ela estava maquiada e com cabelos arrumados. A maquiagem era leve a realçava ainda mais a beleza dela. Aquilo com certeza era obra de Ângela.
- Eu achei que não tinha problema ficar lendo aqui. - Por conta do nervosismo, Marina não prestou atenção no que Felipe falou. Ela não queria mais uma briga com ele.
- Mas eu não reclamei de nada. Eu só falei “Boa noite” - A voz de Felipe era baixa e rouca. Delicadamente, ele tocou o queixo de Marina, levantando um pouco seu rosto. - Você está linda.
O toque da mão dele em seu rosto, a proximidade de seu corpo, o perfume inebriante que Felipe usava e aquele olhar intenso deixavam Marina inquieta. Um calor interno fazia com que ela ficasse com a respiração um pouco agitada, num misto de sensações e expectativas até então desconhecidas para ela. Assustada, Marina deu um passo para trás, fazendo com que Felipe soltasse o seu rosto. Ele sorriu sabendo exatamente tudo que se passava na mente dele.
- Boa noite. - Marina respondeu saindo daquele transe e encantada em como ele ficava bonito quando sorria. Ela pensou que ele deveria sorrir mais vezes.
- Você pode usar a biblioteca sempre que quiser, Marina. Eu não me incomodo com isso. - O tom de gentileza na voz de Felipe fez com que ela ficasse mais à vontade.
- Obrigada. Eu vou voltar para meu quarto. Já está tarde e eu sei que você não gosta que eu fique andando pela casa a noite. - Marina falou isso e se arrependeu no mesmo minuto. Não queria trazer nenhuma recordação da briga anterior, principalmente agora que Felipe estava sendo gentil com ela.
- O que você estava lendo? - Ele perguntou curioso, passando por Marina e entrando na biblioteca, na tentativa de fazer com que ela ficasse mais tempo com ele ali.
- Era um livro de contos franceses. - Ela respondeu virando-se de frente para Felipe, querendo manter aquele clima cordial entre eles.
- Você sabe ler em francês? - Felipe questionou erguendo as sobrancelhas surpreso.
- Eu sou fluente em quatro idiomas. - Marina respondeu altiva. - Minha mãe me ensinou.
- E sabe tocar piano. - Isso não foi uma pergunta e sim uma afirmação. - Eu vi você tocando para Victor na outra noite. Com quem você aprendeu a tocar? - No fundo, isso não interessava a Felipe. Ele só queria manter a companhia de Marina por mais tempo.
- No começo foi com Paulo...
- Ahn! Seu namorado do interior. - Felipe interrompeu Marina. Ouvir ela falar de Paulo provocava ciúmes nele.
- Ele não é do interior. A fazenda dos pais dele fica na mesma cidade onde eu morava. - Explicou Marina inocente. - Paulo morava na cidade grande e ele sempre vinha durante as férias ou feriados. Ele é mais avançado no piano, mas depois começamos a ter aulas juntos nas férias.
- Então, você que é a namorada do interior. Na cidade, ele deveria ter outras namoradas. - Felipe riu querendo provocar Marina com aquele comentário porque estava com ciúmes e não compreendia aquela sensação.
- Claro que não! - Respondeu Marina irritada. - Bem, eu achei que poderíamos conversar como duas pessoas normais. Achei que poderia ser sua amiga, mas você sempre tenta provocar uma briga.
- Que tipo de amizade você tem em mente, Marina? Eu não tenho amigas do sexo feminino. - A pontada de sarcasmo era evidente na voz de Felipe, mas Marina não percebeu isso.
- Minha mãe tinha tio Victor como um irmão. - Marina respondeu em um tom calmo e pensativo. - Já que ele é seu pai, nós somos quase primos. Não é?
- Acredito que sim. - Felipe ficou surpreso com a proposta e em seguida, achou divertido.
- Então é isso. Nós seremos primos. - Marina ficou satisfeita com aquela solução para os problemas com Felipe. - Agora, eu vou dormir. Boa noite.
Em seguida, Marina saiu alegre para seu quarto.
Controlando a vontade de puxar ela para seus braços, Felipe também foi para seu próprio quarto, onde se serviu de uma dose de whisky e se sentou no sofá. Ele não sabia de onde surgiu aquele interesse em Marina. Pensou até em despachá-la para casa de Victor, mas isso foi antes de conhecê-la. Ela era tão linda e gentil, mas ao mesmo tempo tão inocente e vulnerável. Talvez fosse o fato de ela ter perdido os pais de forma repentina. Felipe foi uma criança abandonada e sabia o que era estar sozinho no mundo. Ou, quem sabe, aqueles espetaculares olhos azuis, que o observavam com tanta atenção como se ela estivesse tentando enxergar dentro da sua alma. Marina não tinha maldade, nem precisava dela, pois aqueles olhos seriam capazes de seduzir um santo.
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Atualizado até capítulo 81
Comments
Silvaneide Ágatha
ele ficou com ciúmes do pai 😭
2024-12-05
1
Silvaneide Ágatha
Xonou 😍😍😍😍
2024-12-05
0
Silvaneide Ágatha
ciumento
2024-12-05
0