Capítulo 04

Na semana seguinte ao beijo que Paulo havia dado em Marina, ela passou a agir de forma diferente com ele. Sempre evitava ficar sozinha e não aceitava mais os convites de Paulo para ir para fazenda ou tomar banho no lago. Ela não tinha gostado da forma como ele tinha tratado ela, mas ficou extremamente mexida com aquele beijo e com fato de Paulo estar indo morar 1 ano fora. Marina não conseguia afastar a sensação de ser abandonada por ele. Durante aquele tempo fora, Paulo podia muito bem esquecer dela e da amizade deles.

Cynthia tinha preparado uma festa de despedida para Paulo, pois no outro dia, ele já ia viajar para estudar fora. Obviamente, Marina e seus pais foram convidados para o evento.

- Marina vá se trocar para festa de Paulo. Já estamos em cima da hora. - Avisou Luiza ao perceber que Marina ainda estava deitada na sala assistindo a um filme.

- Nós podemos chegar um pouco mais tarde\, mamãe. Não quero ficar na festa durante muito tempo.

- Aconteceu alguma coisa? - Luiza perguntou se aproximando. - Você está chateada porque Paulo vai ficar esse tempo morando fora?

- Não\, mamãe. Não é nada disso. - Marina se adiantou em justificar. - Paulo é meu amigo e eu desejo o melhor para ele. Acho até que ele devia ter feito faculdade fora\, mas ele não quis.

- Eu notei que essa semana\, ele não apareceu aqui e você também não saiu muito de casa.

- Claro. Ele tem que se preparar para viagem e eu não quis atrapalhar. - Marina não ia contar para sua mãe o que tinha acontecido no lago. Por menos experiente que fosse\, ela tinha ideia do que Paulo queria e não precisa de Luiza para esclarecer aquilo.

- Bem\, eu estou indo me trocar e aconselho você a fazer o mesmo para não chatear seu pai. - Luzia seguiu em direção ao banheiro. - Sim! Use aquele vestido de bolinhas\, ele fica lindo em você.

- Certo\, mamãe. - Marina não tinha a mínima intenção de ficar linda. Queria somente chegar naquela festa e ir embora o mais rápido possível. Ela estava magoada com Paulo. Ele pensava que podia rolar alguma coisa entre eles ali\, naquele lago e depois ele ia embora por um ano?

MARINA

Por volta das oito horas da noite, Marina e seus pais chegaram na fazenda Toledo para festa de despedida de Paulo. Não era um grande evento, pois a maioria dos amigos de Paulo moravam na cidade grande e a maior festa foi lá mesmo, mas os pais dele fizeram questão de fazer alguma comemoração na fazenda também.

Assim que Paulo viu Marina chegando com seus pais, ele foi direto para entrada para recebê-los. Desde o beijo, Paulo sabia que Marina estava o evitando e queria conversar com ela antes de ir embora. Não queria viajar com aquele clima estranho entre eles.

- Olá Dona Luiza\, senhor Pedro\, como vão? - Paulo cumprimentou educadamente. - Olá Marina. - Ele sorriu sem graça para ela.

- Oi Paulo. - Luiza o cumprimentou de volta\, sorrindo e o pai de Marina fez a mesma coisa.

- Meus pais estão lá fora\, no terraço\, esperando vocês. - Paulo comunicou e assim que os pais de Marina passaram por ele\, ele segurou Marina pelo braço\, impedindo que ela continuasse seguindo-os. - Eu quero falar com você.

- Paulo\, eu quero ficar com os meus pais. Você pode soltar meu braço. - Marina o encarou com firmeza\, falando baixo para que os pais não escutassem aquela troca de palavras entre eles.

- Primeiro\, nós vamos conversar. - Sem muita cerimônia\, Paulo levou Marina para um canto da casa onde sabia que não seria interrompido. - Você está chateada comigo por conta daquele beijo? - Ele optou por ser direto.

- É que... não... - Marina titubeou nervosa. - Não teve importância nenhuma para mim\, mas eu não gostei de ser tratada daquela forma. - Por fim\, ela conseguiu falar o que estava preso na sua garganta.

- Para mim teve toda importância do mundo\, Marina. - Paulo olhava dentro dos olhos dela\, deixando Marina um pouco inquieta. - Eu sou apaixonado e quero me casar com você. Não é possível que você não tenha percebido isso ainda.

Sem palavras, Marina ficou surpresa. Ela não esperava por aquela confissão de Paulo. Ela sentia algo por ele, mas não tinha certeza se nutria algum sentimento romântico. Obviamente, Marina não tinha muita experiência nessa área, mas já tinha visto filmes, lido vários livros e quando Paulo a beijou no lago, ela não sentiu nada daquilo que os livros costumavam descrever sobre um beijo apaixonado. Ela não foi tomada por nenhuma sensação de vertiginosa excitação ou tinha ficado tão envolvida no beijo dele, que parou de pensar. Pelo contrário, ela tinha noção de tudo que estava acontecendo ficou ofendida quando Paulo apertou sua bunda.

- Eu não sei se me sinto do mesmo jeito que você\, Paulo. - Ela começou nervosa. - Também não gostei da forma que você me tratou no lago. Você vai passar 1 ano fora\, pode ser até que não volte mais e agiu daquela maneira comigo.

- Você nunca teve uma experiência amorosa. Dessa forma\, você não tem parâmetro para saber o que senti por mim\, mas eu sou paciente\, Marina. - Paulo insistiu\, fingindo não ter ouvido o restante que ela falou. - Eu só preciso que você prometa que vai esperar por mim e não vai se envolver com outra pessoa. Você é linda e eu sei que tem vários homens dessa cidade pequena atrás de você\, mas você é minha. - Paulo sabia que Luiza não deixaria Marina se relacionar com aqueles homens\, ela queria mais para filha dela. Contudo\, ele queria garantir uma promessa da própria Marina. - Nós combinamos em tudo. Seremos um casal perfeito e feliz. - Nesse momento\, Paulo baixou a cabeça tocando os lábios de Marina com delicadeza e ela retribuiu o beijo dele. Minutos depois\, sorrindo\, Paulo interrompeu o beijo para que ela pudesse responder.

- Eu vou esperar você voltar e vamos ver como os nossos sentimentos estão. - Marina mordeu o lábio inferior um pouco insegura\, mas fez o que Paulo queria. De fato\, durante aquele tempo que Paulo estaria fora\, ela não tinha perspectiva de nada em sua vida e poderia esperá-lo como sempre fez\, quando ele ia embora\, depois que as férias acabavam. Paulo a abraçou pela cintura\, erguendo Marina e girando com ela em seus braços. - Me ponha no chão\, Paulo. - Marina protestou sorrindo.

- Não\, eu quero ficar mais com você aqui. - Ele respondeu dando mais um beijo nela. - Eu viajo amanhã já e vou sentir demais sua falta.

- Vamos para o terraço\, sua mãe também vai sentir sua falta e deve querer aproveitar um pouco com você nessas últimas horas. - Marina sabia que Cynthia sentia um ciúme absurdo de Paulo e não tinha a mínima intenção de competir com a mãe dele.

- Ela com certeza irá me visitar\, Marina. Você sabe muito bem como ela é. - Mesmo relutante\, Paulo soltou Marina e seguiu com ela para o terraço onde seus pais e alguns amigos da região estavam reunidos.

Quando os dois chegaram juntos, de mãos dadas, ao terraço, a mãe de Paulo não pode deixar de observar e Marina fez questão de soltar a mão dele, assim que Cynthia começou a encarar ela. Eles não tinham nada a esconder, mas ela ficava incomodada pela forma que a mãe de Paulo olhava para ela com certo desdém.

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