Capítulo 15

Contente com aquela mensagem, Marina nem parou para avaliar o quão estranho era ela não ter recebido as mensagens de Paulo no Instagram ou ele não ter visto as mensagens dela. Já eram oitos horas da noite, ela não sabia qual seria o horário onde Paulo estaria, mas ela ligou imediatamente para ele.

- Alo? - Paulo atendeu a ligação do terceiro toque.

- Paulo! - Exclamou Marina alegre. - Sou eu, Marina. Meu Deus, eu estou sentindo tanto sua falta.

- Marina, que saudade. Por que você não respondeu minhas mensagens no Instagram? E que número estranho é esse? De outro país? - Pelas perguntas de Paulo, Marina percebeu que ele não sabia de nada do que estava acontecendo na vida dela.

- Eu tentei ligar para você várias vezes. Também tentei falar com você no Instagram, mas você não respondia minhas DMs. - Marina lamentou. - Tanta coisa aconteceu Paulo, eu queria tanto que você estivesse comigo.

- O que houve? - Paulo indagou preocupado com a voz de choro de Marina. - Eu não estou sabendo de nada.

- Meus pais... - Marina falou tentando engolir o choro. - Meus pais morreram em um acidente de carro depois que deixaram você no aeroporto.

- O que? - Paulo estava incrédulo. - Eu falei com meus pais essa semana, rapidamente, mas nos falamos. Por que mamãe não me contou nada disso?! - Exclamou Paulo com raiva. - Eu tenho que voltar para ficar com você, Marina. Meu Deus, eu não posso acreditar que isso aconteceu por minha causa e você está sozinha agora.

- Nada aconteceu por sua causa Paulo. Foi um acidente. Estava chovendo bastante. - Marina tentava não chorar, mas aquelas lembranças eram muito tristes para ela.

- Mas isso aconteceu por conta da carona que seus pais me deram. - Paulo estava arrasado com aquela notícia.

- Meus pais iriam para cidade de todo jeito naquele dia. Não pense assim.

- Eu vou comprar uma passagem para voltar agora mesmo. Eu não quero que você fique sozinha, sem apoio.

- Paulo, eu me mudei. Não estou morando mais no interior. Eu tive que voltar para o país onde eu nasci. Foi o último desejo dos meus pais e eu quis respeitar isso. - Marina explicou tudo para ele que ficou inconformado com aquela história toda.

- Eu vou falar com mamãe. Ela devia ter me contato tudo isso. Eu tinha que ter falado com você antes.

- Acho que sua mãe não queria mesmo que você soubesse de nada para não atrapalhar seus estudos. - Marina era muito inocente e não sabia o real motivo da omissão de Cynthia. - Ela também me contou que você passaria três anos estudando fora, ao invés de um ano, como você havia me falado. - Foi impossível para Marina disfarças a mágoa no seu tom de voz. Ela achava que Paulo tinha mentido para ela.

- Eu não vou ficar três anos aqui, Marina. Esse é o desejo da minha mãe, mas não é o meu. - Explicou Paulo. - Ela acha que depois de um ano, eu vou estar habituado e não vou querer mais voltar, mas eu quero voltar por sua causa. Ainda mais agora, com essa notícia.

- Eu vou ficar morando aqui até os 21 anos, que é quando acaba o período de tutela que meus pais impuseram. Fui matriculada na universidade hoje. - Marina resolveu mudar de assunto para dar um tom mais feliz a conversa.

- Por quê? - Indagou Paulo irritado. - Porque você foi matriculada na universidade se você só vai morar aí durante 2 anos?

- Tio Victor quis assim e eu concordei. Eu não posso ficar aqui dois anos sem fazer nada. - Marina não gostou do tom que Paulo usou. Ele deveria estar feliz por ela.

- Certo. Então depois de dois anos, você vai abandonar a universidade e voltar para mim. É isso?

- Eu não sei o que vai acontecer Paulo. Eu estava sozinha. Não consegui falar com você. Sua mãe também achou que era melhor eu vir morar com tio Victor. - Marina já estava angustiada por toda situação dela e as perguntas de Paulo não estava melhorando seu humor.

- E esse tio Victor? Quem é ele? Não sabia que seus pais tinham tantos parentes ricos assim, que podem até pagar uma universidade para que você não fique sem fazer nada. - O comentário de Paulo foi ácido, ele sabia disso, mas estava com raiva e com ciúmes.

- Ele é praticamente um irmão para minha mãe, Paulo. - Marina respondeu chateada. - E sim, aparentemente ele é muito rico e não fez questão de pagar uma universidade para mim, mas assim que eu arrumar um trabalho, eu quero reembolsar tio Victor por todos os gastos comigo.

Aparentemente não, para Marina, tio Victor era de fato um homem extremamente rico. A família de Paulo tinha bastante dinheiro, mas ela nunca viu na fazenda Toledo um quarto que chegasse aos pês do quarto que ela estava morando na casa de Felipe. Obviamente, ela não chegou a comentar com Paulo esse detalhe, que estava morando na casa do filho de tio Victor, que era jovem e muito bonito.

- Não se preocupe com isso, Marina. Eu mesmo quero falar com Victor e vou reembolsar todas essas despesas. - Paulo falou com um tom de autoridade que deixou Marina incomodada. Ele tinha ido estudar fora, não sei sabe ao certo por quanto tempo, e queria que Marina ficasse esperando por ele, mas tudo mudou na vida dela.

Agora, ela era uma órfã, sozinha em outro país e dependente de um estranho. Por mais gentil e solicito que tio Victor fosse com ela, ele não passava de um estranho. Ela não pretendia ficar dependente de ninguém.

- Não precisa Paulo. Eu vou cumprir o desejo dos meus pais e morar aqui até os 21 anos. Vou estudar e arrumar um trabalho. Não quero depender de ninguém. Nem de tio Victor e nem de você.

- Eu vou visitar você nas férias, nós precisamos falar sobre tudo isso pessoalmente. - Respondeu Paulo. - Eu já disse que quero me casar com você Marina. Tudo isso que aconteceu só serviu para adiantar meus planos, eu não quero que você fique sozinha no mundo.

- Eu preciso desligar. Já está tarde e eu ainda não jantei. - Marina não tinha certeza dos seus sentimentos por Paulo e não queria tocar naquele assunto de casamento agora. A vida dela estava muito confusa.

- Você prometeu que ia esperar por mim. - Paulo relembrou Marina antes de terminar a ligação. - Boa noite e durma bem.

De fato, Marina tinha prometido aquilo a ele, mas a situação dela era completamente diferente agora e seu futuro era cheio de incertezas. Assim que desligou o celular, Marina seguiu para o closet para colocar uma roupa.

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