Um lembrete da batalha

Assim que Bianca terminou o lanche, como prometido comeu tudo. As duas foram para quarto da criança, Celina se encantou, parecia um quarto de uma princesa, além de enorme. Escolheram juntas uma roupa e partiram para o banheiro que tinha no quarto de Bianca. Enquanto a banheira estava enchendo, a criança escovava os dentes. Logo entrou na banheira, que tinham vários brinquedos ao redor.

Depois de muito brincar e com um pouco de dificuldade, Celina conseguiu terminar de da banho na pequena. Assim que colocou sua roupa e penteou seu cabelo com uma pequena trança. Bianca saiu correndo para encontrar o seu pai. Já Celina foi para o quarto, estava na hora de dar de mamar para Benjamin. Aproveitou para tirar um pouco de leite e guardar na geladeira. Assim seria mais fácil. Não sabia como funcionava os horários da casa. Brincou um pouco com ele. Trocou a fralda, ele adormeceu próximo da hora do jantar. Celina desceu como havia sido orientada.

Chegou na sala de jantar, ficou parada, os dois estavam sentados na mesa. Ela não tinha a mínima ideia do que Fernando esperava dela ou como agir naquele momento. Então apenas ficou ali esperando algo. Bianca assim que notou ela, foi correndo em sua direção, puxando ela com sua mão até a mesa.

— A mamãe tem que sentar ao lado do papai. — Bianca disse sorrindo

— Eu.. não posso. — Celina respondeu sem jeito para Bianca.

— Pode sentar. Não há problema. Já vão servir o jantar de qualquer forma. Sinta-se a vontade. — Fernando respondeu puxando a cadeira para Celina — E você, princesa, volte para sua cadeira. Vamos jantar.

Conversaram um pouco na mesa, logo o jantar veio, todos foram devidamente servidos. Celina esperava várias facas e garfos, mas só tinha uma faca e um garfo na mesa ao lado do seu prato. Ela se sentiu bem aliviada, não saberia qual usar.

— Eu não quero — Bianca disse empurrando o prato de comida.

— Você sabe que não pode agir assim. Tem que comer. Sabe quantas pessoas não tem nada para comer? E você fazendo careta para algo tão delicioso. Minha filha, não faça isso. — Fernando falou pela primeira vez sério com a Bianca. Que virou o rosto para o pai. Que estava claramente no limite. Não tinha paciência para as birras de comida da filha.

— Licença. Posso me intrometer? — Celina pediu, surpreendendo Fernando.

— Tenho certeza que você não pode piorar mais do que já está. — Fernando respondeu fazendo careta e bebendo o vinho que estava na sua taça.

— O que você não gosta na comida, Bianca? — Celina perguntou sentando ao lado dela

— Não gosto de nada. Posso comer outro sanduíche? — Bianca fez biquinho.

— Sabe o que deixa uma comida muito gostosa? — Celina questionou a pequena

— Não. — Bianca respondeu olhando para sua comida

— Uma mesa feliz e animada. São as nossas companhias. Esse é o melhor tempero para comida. Vamos, tente. Experimente. Eu tenho certeza que ela estará uma delícia. — Celina disse confiante ao colocar uma colherada na boca de Bianca, que estava bem receosa em aceitar, mas arregalou os olhos surpresa com o sabor.

— Está bom hoje, mas prefiro o seu sanduíche — Bianca confessou comendo sozinha agora.

— Precisa comer bem. Assim pode comer os sanduíches durante o lanche — Celina respondeu alisando a cabeça de Bianca e voltando para sua cadeira.

Fernando não disse nada, apenas assistiu a cena. Estava aliviado como sua filha tinha se dado bem e ouvia Celina. Assim que acabaram o jantar, Celina subiu com a Bianca para organizar ela para dormir. Escovou seus dentes, colocou um pijama, deitou ela e estava contando uma história.

— Pode ir ficar com seu filho. Eu vou contar a história para minha pequena dormir. — Fernando disse, ele tinha tirado o terno, agora estava com uma calça de moletom e sem camisa.

— Oh! Certo. Boa noite. — Celina se despediu um pouco desnorteada ao ver como Fernando tinha um corpo perfeito que era escondido por baixo daquele terno que sempre usava.

Celina bateu com as duas mãos na sua bochecha, não podia pensar nisso, além de chefe aquele homem era um agiota perigoso. Não podia cair nas garras dele só por se gostoso e um bom pai. Ela entrou no quarto, foi para o berço, seu filho estava parecendo agitado. Quando tirou do berço, Benjamin estava queimando em febre e respirando com um pouco de dificuldade.

Desesperada, Celina pegou sua bolsa e saiu correndo agarrada com seu filho escada a baixo. Chegando na porta, não deixavam ela sair. Mesmo explicando o motivo, mostrando o estado do seu filho. Celina estava gritando, nervosa e sem saber mais o que fazer.

— Que barulheira é essa? — Fernando perguntou descendo as escadas.

— Senhora Celina está insistindo para sair. — um dos seguranças explicou

— Eu preciso levar o Benjamin no médico. Ele está com febre e dificuldade de respirar. Por favor, me deixe sair. — Celina implorou chorando

— Um minuto — Fernando pediu subindo para seu quarto e logo voltando com a chave do carro em mãos. — Vamos.

— Você vai com a gente? — Celina perguntou sem compreender.

— Pensei que seu filho estava precisando de atendimento médico urgente. Se quiser conversar, posso pegar o vinho — Fernando respondeu debochado.

— Não, por favor. Nos ajude. Preciso levar ele para o médico — Celina virou implorando para Fernando, que não disse mais nada, apenas passou pela porta, Celina seguiu ele. Não conseguia compreender, mas algo era certo, ele a levaria ao médico. Isso que importava. Não podia se dar o luxo de pensar em outra coisa além do seu filho naquele momento.

Logo chegaram ao médico, um dos que estavam de plantão levou logo ela e o bebê para atendimento. Quando Celina explicou que seu filho tinha uma cardiopatia, solicitaram um cardiologista. Que não demorou muito para chegar. Por sorte ou destino, Thiago estava de plantão, ele avaliou Benjamin, passou algumas medicações e chamou Celina para conversar

— Vi uns exames a pouco, pelo que analisei assim que for possível, será necessário que Ben faça uma cirurgia. Por enquanto, irei apenas aumentar sua medicação. Não pode atrasar nenhum minuto, nunca. Ele parecia tão bem, não consigo compreender o motivo da piora. — Thiago explicou.