Onde você estava até agora, senhorita Kally? - a Morena ouviu a voz da mãe e a olhou.
Havia acabado de fechar a porta de casa atrás de si e viu sua mãe sentada no sofá, enquanto assistia televisão.
— Eu te disse, estava na Tina. - respondeu, dando de ombros. - Desculpa não avisar!
— Na Tina era? - a mulher perguntou estreitando os olhos.
— Unhum.
— Então por que o carro do rapaz que te buscou ontem estava estacionando aqui em frente?
— Você estava me espionando?
— Não, longe de mim. Apenas vi. - sorriu falsamente.
— Ele se ofereceu para vir me deixar. - deu de ombros. - Apenas isso.
— Acho bom mesmo, mocinha. Você nunca mentiu pra mim, acho que está grandinha o suficiente para começar.
— Exato. - ela suspirou. - Vou tomar banho, ok?
— Vai falar com teu pai antes.
— Está bem!
Kally odiava mentir e, realmente, não recordava de uma vez que o tenha feito. Mas sabia que não podia dizer que dormira com um rapaz que sequer era seu namorado. Sua mãe era legal, sempre fora, mas não moderna ao ponto de achar que tudo bem aquela atitude dela.
Depois de tomar banho e vestir-se com uma roupa leve, entrou no quarto, vendo o pai deitado e assistindo a um filme que passava na televisão, ela lhe sorriu e deitou-se ao seu lado, contando a mesma história que dissera para a mãe.
Os três não demoraram a se juntar em volta da mesa para almoçarem como a família feliz que eram, apesar de todos os empecilhos dados pela vida.
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Dante chegou em casa, girando a chave na mão e com um sorriso maior que si próprio pintado em seus lábios. Os pais não estavam em casa, como em todos os domingos pela manhã, que sempre saiam. Porém viu os irmãos na cozinha, comendo, quando entrou no cômodo para tomar um copo d´água.
— Pelo sorriso… Comeu! - ele escutou seu irmão mais velho dizer e rir.
— Oi? - franziu o cenho, o encarando, enquanto tomava um imenso gole de água.
— Eu apareci na sua festinha pela madrugada, Eduardo me mostrou aonde estava, na varanda com a uma bela de uma Morena. Pensei que você seguiria a saga da família e só pegasse Loiras, mas pelo visto prefere as Morenas!
— Ele te viu com a cunhadinha. - Eduardo explicou. - Eu acho que ele não comeu não, le. O Dan estava vendo a lua e as estrelas com ela, um programinha meio meloso.
— Mas dormiram juntos. Em que planeta o Dante apenas dorme com uma mina? Não existe. - Leon riu.
— Em primeiro lugar: acho que não estou gostando muito de ouvir você se referir a Kally dessa maneira, perguntando se eu comi. Em segundo lugar: não, a gente não fez nada além de dormir. E em terceiro e último: creia, isso aconteceu aqui no Planeta Terra mesmo.
Leon olhava para o irmão estupefato, jamais ouvira o irmão falando algo do tipo, tampouco de uma moça, Dante era garanhão e cafajeste demais, sempre fora. Enquanto Eduardo apenas ria, ele não tinha dito, mas estava adorando ver seu irmão todo arriado por uma garota.
— Ora, ora, ora! Quem diria que eu viveria para ver isso? Dante, meu irmão, apaixonado! - Leon zombou. - Já posso morrer em paz depois dessa.
— Temos uma cunhada, Leon, isso não é demais?
— Surpreendente, Edu!
— Panacas. - Dante grunhiu. - E eu não estou apaixonado!
— Ah não? - Eduardo riu. - Eu acho que está! Vocês se gostam? Vocês se falam pelo olhar? Isso acontece com namorados e com os apaixonados.
— Não estamos namorado nem apaixonados.
— Mente pra mim, é o que eu gosto! - Eduardo cantou.
— Mentiras sinceras me interessam, me interessam. - Leon cantou também, fazendo irmão mais novo rir.
— Vão a merda vocês dois! - Dante disse irritado, colocando o copo de vidro em cima da pia.
— Espera, maninho, queremos saber mais sobre sua paixonite. Nunca presenciamos algo assim, é muito inédito.
— Quem está apaixonado? - Betina entrou na cozinha ao lado de Daniel naquele exato momento, havia acabado de chegar em casa quando ouvira o fim da conversa dos filhos.
— Mereço. - Dante resmungou.
— O Dan está!
Ele apenas encarou ambos os irmãos antes de se retirar para o seu quarto, enquanto escutava as risadas dos dois.
Óbvio que não estava apaixonado. Nunca! Ele prezava sua liberdade e não queria perder isso por nada neste mundo. Era bem verdade que Kally mexia com seus sentidos, fazendo-o agir de maneira diferente, mas apaixonado? Não, claro que não estava.
Será?
A pequena palavra surgiu em sua mente, plantando a dúvida, tirando sua certeza. Nunca se apaixonara antes, não tinha nem ideia do que fazer, o que se sentia ou como proceder diante de tal sentimento. Respirou fundo, caindo de costas em sua cama, enquanto fechava os olhos com força. A primeira coisa que surgiu no negro, foi o sorriso da morena marrenta e ele se viu rindo, sem saber bem o por que, ou só por lembrar do sorriso dela.
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Kally assistia televisão, deitada no sofá da sala, enquanto sua mãe lavava a louça do jantar na cozinha, quando o seu celular tocou a típica musiquinha de mensagem. Ela assustou-se ao senti-lo vibrar e olhou para a pequena tela, vendo o nome de Dante. Instantaneamente e sem perceber, riu.
“Ei, estava aqui pensando… Você quer carona amanhã? Eu posso te pegar em casa.´´
Ela maneou a cabeça e revirou os olhos, apertando nas teclas do pequeno aparelho, respondendo-o.
``Não é necessário.´´ - enviou.
``Grossa!´´ - a resposta chegou imediatamente.
``Chato.´´ - ela respondeu e enviou.
``Só não mais que você. Por que recusa a minha carona? E é tão seca?´´
``Apenas não acho necessário, Dante.´´
``Eu não me importo de ir te buscar.´´ - a mensagem chegou nem meio segundo depois.
Antes que Kally respondesse, outra mensagem - de Dante - chegou. Ela riu novamente, gostando de tanta atenção.
``Posso te ligar?´´ - o coração da Morena bateu mais forte e ela engoliu em seco, olhando em volta e em seguida desligou a televisão, enquanto digitava a resposta para ele e entrava em seu quarto.
``Pode.´´
Só deu tempo de Kally deitar na cama, seu celular começou a tocar e ela não se deu ao trabalho de ver quem lhe ligava, sabendo que se tratava de Dante.
— Sentindo a minha falta? - perguntou ao atender.
— É, algo assim. - ele riu. - Por que não posso te buscar em casa? Pensa, você pode dormir até mais tarde.
— Só acho melhor não, a gente se vê na Universidade!
— Argh. Tudo bem. Mas te levar para o trabalho, será que você aceita?
— Hum… Pode ser! Afinal vamos para o mesmo lado, não é?
— Exatamente, sua chata.
— Igual você! E eu não sou grossa!
— Imagina, eu que sou. - ele disse irônico. - O que você estava fazendo?
— Por que quer saber?
— Apenas curiosidade, menina.
— Ah! - ela riu. - Nada, só vendo TV, esperando dar sono.
— Entendi. - eles ficaram em silêncio, mas ele logo o cortou. - Xole, gostei de ontem, do cinema e tudo mais.
— Foi legal. - ela murmurou, concordando.
— Nós podemos ir assistir àquele que você quer ver quando estrear! - ele sugeriu.
— Claro. - ela respondeu imediatamente. - Eu vou amar!
— Estamos combinados, não vai marcar nada hein.
— Bobo. - ela riu. - Escuta, eu esqueci minha jaqueta no seu flat…
— Jura? - ele perguntou. - Depois eu passo lá e pego.
— Obrigada. - agradeceu. - Espera.
A Morena ouviu a mãe lhe chamar e gritou de volta, falando que já ia.
— Ainda está ai? - perguntou.
— Esperando. Tudo bem por ai?
— Sim, é só a minha mãe me chamando. Preciso desligar agora, tudo bem?
— Sem problemas! - ele garantiu.
— Até amanhã! - ela disse. - Boa noite.
— Boa noite, Xole. Dorme bem.
— Você também. - ela murmurou. - Beijo.
— Outro. - desligaram.
Kally suspirou, ainda sorrindo, antes de - sem nem sentir - cheirar o próprio celular. Ela sorriu mais amplamente, antes de novamente suspirar e ir ver o que a mãe queria.
— Você pode secar a louça, meu amor? - Fernanda pediu.
— Claro mãe. Vai deitar!
— Obrigada. - beijou-lhe a testa. - Boa noite!
— Boa noite! - despediram-se e ela saiu da cozinha.
Kally secou a louça, como a mãe pedira, e depois foi tomar um banho, para em seguida vestir uma camisola e deitar-se na cama, com o mesmo sorriso bobo pintado nos lábios.
Quando pegou o celular para colocar o alarme, viu que no exato momento chegara uma mensagem de Dante. Riu antes mesmo de abrir a sms.
``Estou aqui, deitado para dormir e cheguei a duas conclusões. Uma: eu nunca mais vou dormir direito depois de ter dormido com você. Duas: preciso de você para dormir melhor.´´
Ela abafou a gargalhada com o travesseiro, sentindo o coração acelerar de uma maneira intensa. Ela respirou fundo, mordeu o lábio inferior, antes de respondê-lo.
``E eu cheguei a duas conclusões também. Uma: você é muito bobo. Duas: dormir com você foi mesmo muito bom.´´ - enviou, mesmo sentindo-se envergonhada.
Ajustou o alarme e viu que chegara nova mensagem dele.
``Temos um acordo então: por um mundo em que possamos dormir mais vezes juntos.´´
``Seu mal é sono, Dante. Vai dormir.´´
``Grossa. Chata. Marrenta.´´
``Isso mesmo, idiota. Beijo, tchau.´´
``Boa noite, Xoleana.´´
``Boa noite, Dante. E eu ainda vou te arrumar um apelido irritante.´´
E ela enfim adormeceu.
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Quando Dante cruzou o portão da Universidade às sete da manhã, sentiu alguém lhe abraçar por trás, erguendo-a do chão. Ela soltou um gritinho, mas riu logo em seguida, sabendo de quem se tratava.
— Bom dia, moça chata. - Dante sussurrou em seu ouvido.
— Bom dia, moço idiota. - ela riu. - Quer me matar de susto?
— Algo assim. - piscou. - Acho que hoje estão pensando exatamente o que você não quer que pensem! - ele preveniu.
Kally olhou em volta, vendo algumas pessoas observarem os dois. Sorriu para ele, agarrando sua mão, fazendo com que se encarassem logo em seguida. Apenas um mínimo toque transmitia algo mais entre eles, era inegável.
— Hoje eu não me importo. Me acompanha até a sala?
Ele não fez nada além de sorrir. Depois de beijá-la a testa, apertou um pouco mais sua mão e seguiu com ela em direção a sua sala.
´´Quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração?
E quem irá dizer, que não existe razão?´´
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Atualizado até capítulo 98
Comments
Maria Aparecida Nascimento
Espero que eles estejam muito felizes
2025-03-19
0
Lidiane Silva
QUEM UM DIA IRÁ DIZER... AMO LEGIÃO URBANA /Heart/
2023-09-29
0
odia Costa
Estou apaixonada por essa história 😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍
2023-05-24
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