Capítulo 5 Festa

Eram onze horas da noite quando a buzina insistente soou, era um sinal de que Tina já estava ali na porta. Kally respirou fundo, antes de olhar para a mãe.

— Tô indo. - anunciou, fazendo Fernanda sorrir.

— Se divirta. Deu um beijo no seu pai? - a loira sorriu.

— Sim, me despedi. - deu um beijo na mãe, enquanto escutava a buzina soar mais uma vez. - Até mais.

— Até, filha. Juízo.

Kally saiu de casa já sorrindo, olhando para Tina que de dentro do carro também lhe sorria. A música eletrônica tocava alta. KA apenas meneou a cabeça, enquanto andava em direção ao veículo e entrava.

— Pronta pra arrasar hoje, meu amor? - TINA, com seu jeito espevitado, perguntou.

— Vamos lá!

— Isso! - a garota gritou, enquanto arrancava com o carro. - A propósito você está muito gata!

— Obrigada Tina. - riu sem graça. - Você não está nada mal.

Tina apenas piscou o olho direito.

Kally vestia um vestido preto, que ia até a metade de suas coxa, os cabelos estavam levemente ondulados e uma maquiagem forte marcava o delicado rosto, nos pés um salto nude muito bonito.

A choperia onde acontecia a tal festinha era perto da praia. O local era pequeno, mas muito bonito e estava lotado de alunos da UFRJ, Kally e Tina logo pagaram e tiveram em seus pulsos pulseirinhas verde limão para que pudessem adentrar o lugar. Uma banda tocava sertanejo universitário, fazendo todos ali dançarem e se divertirem. Era um local um pouco escuro, com escassos pontos de luz distribuídos. O lugar mais iluminado era o bar, que estava entupido de gente. Tina já começava a se remexer, enquanto Kally observava atentamente todo o local. Não era dessas meninas que curtia balada, preferia ficar em casa e assistir a um bom filme, porém sabia que quebrar a rotina às vezes é sempre bom.

— Vamos, se mexe. - Tina riu, sacudindo a amiga pelos ombros. - Vamos nos divertir, Ka. Olha a Gloria ali! - apontou para a morena que estava próxima ao bar, em um grupinho de amigos.

Gloria estava um semestre a frente de ka e Tina, porém pagava algumas matérias com elas e não demorou para enturmar-se com as duas. Logo elas se juntaram ao grupinho e dançavam entre sorrisos.

— Vou pegar uma cerveja pra gente. - Tina gritou no ouvido de Kally, quem apenas fez um sinal de ok.

— Você tá linda, KA. - Kevin, amigo de Agatha a elogiou.

— Obrigada! - ela sorriu e ele piscou o olho.

Gloria estava abraçada ao namorado e dançava colada a ele, kally sorria para alguma piadinha que os garotos contavam, foi nesse momento em que se sentiu observada.  Ela olhou para os lados, mas o volume de gente e a falta de iluminação lhe impedia de ver alguma coisa com clareza.

— Engraçado. - um sussurro soou em seu ouvido e ela subitamente virou-se, batendo no peito da pessoa que estava próxima a ela.

Dante. O Playboy. Ela revirou os olhos e cruzou os braços, encarando-o com uma expressão nada amigável.

— O que é engraçado? - ela perguntou, porém ele abaixou-se para falar novamente para falar em seu ouvido.

— Não entendi, fala no meu ouvido. - ele disse.

kally o encarou, parecia que faíscas saiam de seus olhos, tamanha sua raiva. Aquele playboy a fazia se transformar em uma pessoa que ela nem sabia que era. Ele suspirou e o tocou nos ombros, o salto a ajudava a ficar em uma altura boa e falou em seu ouvido.

— O que é engraçado, seu idiota? Você?

Ele riu.

— Não. Você, aqui. Você disse que não vinha.

— Já ouviu falar em: mudar de opinião?

— Sim, mas… Isso foi pelas coisas que falei?

— Ao contrário do que você pensa, seu imbecil, o mundo não gira ao seu redor. E volta pros seus amiguinhos, me deixa em paz.

Quem visse de longe, acharia que ambos estavam flertando ou algo do tipo, por causa das conversinhas ao pé do ouvido. Dante riu.

— Como a madame quiser. - levantou os braços, como sinal de rendição. - Marrenta! - gritou antes de voltar ao grupinho de amigos.

Kally voltou-se aos seu próprio grupinho e bufou, vendo que todos - sem exceção - a encaravam. Tina chegou com duas garrafinhas de cerveja, entregando uma a amiga. Kally virou a garrafa, tomando longos goles.

— Vai com calma! - Tina gritou, impedindo-a de tomar tudo de uma vez.

— Estou com raiva, preciso relaxar.

— O que houve.

— Dante! - fora Gloria quem respondera. - Ele continua te enchendo, Morena?

— Sim. - ela revirou os olhos. - É o passatempo favorito dele.

— Deixa esse playboy pra lá, vamos nos divertir!

— O kevin está louco por você! - Gloriq sussurrou pra ela, antes de voltar a dançar.

Kally olhou para o rapaz Moreno que a elogiara antes e notou que ele lhe olhava. Ela rapidamente desviou o olhar e sorriu para a Tina, voltando a dançar e a curtir as músicas. Há tempos Kally não se divertia como estava se divertindo e ela estava adorando cada segundo, já bebia sua terceira e estava um pouco animada, ao lado de Tina que estava muito mais que animada.

— Tininha, tem um lindo só te olhando.

— Quem? - Tina perguntou olhando pros lados.

— Discreta. - Kally riu. - Ali atrás, de olhos claros.

— Nossa! Que gato. - Tina elogiou, encarando o rapaz. - Será que a Gloria conhece?

— Para de olhar, Tina. - Kally a repreendeu.

— Por que? - a outra riu. - Ele tem que saber que eu tô na dele, oras.

— Meu Deus.  - ka também riu, meneando a cabeça.

— Você é muito puritana, ka. É BV por acaso?

— Claro que não, Tina. Encara vai, agarra o cara e seja feliz.

— Com certeza eu serei. - Tina riu. - Ôh Glória! - chamou a amiga, indo até ela.

Kally continuou a rir e de repente sentiu que precisava usar o banheiro, resmungou e deixou a garrafa vazia encima da mesa e saiu em direção ao banheiro, apontando para o lugar afim de avisar as amigas, antes de sair.

Quando estava lavando as mãos, após sair de um dos boxes, olhou-se no espelho para conferir se estava tudo certo com a maquiagem, logo em seguida saindo do banheiro que estava cheio. Antes que pudesse dar mais que cinco passos, Kally foi puxada para trás, impedida de andar. Já ia xingar a pessoa, quando viu que era Kevin.

— O que foi? Aconteceu alguma coisa? - perguntou preocupada.

— Estou na sua, ka. Fica comigo. - ele disse, apertando os braços dela.

Kally arregalou os olhos, diante da direta tão grande do rapaz e tentou se esquivar.

— Poxa Kevin, você tá bêbado. É melhor não.

— Vamos lá, ka, para com isso, só um beijo.

— kevin… Por favor. - falou tentando se livrar dele.

O rapaz ainda apertava o seu braço e mesmo que ela estivesse fazendo força, ele era mais forte, a única saída era tentar esquivar dele que agora tentava lhe beijar a todo custo. Kally fechou os olhos diante do hálito de bebida que o kevin tinha.

E como no passe de mágica, ele a soltou. Quando ela abriu os olhos, viu Dante olhando-o furiosamente, enquanto o tinha em suas mãos.

— Acho que ela te disse não. Rala daqui! - Dante gritou, o empurrando. - LOGO!

Kevin sumiu das vistas deles imediatamente. O coração de kally batia acelerado e ela soltou o ar com força, só então notando que havia prendido a respiração. Dante aproximou-se dela, a encarando um pouco preocupado.

— Tá tudo bem? - perguntou colocando uma mecha do cabelo dela para trás.

— Sim. - ela assentiu.

— Esse cara não estava na sua rodinha de amigos?

— Estava sim, não sei o que deu nele… - ela suspirou. Ali perto do banheiro o som era mais abafado e não precisavam ficar aos gritos para conversar.

— Você precisa escolher melhor seus amigos! - ele falou furioso. - Esse cara é um idiota.

E como sempre quando estava perto dele, seu lado grosseiro e marrento despertou.

— Olha quem fala. Babaca! - ela o empurrou levemente.

— Ei, eu te salvei de beijar aquela boca asquerosa e é assim que você me retribui?

— Você quer o que? Oh meu Deus, muito obrigada príncipe encantado por ter me salvar das garras do monstro. Aliás, você esqueceu seu cavalo branco. - ela revirou os olhos.

Música: Perfect de Ed sheran

A música romântica começou a tocar e ela bufou. O empurrou com um pouco mais de força, afim de fazê-lo sair da sua frente, porém não deu mais que dois passos, ele a puxou de volta. Kally bateu de frente com ele e imediatamente se encararam. Ambos respiravam com dificuldade, dividiam seus olhares entre os olhos e as bocas. Ambos os corações batiam tão fortes que eles suspeitavam que fossem sair peito a fora.

— Você é muito, muito marrenta, menina. - ele murmurou.

— Eu não me importo com o que você pensa. - ela sussurrou de volta.

— Eu acho que sei a maneira perfeita para acalmar seus ânimos.

— Não ouse… E foi interrompida

Ele não a ouviu, apenas sorriu e grudou seus lábios ao dela. Era quente, macio, doce, algo que nem um nem outro já havia experimentado. Naquele momento então, chutaram o balde, deixaram para lá todas as diferenças que os faziam opostos, por que pelo menos de lábios unidos eram mais que perfeitos.

Não demorou para que as línguas começassem a se misturar, deixando o beijo ainda melhor. Elevando todas as expectativas e fazendo com que os corações batessem ainda mais acelerados.

Podia parecer e ser clichê, mas kally sentia borboletas voando ensandecidas em seu estômago, algo do qual nunca em toda a sua vida já sentira. Para Dante havia algo diferente, havia alguma coisa que não sabia explicar, apenas sentir. Ele apertou a cintura dela com uma mão, levando a outra até o cabelo, puxando-a para ainda mais perto, aprofundando ainda mais o beijo.

Tudo o que havia ao redor parecia ter sumido e só havia eles dois, aquele beijo e aquela música para completar.

O ar, de repente, se fez necessário e eles foram diminuindo a intensidade do beijo pouco a pouco até não restar nada mais que selinhos e então por fim abriram os olhos.

Estavam grudados, se encarando, com os lábios vermelhos e nem um nem outro sabia o que fazer, tampouco como agir ou o que falar naquele momento.

Eu nem quero saber porque, eu só preciso viver

O resto dessa vida com você, com você, com você.

Gloria sykler amiga mais velha de Tina

Kevin Amigo de Gloria

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