Capítulo 17

~ Martina

Cheguei em casa exausta, estava cansada física e mentalmente, mas antes de me arrumar para dormir, fui até a cozinha para fazer um lanche. Preparo um pão na chapa com suco de laranja e logo após lavar a louça suja, vou em direção ao quarto.

Depois de um bom banho, cai na cama esgotada, apesar da fadiga, estava feliz por ter ajudado aquelas pessoas, independente de quem são o que fazem, precisavam de cuidados. Assim como todo ser humano merece que suas feridas cicatrizem. No entanto, o que ainda me intrigava foi a reação que Angelo teve ao sair do consultório, não olhou em meu rosto, sequer agradeceu, apesar disso, prefiro a ingratidão do que sua ira.

Em pouco tempo, Martina adormeceu profundamente e nessa noite não foi atormentada por seus pesadelos. Parecia um descanso de toda a turbulência dos últimos dias, uma noite de sono, era tudo que Martina precisava.

~ Angelo

Estou no escritório com a mão no curativa que Martina fizera. Ainda não entendia esse sentimento que surgiu ao ser tocado por aquela garota.

Ouço alguém bater na porta, abro e vejo que se tratava de Vitor com uma pilha de papéis.

- Aqui estão chefe, os relatórios de todas as suas pretendentes, em ordem alfabética, informações sobre os laços sanguíneos, posições hierarquias na máfia, idade, poder aquisitivo, entre outras características.

- Ótimo, se tiver sorte, casarei com uma mulher fútil que gosta de gastar meu dinheiro, invés de uma sádica que na primeira oportunidade tenta contra minha vida. - Fala Angelo em tom de humor.

Esse lado dele era algo raro de se ver, portanto, quando aparecia causava certa surpresa às pessoas.

- Vejamos aqui, essa Ana, parece uma boa. Filha de Elisa e Alfredo, família Rick, viajou o mundo, gosta de cavalos e etiqueta, já participou de alguns concursos de beleza, é bem bonita. - Disse Angelo lendo o primeiro papel em que viu.

- Convoque a família, falaremos amanhã sobre esse possível cortejo, vamos ver se isso vai dar certo.

- Certo Líder. - Disse Vitor se retirando.

Na manhã seguinte, Angelo conversou com os pais de Ana, e os mesmos concordaram em iniciarem a fase pré nupcial. Na máfia não existem namoros, então antes de casarem, os pretendentes passam certo tempo juntos, e ao final de aproximadamente um mês de convivência, apresentam no conselho uma carta pré nupcial, para então, com a anuência dos anciãos, marcarem a data do casório.

Todo esse trâmite para conseguir alguém era um saco para Angelo, tinha repulsa pela ideia de ter que casar com alguém por conveniência. E era exatamente isso que ele iria fazer para não perder seu posto na família Rendall e consequentemente a proteção de seu clã.

Os próximos dias serão desgastantes, então Angelo vai em direção ao seu quarto para tentar dormir. Mesmo com pensamentos acerca do trabalho circundando sua mente, Angelo não parava de pensar no olhar de Martina ao cuidar de seu ferimento, o cuidado com que tocou em seu corpo, como se fosse feito do mais frágil vidro. No entanto, poderia estar se enganando, Martina poderia agir daquela forma por medo de Angelo, medo daquele que praticamente a aprisionou neste lugar com a promessa de matar a única pessoa que tem nesse mundo.

Talvez fosse um desgraçado por isso, mas não voltaria em sua palavra, além de não medir esforços para cumprir seu juramento, caso Martina saísse da linha.