Capítulo 10

~ Angelo

Estava exausto, o dia havia sido cansativo, com contratos de alianças para fechar, pilhas de papeladas se acumulando no meu escritório e o monitoramento da médica, que poderia a qualquer momento se mostrar uma arma dos nossos inimigos contra a família Rendall, minha família...

Só os pensamentos do que aquela vadia poderia se tornar, me fazia ponderar se ter resguardado sua vida, seria realmente uma boa ideia.

Após finalizar meus afazeres diplomáticos da máfia, saio do escritório e me dirijo ao centro de treinamento, onde costumava descarregar minhas energias. Começo meu treino de combate com alguns rapazes que estavam a postos no tatame, realizo o combate corporal, com golpes, chutes, socos, tentando sempre me manter altivo e rápido diante de meus oponentes. Após as lutas, iniciei uma corrida pela pista, depois de completar 40 voltas, realizei algumas flexões e mais treinamento em combate com o saco de boxe, aperfeiçoando meus sentidos e movimentos corporais.

Somente quando meu corpo reclamou é que retornei à casa, tomei um banho gelado e fiz minha refeição na mesa de jantar. No decorrer da noite tive que fazer algumas ligações e quando já estava me dirigindo ao meu quarto, passo em frente ao escritório e decido ligar os monitores para saber a respeito daquela garota. Faço uma varredura por todas as câmeras, mas não a encontro, as luzes da casa estavam apagadas, sinal de que não havia chegado do hospital. Tal informação me deixou em alerta, então decido ligar para o chefe de monitoria, o mesmo não me atende.

- Que diabos está acontecendo? - O pressentimento de Angelo era muito ruim frente à situação que se seguia, então decidiu ligar para Vitor e Gustavo simultaneamente.

- Rapazes, estejam prontos em cinco minutos. Algo de estranho está acontecendo, peço que fiquem atentos a qualquer movimentação suspeita. Sairemos rumo ao que pode ser uma possível armadilha.

- ok líder.

- certo líder.

~ Martina

Meu corpo estava aos poucos despertando, sinto dores, principalmente em minha cabeça, não conseguia me mexer, a escuridão preenchia o local, mas pelo que parecia, estava sentada em uma cadeira com os braços e pernas amarrados. Aos poucos meus olhos foram se adaptando à escuridão, sinto a umidade daquele lugar além do mal cheiro causado por mofo.

Ouço passos se aproximando, então a porta é aberta fazendo um facho de luz adentrar ao local, revelando um homem incrivelmente alto e forte na entrada, ele estava vestindo roupas pretas que o deixavam ainda mais assustador. Algo em mim pedia, implorava para tentar sair daquele lugar a todo custo.

O homem então acende o interruptor de luz, fazendo uma fraca lâmpada amarelada iluminar demasiadamente o local. Meus olhos doem pois estava a um bom tempo na escuridão.

Ele se aproxima e pega em meu queixo fazendo com que o encare

- Olhe para mim. Quero que preste bem atenção em minhas palavras, pois não irei repetí-las a você. - Diz apertando meu maxilar.

- Você vai me dizer tudo o que viu e ouviu dentro da fortaleza da família Rendall, sua localização, quantos guardas ficam a postos nos turnos de vigia. E o mais importante, você vai me dizer exatamente tudo que sabe sobre aquele desgraçado do Angelo Rendall. - Sua voz era sombria ao mencionar o nome do chefe da máfia.

- Por favor, isso é um engano, eu não sei nada sobre ele ou a máfia. Você deve ter me confundido, eu trabalho em um hospital, não trabalho para a máfia. - falo quase implorando para que ele acredite em minhas palavras.

Foi então que Martina sente seu rosto queimar com um tapa que lhe foi desferido com tamanha força que deixou sua face extremamente avermelhada.

- VOCÊ ESTÁ LOUCO?!? EU JÁ FALEI QUE NÃO SEI DE NADA! NÃO FAÇO PARTE DESTA LOUCURA QUE ESTÁ ME ACUSANDO! - a revolta tomou conta de Martina a impedindo de ponderar as palavras.

Logo após dizer as palavras, recebeu outro golpe no rosto, dessa vez um soco que a fez cair junto à cadeira no chão. Seu nariz agora sangrava e os olhos estavam marejados.

- Olha aqui garota, é bom que para seu próprio bem você abra essa boca maldita somente para responder o que eu te perguntar. Minha sessão com você está apenas começando, enquanto não sair alguma informação útil, vou arrancando cada pedacinho seu. - Era assustadora a forma como ele olhava para Martina, como se ela fosse um lixo, não havia compaixão em seu olhar, somente crueldade pura.

Dessa vez, Martina se manteve calada, com lágrimas escorrendo pelos olhos, apenas tossia enquanto encarava o sangue de seu rosto escorrer por aquele chão imundo.

- A propósito, meu nome é Felipe, é bom guardar essa informação para quando estiver gritando enquanto eu me delicio com o seu corpo, kkkkkk. - Felipe diz essas palavras então ajeita a cadeira em que Martina está presa, a colocando em pé novamente.

- Vou deixá-la pensar por um tempo. Espero que dá próxima vez esteja com as informações na ponta da língua, caso contrário, poderá acabar sem ela. - Diz saindo do quarto, apagando novamente a luz antes de trancar a porta de metal enferrujada.

O corpo inteiro de Martina treme ao ouvir o estrondo da porta sendo fechada. As palavras de Felipe ecoavam em sua mente, estava presa naquela situação e ninguém iria ajudá-la. Provavelmente nunca a encontrariam, pois ninguém sequer se importava com ela, tinha certeza que morreria da pior forma possível, logo ela, que sempre evitou a todo custo que o corpo sucumbisse aos maus tratos sofridos na juventude.

Martina se pôs a chorar desesperada por uma luz que ajudasse a sair daquele lugar.

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