Capítulo 14

~ Angelo

Na dia seguinte, me levantei ao amanhecer, fiz meus treinamentos e após o banho, me dirigi ao escritório.

Em cima de minha mesa havia uma carta do conselho, em seu conteúdo trazia mais uma vez a cobrança de uma esposa para o líder da família Rendall. Já estava cansado dessas imposições idiotas, devo resolver isso o quanto antes, então chamo Vitor até meu escritório.

- Quero que você faça uma busca sobre as possíveis pretendentes à esposa para a família Rendall.

- Uau! Nunca pensei que fosse pedir. - Disse Vitor em tom de divertimento.

- Faça o mapeamento das filhas mais velhas de possíveis aliados, não quero ter mais trabalho com mulheres loucas.

- Falando em mulheres. Como anda a tal médica?

- Está bem na medida do possível, está dormindo desde ontem. A aventura foi demais para ela... - Disse Angelo sério.

- E aquelas marcas, quem será fez aquilo com ela? Nunca vi algo parecido, nem nas piores sessões de tortura. - Vitor parecia perplexo.

- Não sei, mas é problema dela. A única coisa de que preciso é identificar os traidores que tentaram contra minha família. E para isso, ela precisa estar viva para me dar as informações.

- Entendo... Bem, vou fazer uma varredura sobre as famílias da máfia, para encontrar a tal pretendente, retorno quando obtiver resultados. - Disse Vitor se retirando.

~ Martina

Sinto meu corpo aos poucos despertar, estava mais lenta essa manhã. Alguns flashes da noite passada circundavam minha mente, então lembrei que o doutor desconhecido havia me medicado. Abro os olhos com certa dificuldade e vejo ao lado da cabeceira da cama os frascos dos remédios. Os efeitos do tranquilizante ainda reagiam em meu corpo.

Sentei lentamente na cama e pude observar ao redor, estava em um quarto enorme, em tons pastéis. Olho para mim e vejo que estou vestida numa camisa masculina, embebida em um perfume que não era o meu, o cheiro era amadeirado com toque cítrico.

Mais lapsos de memória me atingem, então lembro do momento em que sai daquela espécie de cativeiro onde estava sendo interrogada. Um arrepio percorre pelas minhas costas quando lembro o que estava prestes a acontecer naquele dia, como se o presente estivesse repetindo o passado.

Mesmo fraca, decido levantar e vou em direção ao banheiro, vejo que na pia estão postos alguns materiais de higiene pessoal e uma muda de roupas femininas, aparentemente novas, pois ainda estavam presentes as etiquetas.

Decido então tomar um banho demorado. Quando já estava pronta, crio coragem para sair desse quarto, por sorte a porta estava destrancada o que era ótimo, menos um cárcere para tentar fugir.

Havia um corredor enorme para percorrer, então ando sem rumo, pois não fazia ideia de onde iria dar aquele percurso, onde ficava a saída, ou até mesmo se haviam pessoas, já que a casa era incrivelmente silenciosa.

Chego em uma sala imensa que dava de entrada para a cozinha, inclusive, havia uma mesa posta recheada dos mais variados pratos, o cheiro que exalava era uma delícia.

No momento em que dei o primeiro passo para novamente tentar encontrar a saída, ouço alguém pigarrear atrás de mim. Por um segundo jurei que meu coração havia parado...