Capítulo 12

~ Angelo

Estávamos dirigindo em alta velocidade, em direção a um antigo prédio abandonado. Há tempos recebi o relato dos meus informantes que naquele local ocorriam reuniões de possíveis conspiradores.

Minha mente não parava de pensar no que aquela maldita estaria colocando em risco se abrisse o bico sobre qualquer coisa que tenha visto ou ouvido enquanto esteve por perto.

O ódio fervilhava pelo meu corpo, quando se tratava de ameaças ao bem estar da minha família. Na máfia, esse era considerado o bem mais precioso de um líder, seus maiores aliados, aqueles por quem daria a própria vida. Não se tratavam apenas de pessoas que dividiam o mesmo laço sanguíneo, mas indivíduos que compartilhavam dos mesmos princípios, ideais, estilo de vida. Pessoas em quem confiar.

Não conseguia mensurar as vezes em que minha própria vida esteve em perigo e algum dos rapazes se arriscou para me livrar do pior. Quanto sangue derramado, quantos companheiros perdidos, quantas vinganças realizadas.

Ao estacionar nas proximidades do local, Angelo entra em contato com seus companheiros para colocarem o plano em ação. No entanto, não sabiam ainda mensurar quantos estavam presentes no local, fator que poderia os deixar em desvantagem, visto que estavam em três apenas.

~ Martina

- Vamos começar o seu interrogatório criança. - Disse o velho com alguns papéis em mãos, ainda sentado à mesa.

- Gostaria de saber, qual sua relação com a família Rendall?

- Eu já disse a vocês, não os conheço. - Disse Martina, com a feição transtornada.

- Bem, não é o que essas imagens indicam. - Após dizer essas palavras, um dos capangas colocou algumas fotos tiradas de Martina, no momento em que era levada desacordada do hospital e outras de quando havia sido deixada perto de casa.

- Isso é um engano, não é o que vocês estão pensando, eu juro. Não faço parte da máfia, vocês precisam acreditar em mim.

- Vejo que você não está colaborando conosco. Diante disso, as consequências serão aplicadas. Senhor Felipe, deixo por sua conta... - O tom de divertimento era aterrorizante na voz daquele homem.

Algo de muito ruim aconteceria logo em seguida.

Felipe retira Martina da cadeira, juntamente com seus capangas, e tenta arrancar sua blusa. No entanto, Martina resiste e acerta uma cotovelada no estômago de um deles, enquanto golpeia o nariz do outro que estava próximo à ela. Um dos homens cai e o outro a segura pelos cabelos, ela então chuta entre suas pernas o fazendo cair de joelhos no chão.

Felipe corre e a agarra, aplicando uma descarga elétrica com a arma de choque que tinha em mãos. Com isso, Martina grita de dor e cai de joelhos, nesse momento tem a blusa arrancada, revelando seu corpo às pessoas presentes naquele local, seus braços são amarrados acima de sua cabeça em uma espécie de barra de ferro presa à parede.

- ME SOLTEM SEUS DESGRAÇADOS, EU JURO QUE IRÃO PAGAR POR ISSO!!! - Diante de tal situação humilhante Martina sai de si e começa a se debater.

Todos param por um momento, admirando suas costas nuas, não exatamente olhavam seu corpo mas as marcas que ele carrega. Era incrível as linhas traçadas em praticamente todos os ângulos marcando sua pele, cicatrizes de anos sofrendo maus tratos. Feridas profundas que demoraram anos para se curarem.

- Vejo que alguém chegou antes de nós. - Disse Fernando acariciando as costas nuas de Martina.

Ao sentir o toque, seu corpo todo estremeceu. Mas o que mais a deixou apavorada foi o estalar de um chicote atrás de si. Conhecia muito bem aquele som, sabia o que viria a seguir, a dor estridente, o sangue escorrendo pela ferida aberta...

Quando Fernando levantou a mão para dar o primeiro golpe, um barulho ensurdecedor o fez parar. Parece que alguém havia os descoberto.

Do nada, mais um estrondo e um pequeno recipiente é arremessado por alguma abertura externa, quando perceberam, era tarde demais. Aquilo se tratava de uma bomba de fumaça que logo preencheu todo o local, deixando as pessoas ali presentes sufocadas, além de comprometer a visão.

Angelo, Gustavo e Vitor adentram ao local e ficaram perplexos pela sena que presenciaram, enquanto os demais tentavam fugir por qualquer brecha existente.

Angelo fica cego ao ver Martina nua da cintura para cima, amarrada como se fosse um animal prestes a ser conduzido ao abate. Então corre em sua direção de modo irracional, saca um punhal que tinha preso ao seu trage e corta as cordas que a prendiam.

Martina então cai em seus braços, tossindo muito devido a fumaça, mas quando viu quem estava ao seu lado, começou a se debater e a tentar fugir, mas o corpo estava muito fraco.

Angelo a segura firma em seus braços e sai daquele local que no momento estava um caos com pessoas correndo, algumas trocando tiros de forma descontrolada, outros estavam caídos no chão, sendo pisoteadas ou asfixiados pela fumaça.

Ao saírem do local, encontram Gustavo e Vitor, então correram em direção aos veículos e aceleraram para saírem daquela propriedade. No caminho foram perseguidos por dois carros, então começou uma intensa troca de tiros no meio da rodovia, Gustavo que estava ao volante tentava desviar dos obstáculos e ao mesmo tempo os livrar de um provável acidente, enquanto Vitor e Angelo atiravam de volta nos inimigos. Por sorte, conseguiram desviar de um túnel interditado, porém seus inimigos não conseguiram fazer o mesmo, batendo em cheio nos pilares de concreto, causando uma grande explosão no local.

Ao chegar em casa, estavam exaustos, Vitor e Gustavo foram em direção aos dormitórios, enquanto Angelo vai para o quarto com Martina ainda em seu colo.

A garota não parava de tremer em seus braços, estava calada desde quando chegaram no local e a encontraram. Angelo não conseguia pensar nas coisas em que Martina foi submetida para ficar naquele estado. Porém, ainda precisava saber se havia falado algo, ou se alguma informação importante foi retirada dela e entregue àquelas pessoas.

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