Ele não me levou para a casa dele.
— Onde estamos? — Era tipo um chalé.
— Em um lugar não muito longe do acampamento, pensei bem e seria bom você aparecer quando eles estivessem preocupados o suficiente, então aqui é uma ótima distância.
— Entendo.
Mesmo pequeno, era claramente bem-arrumado e aconchegante.
— Vem… — Lorenzo colocou duas almofadas no chão perto da lareira.
Ele sentou em uma, e bateu na outra dizendo que para eu me sentar.
(Ok, não mata fazer algo que ele me pediu, pelo menos não agora, eu acho…)
Me sentei e olhei atentamente para o fogo. Senti que estava sendo observada, e assim que virei meu rosto, Lorenzo estava me olhando fixamente.
— O que foi?
As chamas refletiam no olhar dele, e eu acabei percebendo que ele é bem bonito.
— Fico pensando na razão…
— De quê?
— Por que se importam tanto com ela? Amar alguém é o suficiente para fazerem outra pessoa inocente sofrer? — Ele tirou um cisco do meu cabelo.
— Eu não sei, nunca amei ninguém…
— É inesperado ouvir isso de você, pensei que já tivesse experimentado tudo da vida.
— Tenho cara de quem fez isso?
— Você lida com a rejeição deles muito bem, então pensei que talvez estivesse acostumada… Não me leve a mal por isso, é só que me disseram que pessoas traumatizadas tendem a ser mais frias e fechadas, assim como você.
— Algumas pessoas já são naturalmente assim, e esse é o meu caso.
— Por você ser assim, fiquei imaginando o quão longe você irá para se vingar.
— Não imagine, você vai ver com seus próprios olhos isso acontecer!
— Eu não sei bem, mas você me intriga… acho que somos parecidos, temos os mesmos objetivos, e também semelhanças.
— Realmente, você disse que sou fria, mas não foi você quem me deixou à mercê dos capangas de Lucius somente para me mostrar que podia me ajudar?
— Acredito já ter dito que não tive escolha, estava sendo vigiado.
— Mas no final acabou perdendo seu disfarce…
— Eu poderia ter deixado você morrer, mas não sou assim.
— Errado, você é assim! A única razão para ter me ajudado, é porque sabia quem eu era!
— Sim, você é muito esperta! Realmente sabe ler as pessoas! — Lorenzo sorriu, como se estivesse vendo um animal raro.
Até que ele é legal… Ao conviver com tantos babacas, ver alguém tão diferente é animador, apesar de ele não ser exatamente uma boa pessoa.
— Deixei um presente para Benjamin, acho que essa viagem veio a calhar, quanto mais tempo ele demorar para ver, melhor!
— Ah, um mês de casados, certo?
— O quanto você sabe da minha vida?
— O suficiente para saber que você não vai me trair, pois precisa de mim.
— Não tenha tanta certeza, pode aparecer alguém com mais poder.
— Essa pessoa não existe, pelo menos não no nosso país! Sou o mais influente e com maior poder entre a máfia, mas claro que você não saberia, eu uso outro nome para negócios. Roberto também não saberia meu nome verdadeiro se não estivesse envolvido no passado trágico da minha família.
— Mas para somente ele não saber, todos deveriam pensar que você morreu, pois a lógica seria que um dos filhos do seu pai assumisse o negócio.
— É exatamente isso, todos acham que morri, não, na verdade, não sabem dizer se quem morreu fui eu ou meu irmão mais velho, eu acho que não te falei, mas também tinha um.
— Seu irmão morreu naquele dia?
— Eu não sei, o corpo dele não foi encontrado. Um dos envolvidos no assassinato, disse “não sei qual deles era, mas matei um menino dessa família”. Ao ouvir isso, meu tio decidiu espalhar para a minha segurança, e continuar as buscas por Alan. Como pode ver, meu irmão nunca foi encontrado, e acabou sendo dado como morto.
— Qual a diferença entre vocês dois?
— Uns dois anos. Éramos parecidos, e ele era um pouco maior que eu, por isso não tinham certeza de quem era quem.
— Sua vida foi difícil…
— É, foi mesmo… E a sua?
— Mesmo passando dificuldades, eu era feliz, pelo menos até antes de Lucius sequestrar minha mãe.
— Aquele homem que estava com você aquele dia, era o seu pai?
— Sim, ele me criou muito bem, mesmo não sendo sua filha…
Lorenzo e eu perdemos nossa família, o nosso desejo de vingança é parecido, e envolve pessoas diferentes, mas que estão juntos de alguma forma. Roberto é minha porta de entrada para me vingar de Lucius, e o mesmo é para Lorenzo, mas Lucius que é sua escada para conseguir o que quer. Ou pelo menos era até eu aparecer… Agora usamos um ao outro, não confiamos realmente um no outro, mas também sabemos que não poderíamos ser traídos.
— Está com fome? Apenas salgadinhos não vão encher a barriga.
— Você está com fome e quer me usar como desculpa para comer, está estampado no seu rosto, e sua barriga fez barulho há alguns minutos.
— Você observa demais, mas certo, é algo assim.
Ele se levantou e trouxe sanduíches. Lorenzo come bastante, em cinco minutos ele já estava no seu terceiro.
— Estou cansada.
— Venha! — Ele se levantou e ergueu a mão para mim.
Eu a peguei, mas ele não soltou quando me levantei, apenas me guiou até o quarto.
— Você planejou isso?
— Na verdade, não…
Somente havia um quarto, e uma cama. Era bem-arrumado, mas provavelmente teríamos que dormir juntos.
— Posso dormir no chão ou na poltrona!
— Apenas venha! Não sendo o Benjamin, não me importo com quem dorme ao meu lado, você não fará nada mesmo.
Me deitei e bati no outro lado da cama, assim como ele fez mais cedo perto da lareira.
— Fernanda… -Ele veio até a cama, e depois puxou meu braço. — Se esqueceu que sou um homem? Por acaso não me vê assim?
— Você me ama?
— Não!
— Então, por que eu deveria me importar? Se não tem sentimentos por mim, está tudo bem.
— Tem certeza? Nunca ouviu falar de pessoas que ficam juntas apenas por uma noite?
— Você disse que sou boa em ler pessoas, e nesse momento, estou fazendo isso com você!
— Ah, é? Então me diga por que acha que está tudo bem?
— Você não tem interesse em romance ou casos, é indiferente o suficiente a sentimentos assim, pois acha que torna as pessoas mais fracas. Não tem interesse em ninguém, e não ficaria com alguém que não ama, muito menos acha que tem tempo para casos.
— Mas não acha que isso poderia mudar? Afinal, você é bem interessante!
— Mas não o suficiente para te fazer me desejar! Sejamos sinceros, atração física não é algo que nós dois nos importamos…
— Tem razão…
— Seu coração nem mesmo está acelerado, você me perguntou se não te vejo como um homem, mas você me vê como mulher? — Nós dois rimos.
— Sim, eu não sou interessado em sentimentos ou “atração”, acho que nós dois estamos no mesmo estágio.
— Realmente, você é bonito, mas eu não tenho interesse em você!
— Digo o mesmo! Mas saiba que você pode acabar se apaixonando por mim no futuro!
— Por que disse isso do nada? Se já percebeu, Lorenzo, isso não acontecerá! É provável que você se apaixone!
— Quer apostar?
— O que eu ganharia?
— Irei realizar um desejo seu quando precisar, não importa qual seja!
— E o que você ganharia?
— Decidirei quando vencer.
— Certo.
No final, Lorenzo e eu dormimos bem essa noite, sem se incomodar com a presença um do outro.
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Atualizado até capítulo 110
Comments
Sonia Ap Quintino dos santos
casal chapado Lorenzo e Fernanda!
2023-04-09
2
Maricoelho
Estou amando essa estória, totalmente diferente de todas que li anteriormente. Parabéns, autora, não quero parar de ler, fico cada vez mais curiosa!
2023-03-08
3
Jaqueline Morares Moraes
os dois já estam se apaixonando .e vão ganhar muito amor .um do outro .a aposta será empate...kkk
2023-01-27
2