Ao Encontro Da Máfia
A chuva molhava meus cabelos, o vento frio me cercava. Eu não conseguia pensar em mais nada, meus joelhos fraquejaram. As gotas de água que caiam em meu rosto, se misturaram com minhas lágrimas.
Minha vida estava prestes a acabar, por que tinha que ser assim?
— Olhe para mim. — Ao mesmo tempo que diz isso, alguém toca meu rosto, quando vejo seus olhos, meu coração fica gelado. — Eu não quero te fazer mal. — Retiro sua mão com muita raiva, não aguento ver o rosto cínico dele.
— Por sua culpa estou aqui. — Minhas palavras parecem não afetar ele, seu olhar me enche de arrepios, ele está muito próximo.
— Posso salvar você! Afinal, não sou eu o culpado…
Eu não acredito em nada do que ele diz, como posso confiar em um mafioso?
— O que você quer em troca? Pessoas como você nunca fazem nada sem receber nada por isso.
Ele continua calmo, me olhando.
Tem algo errado, ele começa a sorrir e se afasta, os homens que me agrediram antes, estão vindo novamente na minha direção.
Eles me agridem novamente, e vejo o rosto do causador do meu sofrimento, após mais ou menos cinco minutos ele se aproxima.
— Você não precisa saber o que quero, quando eu precisar de você, terá que me atender imediatamente, entendeu? — Ele estende a mão para mim, mas eu me recuso a pegar. — Sei tudo sobre você, e saiba que não sou eu que estou te causando tanto mal como você deve estar pensando, contanto que eu esteja perto de você, ninguém pode te machucar, mas se eu me afastar, você sofre.
Eu não aguento mais, e tudo fica escuro.
Alguns meses antes…
Minha vida havia mudado completamente desde que meu pai conseguiu um novo emprego. No começo, achei que estava tudo bem, mas a minha mãe desapareceu repentinamente, meu pai se sentia culpado, mas eu nunca compreendi o motivo dele se sentir assim.
Desde que isso aconteceu, meu pai mudou muito, mas ele tentava esconder que não estava bem. Esse trabalho estava o sobrecarregando, mas ele não queria deixá-lo, ou pelo menos parecia que ele não poderia.
— Fernanda! — Pulo de susto derramando meu café em toda mesa e também nas minhas roupas.
— Mas o quê? — Eu estava tão perdida nos meus pensamentos, que acabei esquecendo de tudo ao meu redor.
— Você vai se atrasar para o seu primeiro dia se não for se arrumar logo!
— Ah, é verdade, obrigada pai!
— Filha? — Seu rosto estava diferente.
— Pai, o que foi?
— Sei que você está preocupada, mas não pense demais nessas coisas, eu vou resolver tudo, prometo!
— Eu sei que vai, eu confio em você!
Eu não fazia ideia da gravidade dos problemas que o meu pai havia se metido, mas a partir desse momento, eu tive a impressão de que as coisas iriam piorar muito em breve. E dito e certo, meu pai começou a mudar. Foi tão repentino, não sei exatamente o que aconteceu, mas ele começou a voltar tarde da noite, completamente bêbado.
Em dois meses, eu já não o reconhecia. Seu rosto estava horrível, era como se ele estivesse usando drogas. Eu já não dormia direito, ouvindo os resmungos do meu pai a noite. Ele gritava o nome da minha mãe e chorava, não tivemos mais conversas, e o pai amoroso que eu conhecia, foi desaparecendo bem diante dos meus olhos.
Um dia antes do meu aniversário…
Eu não estava conseguindo dormir, acabei mexendo no celular até de madrugada. Logo, ouvi vozes vindo do escritório do meu pai, eu sei que não devia escutar atrás da porta, mas parece uma discussão séria.
— Não temos tempo para brincadeiras, se você não quer que aconteça o mesmo que aconteceu com a sua esposa é melhor colaborar! — Uma vez desconhecido e grave ressoa.
— Por que ele não deixa a minha família em paz? A culpa é minha, sou eu que devo pagar pelos meus erros! — A voz do meu pai estava trêmula.
As vozes estavam tão altas, que pareceu intencional.
— Você sabe muito bem que a menina não é sua filha, o patrão só está pegando de volta o que você e sua esposa tiraram dele!
(O quê?)
— Eu já disse que a Fernanda é minha filha!
Desconhecido: Por que se engana tanto? Aquela mulher traiu você, aqui estão os testes que comprovam que a menina não é sua filha! Se ainda estiver duvidando podemos colocar você cara a cara com a sua esposa, tenho certeza que ela não poderá mentir ao ver as provas.
— Sendo de sangue ou não, e eu sempre irei deixar que vocês a levem!
— Pense bem, Otto! Depois que soube a verdade, anda bêbado, criando dívidas por aí. Sabe muito bem que não conseguirá nenhum emprego, a influência dos Carmono é grande o suficiente para te colocar embaixo da ponte! Parece que você não quer colaborar, vejamos até quando você pode aguentar.
As vozes de repente pararam, não ousei me levantar para ver. Decidi fazer minha própria investigação no dia seguinte, eu precisava ver aquele teste.
No dia seguinte, fui até o escritório do meu pai. Como o esperado, ele não estava em casa mais uma vez. Ao contrário do que eu esperava, os papéis estavam em cima da mesa do escritório, junto de garrafas de bebidas vazias.
Era realmente verdade, ele não é o meu pai…
O choque de realidade me atingiu, e não consegui conter minhas lágrimas. Muitas dúvidas surgiram na minha cabeça, queria descobrir por que minha mãe mentiu, e onde ela estava agora. Acabei dormindo ali mesmo.
Mais tarde, naquele mesmo dia, eu havia perdido aula sem perceber. Eu realmente não estava com vontade de sair, mas ainda precisava ir trabalhar, já que eu não tinha dinheiro. Meu trabalho de meio período é em uma pequena papelaria. O salário não é ótimo, e temos muito poucos clientes, mas era tudo que eu tinha para poder ao menos levar a comida para a mesa.
Meu patrão é horrível, além de alcoólatra, levava todas as amantes para a sala dele. Nesse dia, não foi muito diferente.
— Fernanda, se minha esposa chegar, diga que fui me encontrar com um fornecedor!
— Certo…
Dessa vez, ele havia levado um homem para aquela sala. Duas horas depois, estava perto de acabar meu expediente, já estava preparando minhas coisas para sair. A pessoa dele havia chegado, e claro, não estava nada feliz.
— Onde ele está?
— Foi se encontrar com um fornecedor.
— Outra vez essa desculpa? Sei que ele é seu chefe, mas ficar mentindo para mim assim não garantirá seu emprego aqui!
Eu não a respondi, então ela jogou água na minha cara.
— Perguntei onde ele está! — Ela me olhou furiosa.
— Descontar em mim não vai mudar nada.
Soltando fumaça pelas ventas, ela foi em direção a todas as portas, e quando percebeu que uma estava trancada, começou a gritar histericamente.
Decidi que já não dava para mim, então apenas peguei minhas coisas e fui embora.
— Ahhh… que dia mais horrível…
Eu estava completamente acabada, e sei que em casa seria ainda mais desconfortável.
Já havia anoitecido, as luzes de casa estavam apagadas.
— Já cortaram a energia?
Eu me senti mal, pensando no que queria para conseguir o dinheiro.
Liguei o flash do celular, como sempre, estava tudo silencioso.
Se não fosse normal, eu acreditaria que entrei em um filme de terror.
Enquanto eu ia em direção ao meu quarto, um barulho veio do escritório.
— Não… Uma voz baixinha ressoou.
Eu tinha a certeza, era do meu pai. Assim que puxei a maçaneta da porta, alguém me agarrou. Desesperada, deixei o celular cair ao me debater.
— Xii, calminha! — A mesma voz daquele dia sussurra no meu ouvido.
Ele estava tampando a minha boca para que eu não pudesse gritar.
— Entregue o dinheiro para o velho.
(Dinheiro?)
Parecendo saber meus pensamentos, o homem me respondeu.
— Essa pessoa que você chama de pai te vendeu!
Fiquei incrédula, não acreditando naquelas palavras.
— Se não acredita, pode ouvir da boca dele!
Alguém é lançado perto dos meus pés.
— Fernanda, precisei fazer isso… você não é minha filha, ela mentiu para mim… não consigo mais olhar para você sem lembrar da traição dela… — Ele estava chorando.
Meu pai havia me vendido, e eu não sabia mais o que esperar…
Era para ser um dia feliz, mas acabou se tornando o meu pior aniversário.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 110
Comments
Abiqueila Pereira
a história é muito bonita mesmo 😄 parabéns autora
2023-07-19
3
Marth Ps Santos
pq seus livros não tem audio?
2023-01-14
1
Martha Scagliusi
Comecei hoje dia 13/01/2023
2023-01-14
1