Noah continuava distante de mim, mas não fiz questão de correr atrás dele. Já era noite, e eu estava no meu quarto. Roberto apareceu repentinamente dizendo querer conversar comigo.
— Fernanda, eu acabei não comentando com você, mas no contrato tem uma cláusula dizendo que você e Benjamim precisam dormir no mesmo quarto pelo menos uma vez por semana. Como acabou ocorrendo muitas coisas no último mês, não pude te dizer.
(Acabei esquecendo de falar com ele por causa de Lucius aquele dia.)
— Pode ser todo domingo?
— Sim… mas ele concordou com isso?
— Ele está ciente.
(Isso não significa que ele concordou…)
Roberto se retirou e eu fui dormir.
No dia seguinte, me lembrei de um detalhe que deixei passar. Benjamin e eu estávamos completando um mês de casados, e apesar de não ser algo que eu gostaria de comemorar, pensei que seria uma ótima oportunidade.
Ele estava novamente me esperando para ir para a escola. Dessa vez, percebi que ele estava incomodado, mas tentou não demonstrar.
— Benjamin… eu queria-… — Ele parecia estranho, então parei de falar.
— Fernanda… Você se importa se eu não te levar hoje? Dayse está furiosa comigo por que estou a deixando de lado… sei que errei com você e me arrependo, mas se eu continuar agindo assim, provavelmente ela vai me deixar.
A princípio pensei que perdi minha oportunidade, mas, na verdade, isso era algo bom. Tenho que ser aquela que estava sempre cuidando dele, sem ser importante. Ele tem que se arrepender, então isso é perfeito!
— Eu entendo, posso ir sozinha… — Eu me virei e voltei para dentro.
Senti os olhar dele direcionado a mim, mas não duraram muito tempo.
Fui em direção ao quarto dele, entrei lentamente e coloquei meu presente na cama dele. Era algo simples, apenas um relógio. Achei que não era o suficiente e abri minha bolsa pegando materiais para escrever uma carta.
— O que seria bom? Não tenho certeza do que colocar…
Após pensar bastante, decidi finalmente o que colocar.
— “Sei que esse casamento não foi da nossa vontade, mas espero que possamos nos dar bem! Talvez você não saiba, mas hoje… estamos completando um mês de casados.”
(Perfeito! Bem dramático do jeito que eu queria!)
Coloquei o bilhete junto ao presente, e arrumei minhas coisas para sair.
— Você normalmente não age assim, decidiu tentar conquistar o meu irmão? — Noah estava na porta.
— Você ficou me observando? Isso não é muito educado!
— Entrar no quarto de outra pessoa também não!
— Somos casados, então não acho que seria muito problemático.
Noah olhou para o presente na cama.
— Eu me preocupo com você, Fernanda. Então… seja cuidadosa, se apaixonar por Benjamin não é algo que te faria feliz, pois ele não parece querer deixar Dayse!
— Sei disso, mas preciso tentar, certo? Se puder pelo menos melhorar nossa relação, eu farei…
— É estranho te ver agir assim, sempre o tratou daquela forma…
— Eu não mudei, apenas estou tentando ser paciente!
Olhei para o meu celular, se demorasse mais um pouco, chegaríamos atrasados na escola.
— Por que você continua aqui? Já deveria ter ido para a escola com meu irmão.
— Ele fez o de sempre, me deixou sozinha para ir buscar Dayse.
— Vamos, eu te dou uma carona! Já esperava isso dele.
Chegamos em cima da hora na sala. Dylan estava mais quieto hoje, e isso me deixou surpresa. Não perguntei nada, decidi apenas aproveitar esse momento de paz.
— Hoje terá um evento para todas as turmas, a escola providenciou uniformes para vocês. Faremos uma viagem agora, e já entramos em contato com todos os pais.
Todos ficaram animados, principalmente Dylan. Não nos falaram o lugar, trocamos de roupa e entramos no ônibus. Realmente era para todas as turmas, vi Lorenzo entrando no outro ônibus.
Levou mais ou menos uma hora para chegarmos até o lugar.
— Um acampamento? Essa escola realmente me surpreende todas às vezes… — Dylan ficou desanimado.
Depois que todos chegaram, nos reunimos em um auditório separado.
— Todos os anos, nossa escola faz esse tipo de evento. Todos vocês estão envolvidos com a máfia, e devem aprender a se virar. Nós os trouxemos de repente para esse lugar, assim aprenderão a sobreviver sem suas coisas, já que em casos de emergência não poderiam pegar nada.
Realmente não achei que iriam mencionar a máfia, já que é uma escola de fachada. Ao que parece esse é o verdadeiro objetivo deles.
Disseram que iria ter um sorteio para determinar os parceiros, e como eu esperava, sai com Benjamin. Eu tinha certeza que isso era coisa de Roberto.
— Aaah… — Ele suspirou sem esconder seu rosto de decepção.
Eu não disse uma palavra.
Dayse acabou saindo com Noah, e isso deixou Benjamin irritado. Analisei bem a reação de Dylan, Ben e Noah, todos queriam estar com ela. Noah estava feliz mesmo tentando não demonstrar. A escola providenciou uma barraca para cada par, não ficamos longe de ninguém. E Benjamin em específico fez questão de deixar a nossa quase colada a de Noah.
Recebemos a orientação de que para nos alimentar, precisamos usar os recursos que havia na natureza. Cada turma acabou se separando, e a minha não saiu do lugar. Passamos horas ouvindo reclamações por conta de mosquito.
— Ei… — Noah tocou o ombro de Dayse.
Benjamin esperneou observando os dois.
— Eu não vou comer essa coisa! Nem sei de onde isso veio! — Dayse bateu na mão de Noah, jogando para longe o que ele trouxe para ela.
Ele pareceu decepcionado, e Benjamin não escondeu sua risada. Ele saiu não muito tempo depois, procurando algo. E claro, quando encontrou levou diretamente para ela. Dylan também fez o mesmo, e Dayse se recusava a comer qualquer coisa que eles traziam.
(Idiotas…)
Já estava escuro, e os três saíram ainda procurando coisas para Dayse… fiquei irritada por ver o quão idiota eles conseguem ser. Eu sabia que Noah ainda gostava dela, mas não esperava que ele agisse igual a um cachorrinho.
Algumas pessoas saíram para fumar e usar drogas, fiquei impressionada que eles conseguiram trazer isso, mas não comida… Dayse e eu estávamos cara a cara, eu estava com vontade de fazer algo, mas não tinha nenhuma ideia.
— Está vendo essa fogueira? — Ela apontou para o fogo que nos separava.
— Eu não sou cega, então sim!
— Esse é o seu problema, Fernanda! É tão bruta, assim como sua mãe era. Essa é a razão que agora ela está embaixo da terra, morta! — Ela ainda estava apontando para a fogueira.
Quando ela mencionou minha mãe, não consegui controlar minha raiva.
— Quem acha que é para falar da minha mãe?
— Sua mãe não passa de uma prostituta maldita! Sabe tudo o que minha mãe e eu passamos por culpa daquela mulher? Ela mereceu a morte que teve, deveria ter sofrido mais!
Dessa vez, eu corri até ela. Derrubei Dayse com tudo e apartei a garganta dela com força. Em seguida, não hesitei em pegar um pouco da madeira que estava queimando.
Apontei para perto do rosto dela.
— Você pode falar o quanto quiser de mim, mas não aceito que fale qualquer coisa sobre a minha mãe! — Eu estava decidida a queimá-la.
Ela gritou o nome de Benjamin, e logo os três estavam de volta. Eu não me importei, apenas continuei. Dayse estava horrorizada, e por alguma razão vê-la assim me deixou feliz. De repente, fui jogada para trás com força, caindo perto da fogueira. Minha mão acabou encostando levemente no fogo, mas o suficiente para queimar um pouco.
— Você ficou maluca? — Benjamin levantou Dayse enquanto olhava furioso para mim.
Olhei para Dylan e Noah, e mesmo tentando não demonstrar, eles estavam irritados. Me levantei, olhando diretamente nos olhos de Benjamin.
— Antes de me julgar, procure saber o que ela fez! — Comecei a sair, mas Dylan puxou meu braço.
— Você é uma ótima pessoa, Fernanda… mas se você colocar a vida de Dayse em risco, não posso te deixar viver! — Ele sussurrou para mim.
No rosto de Dylan estava estampado seu ódio, agora ele não fazia mais questão de esconder. Noah que estava do lado, virou o rosto evitando me olhar nos olhos.
— Desculpa, Fernanda, mas ele está certo! — Foi tudo que Noah disse.
Dylan soltou meu braço e eu saí. Não sei por quanto tempo andei, mas já estava longe o suficiente. Eu apenas me sentei e fiquei pensando em tudo.
— Acho que coloquei meu plano a perder…
— Provavelmente, mas sei que você conseguirá recuperar-se! — Lorenzo apareceu repentinamente, se sentando ao meu lado.
Ele me entregou uma bolsinha.
— Onde conseguiu isso? — Estava cheia de salgadinhos e doces.
— Roubei do quarto dos professores enquanto eles não estavam.
— Se você fosse pego, poderia tomar uma suspensão.
— Foi bom que fiz isso, assim pude ver o que aconteceu antes… eu pretendia trazer isso para você.
— Posso perguntar a razão?
— Não, já que eu não sei a resposta.
— Certo… aliás, você viu o que aconteceu?
— Sim, por isso te segui até aqui. Acho que pelos próximos dias você ficará um pouco sozinha, então se precisar de mim, me mande mensagem!
— Eu não tenho seu número!
— Ah, fique tranquila, eu adicionei no seu celular aquele dia que estava desacordada na minha casa. Fiquei impressionado que ele ainda ficou vivo depois de tudo aquilo.
— Nem tão vivo, a tela rachou um pouco.
— Ainda sim é uma boa marca, você ficou encharcada…
Eu abri um salgadinho.
— Acho que terei que passar a noite aqui, se eu voltar não sei o que pode acontecer.
— Se quiser podemos fugir!
Eu apenas o olhei.
— Fique tranquila, eu poderia te levar para a minha casa. Talvez se deixar eles preocupados pode ajudar a acalmar a raiva, irão acreditar que você desapareceu. Um pequeno drama é bom às vezes!
— Por que você sempre tem ideias assim?
— Ahn… por que sim?
— Ah, deixa… Acho que você tem razão, e também não estou a fim de voltar amanhã com eles amanhã…
— Ótimo!
Lorenzo conhecia o caminho, e nós realmente conseguimos fugir. Ele disse que antes de sairmos da escola, pediu para que alguém trouxesse o carro dele até aqui.
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Atualizado até capítulo 110
Comments
Geane Fernandes
Esse chá é realmente potente kkkk
2024-02-15
4
Adriana Dias
que mulher e está que tem todos homens na ✋
2023-03-10
2
Maria Nunes
Na real nao estou entendendo naa dessa historia mas pelo pouco q entendi ela poderia ficar com o Lorenzo
2023-01-11
2