Eu não sou uma propriedade!

Noah, Benjamin e Roberto estavam lá. A atenção de todos estava focada em mim.

— Sabe, é desconfortável ser encarada assim pelos três. Se tem algo a me dizer ou perguntar, fiquem à vontade.

Eles se entreolharam.

— Lucius não planeja entregar sua mãe, disse que a mataria se continuasse insistindo.

— Certo, não esperava mesmo que ele só a entregasse. Talvez ele a ame de um jeito doentio? Ele a mantém presa…

Benjamin nem ao menos tocou na sua refeição e se retirou. Passaram-se alguns dias, e eu estava pronta para ir para a escola. Roberto pediu para que Benjamin me acompanhasse, mas ele acabou sendo o primeiro a ir. Noah me acompanhou pedindo desculpas milhares de vezes. Claro, a escola é enorme como o esperado, chegando a ser até exagerado. Muitas pessoas estavam me observando, talvez por estar ao lado de Noah e não da pessoa com quem me casei. Noah me levou até a sala que eu iria estudar, mas logo percebi que ele também era daquela turma, assim como Benjamin.

— Noah, quantos anos você tem?

— A mesma idade que você e o meu irmão, e sim, nós somos filhos de mães diferentes, nascemos no mesmo ano.

— Faz sentido.

Noah se sentou com um amigo, ele disse que Roberto pediu para que Benjamin ficasse ao meu lado.

Apesar de Benjamin ter saído primeiro, ele ainda não estava aqui. Me sentei sem expectativa, afinal tenho certeza de que ele não sentaria perto de mim.

— Carmono, nos reencontramos… — Dylan jogou a bolsa no chão e se sentou ao meu lado.

— Vá embora!

— Por que eu faria isso?

— Porque não gosto de você!

— Mas eu gosto… — Ele sorriu.

— Pode parar com essa laia, eu não sou idiota! Já sei da sua história com Dayse, se caso acha que pode se vingar de Benjamin por meio de mim, desista, não sou um objeto e muito menos tenho importância para ele, assim como ele também não tem para mim! — Falei friamente.

Dylan não pareceu se importar com o que eu disse.

— Fernanda, você poderia ter muito mais se ele se apaixonasse por você! — Dylan me lança um olhar afiado.

— Sei onde quer chegar, mas desista! Ele não deixará Dayse por mim, e também é pouco provável que ela volte para você caso terminem…

— Você é boa em ler as pessoas, mas dessa vez está errada! Eu não faço isso para que Dayse volte para mim, e sim porque pretendo tomar tudo que for importante para o Benjamin, assim como ele fez comigo.

— Mesmo que nenhum dos dois a tenha?

— Sim, Dayse não é alguém confiável, nunca se sabe quando ela pode te trair, mas ainda sim não consigo esquecê-la.

— Parece que essa deu um “chá de calcinha” para vocês quatro, se não houver mais…

— Chá de quê?

— Esqueça, apenas me deixe em paz!

Ele sorriu e colocou subitamente a mão no meu rosto. Percebo Benjamin entrar na sala, seu olhar direciona a nós dois. Como o esperado, Dayse estava logo atrás dele. Ela também é dessa turma, mas a diferença é que repetiu de ano uma vez. Eles se sentaram não muito longe de Dylan e eu, eu conseguia ouvir claramente a conversa deles.

— Eu não pretendo fazer parte dos seus planinhos de vingança! — Sussurrei perto de Dylan.

— Apenas continue conversando comigo assim, ele está nos olhando, é o suficiente por enquanto! — Ele piscou, fazendo com que eu sentisse vontade de o bater.

Não pretendia provocar Benjamin, mas também não me importava com ele. No intervalo, consegui dar um perdido em Dylan, que estava me seguindo a todo momento.

— Ah, que dia estressante… — Andei observando a escola.

Nem ao menos sabia para onde estava indo, mas continuei. Bruscamente alguém me puxou para uma sala, e fechou a porta.

— O que você pensa que está fazendo? Você quer manchar a minha reputação ficando daquele jeito com Dylan? — Benjamin estava apertando meu braço. Eu o fiz soltar.

— Se acha que eu te devo algum respeito, está enganado! Você mesmo mancha sua reputação enquanto está com ela, sendo recém-casado! Não espere que eu seja obediente, não pertenço a você!

— Errado, você é minha esposa, então me pertence! — Ele me agarrou pela cintura.

— Sou sua esposa apenas no papel, mas não se esqueça, nunca serei sua de verdade! Estou apenas sendo recíproca, curta bem sua vida com Dayse, não me importo com nada que os dois façam!

Ele estava irritado, e eu não dei a mínima para suas reclamações.

— Se puder me soltar, agradeço. Agarre a pessoa com quem ia passar a noite na sua lua de mel, não eu, afinal se ela não te rejeitasse você provavelmente nem voltaria! — Pisquei e me soltei dele.

Sai da sala, e segui o meu caminho, pensei que ficaria perdida, mas acabei encontrando Noah, que me acompanhou de volta à sala. Para a surpresa de zero pessoas, Dylan estava me esperando. Percebi que Dayse estava sentada sozinha, mas que seu olhar se direcionou a Noah e Dylan várias vezes.

(Não me diga que ela está com ciúmes? Parece que Dayse gosta de um harém de homens…)

Eu me sentei, ouvindo as tagarelices de Dylan. Mais tarde, ao final da aula, um aluno se pronunciou quando o professor saiu.

— Como todo ano, teremos a nossa comemoração na cabana! Será hoje às nove, espero que todos vocês estejam lá!

Os alunos gritaram e cochicharam entre si.

— Você vai, certo?

— Não!

— Qual é, Carmono, vai ser divertido! Tenho certeza de que você não tem nada de especial para fazer! — Dylan estava mais chato do que anteriormente.

No final, acabei cedendo ao cansaço. Noah também ia, então me senti aliviada. Mas além dele, Dayse e Benjamin estariam presentes. Noah me acompanhou até em casa, já Benjamin nem ao menos voltou. Noah me disse que provavelmente ele estaria com a Dayse, e que iriam juntos mais tarde para a cabana. O lugar estava bem afastado da cidade, percebi que Roberto não dá muita importância para onde os filhos vão, afinal Noah nem mesmo avisou, apenas saiu me levando com ele.

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