O jogo da garrafa

Chegamos dez minutos atrasados, Dylan estava na porta esperando. Ele e Noah trocam olhares desdéns.

— Não precisava me esperar aqui fora! — Passo reto por ele, abrindo a porta.

Eu esperava por mais pessoas, mas havia apenas umas dez. Ao olhar para o canto, percebi Dayse e Ben, ela estava no colo dele.

— Parece que não virão muitas pessoas igual a todos os anos. — Noah aparece bem atrás de mim.

— Essa turma é muito sem graça, por isso. — Dylan colocou a mão no meu ombro.

Noah imediatamente o tirou, olhando feio para ele. Percebo que Ben também estava observando de longe.

— Vamos começar, não parece que virá mais pessoas! — Um aluno fica em pé em cima de um banco.

Fizemos uma roda, e claro, eu acabei ficando de frente a Benjamin, e com Noah e Dylan ao meu lado. A princípio, cada um teve que contar alguma história assustadora. Quando chegou a vez de Benjamin, ele olhou para mim.

— Era uma vez, uma bruxa horrível que apareceu subitamente na vida de um casal. Ela estava decidida a atrapalhar a relação, obrigando o homem a se casar com ela. Assim, ela fez de tudo para conseguir o amor dele, mas não obteve sucesso, já que o amor do casal era imenso. — Nesse momento, Dayse revirou os olhos. — A bruxa, inconformada, jogou um feitiço para que ele acreditasse que ela era a pessoa que ele amava, mas ele percebeu que ela não era sua amada. No final, a bruxa foi morta, e o casal viveu feliz para o resto de suas vidas. — Benjamin sorriu, continuando olhando para mim.

(Ele realmente fez uma comparação do meu rosto parecido com Dayse como um feitiço.)

— Isso não é terror, Ben. Acho que se casar fez você ficar meio emocionado! — Um dos nossos colegas reclamou.

Após passar por algumas pessoas, chegou finalmente a minha vez, e claro, eu não deixaria barato aquela provocação.

— Um dia, uma pobre garota teve sua vida virada de cabeça para baixo, ela perdeu seu pai, e acabou sendo levada por desconhecidos. Chegando lá, descobriu que seria obrigada a se casar com um ogro horrível. Ela ficou desolada, pois não tinha outra escolha. Felizmente, o ogro horrível tinha se apaixonado por outra humana, mas ela apenas fingia o amar. A garota sentiu pena do ogro, e tentou o aconselhar, mas ele era ignorante e lesado, acreditando cegamente naquela humana. O ogro continuou se envolvendo, até que um dia, a humana o apunhalou pelas costas, o deixando à mercê de uma morte dolorosa e lenta. Ele se lamentou por não ouvir a garota, e chamou seu nome, mas ela não estava mais lá por ele, pois ela foi levada apenas para que o ogro esquecesse a humana, que era filha de um comerciante rico. Não conseguindo cumprir sua missão, a garota foi liberta e fugiu para longe. O ogro morreu se arrependendo por confiar naquela humana. — Enquanto eu dizia, olhei para Benjamin.

Ele me olhou furioso, como se quisesse me fuzilar. Dayse, Noah e Dylan também me olharam surpresos, enquanto os outros da sala pareciam ter gostado da história. Quando finalmente todos terminaram de contar suas histórias, o aluno que havia subido no banco, colocou uma garrafa no chão.

— Chegou a hora boa! O jogo da garrafa, acredito que todos vocês conhecem, mas explicarei rapidamente. A garrafa irá parar em duas pessoas e elas terão que se beijar! Quem não cumprir terá que beber uma garrafa inteira da nossa bebida especial! — Todos parecem concordar.

Olhei a hora, percebendo que já era quase onze e meia.

— Certo, mas eu gostaria de mudar de lugar! Se eu ficar aqui, não posso beijar a pessoa que eu quero. — Dylan olha para Dayse, apesar de eu achar que não era para ela o que ele estava falando.

Noah e Benjamin também mudam de lugar. Nas primeiras três vezes, não saiu nenhum de nós.

Logo, a garrafa parou em Benjamin e Dayse, e óbvio que ele não hesitou em beijá-la. Antes de fazer isso, ele me olhou e sorriu. O beijo deles foi tão demorado, que um dos alunos teve que interferir. Ele me olhou mais uma vez quando terminou.

A garrafa girou mais duas vezes, e dessa vez, acabou caindo em mim e Noah.

— Fala sério… justamente ele? — Dylan sorriu.

Noah pareceu estar hesitante, e por um momento, ele pegou a garrafa com a mistura de bebidas especial. Antes que ele bebesse, eu peguei a garrafa e coloquei no chão.

— Me desculpe, Noah, sei que você não quer isso, mas eu não aguento mais o ego do seu irmão acreditando que o mundo gira ao redor dele. — Sussurrei no ouvido dele.

Em seguida, eu o beijei. Noah pareceu surpreso, por isso me afastei rapidamente, mas ele me puxou de volta, retribuindo meu beijo com intensidade. Os outros gritaram, enquanto eu e Noah apenas ignoramos. Quando Noah passou a mão levemente pela minha bochecha, senti uma mão nos empurrar com toda força. Benjamin estava furioso, e jogou Noah longe. Ele agarrou meu braço e saiu me arrastando para longe da cabana.

— Você perdeu o juízo, por que beijou o meu irmão? — Benjamin continuou apertando meu braço.

— Do que isso te importa? Não deveria nem ao menos interferir!

— Você é minha esposa, não entende isso? Está manchando a minha reputação, o nome da minha família! — Pude perceber que ele realmente me odiava.

— Você mesmo manchou sua reputação quando a beijou! Você mesmo disse, sou “sua esposa”, ou melhor, só “esposa”, já que sua não sou. Ainda, sim, no papel, estamos legalmente casados, e você tem um caso com uma golpista, quer manchar mais sua reputação do que isso? Você mesmo já se jogou no fundo do poço há muito tempo!

Benjamin estendeu a mão como se fosse me bater, mas logo ele abaixa.

— Se você um dia ousar me bater, pode ter certeza, Benjamin, eu nunca irei te perdoar! Mesmo que você me peça perdão de joelhos, chorando, eu ainda vou te querer morto! Se Dayse é o seu ponto fraco a ponto de levantar a mão para uma mulher, apenas a convença de ir embora com você! Te garanto que vai me poupar de muita coisa, e assim como na história do ogro, ela trairá você, e eu serei livre. Mesmo que me procure, jamais vai me encontrar de novo!

Benjamin ficou sem palavras.

— É melhor você voltar, afinal a sua “amada” vai pensar que a "bruxa" sequestrou o homem que ela ama!

Ele soltou meu braço, eu voltei para a cabana, o deixando sozinho. Assim que me viu, Noah conferiu se eu estava bem. Meu braço estava um pouco vermelho, ele pegou minha bolsa e me levou embora imediatamente. Dylan não disse nada, e Dayse saiu procurando Benjamin.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***