Uma discussão

...Madú...

Estava na piscina com a Mercedes, e o Cesar, brincando, jogando conversa fora.

— O Hernando volta hoje, ele concluiu o serviço, deve estar chegando a qualquer momento, então vamos voltar pra nossa casa. — Mercedes anunciou.

— Vou sentir saudade de você. — Fui sincera, eu gostei mesmo dela. — Espero que venha aqui antes que eu volte pra Brésalen.

— Virei sim, mas ainda tenho esperanças de que você vai ficar aqui e casar com o chefe.

— Ta doida Mercedes! — Falei séria.

— Doida porque? Ta na cara que vocês se amam.

— Vou nem falar nada viu. — A Mercedes sabe bem que o chefe jamais ficaria com alguém como eu, pra ele eu não sou nada. Ele não está apaixonado por mim.

— É sério, ele gosta de você, eu conheço o chefe. — Ela insistiu.

— Você disse que ele nunca ficaria com uma prostituta. — Apelei para a lógica.

— Isso é preconceito Madú, ele te conheceu e você mudou isso nele, fora que você não é prostituta né. — Será que ela tinha razão? Será que ele gosta de mim?

Eu confesso que as vezes tenho essa sensação, de que temos mais do que simplesmente um contrato. Mas pode ser só coisa da minha cabeça.

No final da tarde o Hernando chegou e partiu com a Mercedes e o Cesar.

— Boa viagem de volta galera, nos vemos em breve. — Benj se despediu.

— Tchau amores, se cuidem e juízo Benj. — Mercedes nos abraçou.

— Ja to com saudade de vocês. — Falei a soltando do abraço.

Eles saem, o chefe vem até mim e me abraça.

— Vamos ver um filme? — Ele fala de um jeito fofo.

— Só se eu puder escolher! — Brinquei.

— Ta, mas nada de musicais.

— Certo! — Entramos na sala de cinema da mansão e escolho um dos meus filmes preferidos. — Vamos assistir "Orgulho e Preconceito" eu amo esse filme.

— Afff, la vamos nós! — Ele resmunga, porém me abraça e assistimos ao filme, novamente não consigo evitar o choro, esse filme sempre mexeu muito comigo, mas agora diante do que está acontecendo entre mim e o Chefe, parece que é a nossa história sendo contada ali, só que no filme tem um final feliz! — Você sempre chora nos filmes?

— Só alguns.

— Porque escolheu esse filme? — Ele parecia meio contrariado.

— Eu li Jane Austen no meu Ensino Médio, e me apaixonei. Esse é o melhor filme inspirado em um livro dela.

— Ta, mas por que escolheu ver ele hoje?

— Do que está falando? — Me levantei.

— Um casal orgulhoso que não admite que se ama, pois ele possui um preconceito com mulheres da classe dela, sofrem horrores até finalmente reconhecerem que se amam. Quer me dizer alguma coisa? — Ele foi bastante ríspido.

— Que?

— Já houve outra moça do Ciclo Fenin que imaginou que ia se casar comigo, que nos amávamos, mas tudo não passa de um contrato. Não crie expectativas. — Ele diz isso e sai da sala. Eu fico arrasada.

Mas que idiota, o filme não foi uma indireta. Mas na verdade, eu realmente estava criando expectativas, eu achei sim que ele pudesse gostar de mim e a Mercedes e o Benj ainda ficaram alimentando isso. Ta na cara que eles não conhecem o chefe.

Agora não sei onde vou enfiar a minha cara. E se ele encerrar o contrato agora, me mandar embora e não pagar todo o valor que acertamos? Eu estava aqui vivendo o meu sonho de Alice e esqueci da minha família. Estúpida!

Fico ali pensando no que fazer e nem percebi que estava chorando. Enxugo as lágrimas e vou para o meu quarto, tranco a porta e volto a chorar, porque eu tinha que me apaixonar?

Já era de madrugada quando ouço batidas na porta.

— Abre a porta! — O chefe gritava do outro lado. Ai merda! Eu não quero falar com ele, decido ficar quieta, vai que ele acha que dormi e me deixa em paz. Mas ele insiste. — Madú, eu sei que você não dorme sozinha, então abre essa merda antes que eu coloque essa porta a baixo. — Merda! Que se ferre, ele já está chateado mesmo. Quero ficar sozinha, eu preciso pensar. Continuo quieta. —Esse é o último aviso!

Como assim último aviso, o que ele vai fazer?

De repente ouço um barulho forte de batida e a porta cai no chão!

Ele derrubou a porta!

Esse homem é louco!

— Mas que merda é essa? — Falei chocada.

— Eu disse que derrubaria a porta, e eu sempre cumpro o que digo! — Ele entrou furioso. — Porque não abriu? Nem vem dizer que tava dormindo!

— Eu só queria ficar sozinha. Pensar!

— Pensar em que?

— Algum problema, senhor? — Os seguranças chegam correndo com as armas em punho.

— Não, podem ir! — W revira os olhos. Eles saem sem entender nada! — E então, pensar em que? Tá querendo ir embora?

— Não posso ir embora, a minha família precisa desse dinheiro. E o filme não foi uma indireta, eu quis ver porque gosto de filmes assim. E eu sei que você jamais se apaixonaria por alguém como eu. — Fui sincera. — Eu sempre trabalhei, e é assim que eu conquisto as minhas coisas, estou vivendo sozinha concentrada no meu trabalho faz anos, e estou bem assim. Não se preocupe, quando terminar esses dois meses, eu vou embora e nunca mais irei te procurar, eu juro.

Ele fica parado me olhando, eu não tenho ideia do que esse olhar quer dizer.

— Vamos, eu disse que enquanto estiver aqui, é comigo que você dorme. —Ele me pega pelo braço e me leva pro quarto dele.

Deitei na cama e pedi aos céus que ele realmente apenas quisesse dormir, porque eu não tinha nenhuma vontade de fazer nada com ele nesse momento, e de acordo com o contrato eu não poderia negar nada a ele.

E pra meu alívio, ele deitou ao meu lado me abraçou e dormiu. Eu queria chorar, mas não podia ali com ele ao lado. Fiquei acordada por algum tempo tentando pensar em como passar mais dois meses com ele, sem me envolver ainda mais.

No dia seguinte

Quando acordei ele não estava no quarto, me levantei ainda triste, fui a meu quarto e a porta ainda estava lá derrubada, tomei banho, me arrumei e desci, já passavam das 10h dormi bastante pelo visto.

— Bom dia Parça! — O Benj estava na mesa do café.

— Bom dia. Onde ta o Chefe?

— No escritório. — Benj me olhou intrigado. — Ta tudo bem?

— Porque a pergunta?

— Vocês dois não estão com a cara muito boa, e soube que uma porta foi derrubada ontem.

— Ta tudo bem Benj, foi só uma discussão. Mas agora as coisas estão claras.

— Como assim?

— Agora o chefe sabe que eu não pretendo ficar aqui ou tentar conquistar ele. E eu sei que ele não tá nem aí pra mim.

— Eu acho que agora as coisas estão ainda mais escuras.

— Para Benj, sério! Vamos só viver esses últimos meses e colocar um ponto final nisso. — Dei a conversa por encerrada.

Passo a tarde na piscina lendo materiais do caso do estupro e falando com o Valter no telefone, até que anoitece.

Janto com o Benj e a Marisol, e depois vou pro quarto do chefe, já que o meu ainda está do mesmo jeito, e espero ele aparecer. Mas o tempo passa e nada dele. Resolvo descer e ir até o escritório.

Bato na porta e espero a resposta dele.

— Entra! — Ele grita lá de dentro.

— Vai passar a noite aqui? — Digo isso ainda dá porta.

— Nossa! Nem vi que já estava tão tarde. Vem aqui. — Fui até ele e sentei em seu colo. — Me desculpa pela porta, acho que exagerei, amanhã eu mando consertar.

— Tudo bem, a sua casa, acho que pode quebrar o que quiser.

Ele afasta os meus cabelos e beija o meu pescoço, ele sabe que aí é um dos meus pontos fracos, ele conhece cada detalhe do meu coro e sabe como é onde me tocar.

Com beijos assim eu fico totalmente entregue a ele. Sem dificuldade ele retira a minha roupa e beija todo o meu corpo. Me levanta e coloca sobre a mesa e volta a me apreciar como um banquete servido pra ele.

Me deito sobre a mesa, ele abre as minhas pernas e beija a minha intimidade me levando a loucura, depois me puxa e entra em mim de forma brusca me fazendo gritar, com estocadas fortes e precisas, ele parecia necessitado de mim.

Terminamos, ele me pega no colo e me leva pro quarto onde continuamos durante quase a madrugada inteira.

— Eu nunca me canso de estar com você. — Falando assim, até parecia algo romântico.

— Percebi, mais um pouco e acho que teria um ataque cardíaco, fora que devo ficar de cama por uns três dias. — Falei rindo.

— Você é linda! — Ele acaricia os meus cabelos e fica fazendo elogios. Por que ele faz isso? Já deixou claro que não sente nada por mim, mas age como se estivesse apaixonado. — Tá tudo bem? — Ele me olha com a testa franzida.

— Ta, eu só tô cansada. — Desconversei.

— Descansa. Boa noite minha linda!

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