Festa de despedida

...Madú...

Estamos de volta à mansão, agora falta apenas uma semana para meu retorno a Brésalen.

Durante o trajeto de volta pra mansão do W, eu me mantive calada, tristeza e raiva tomavam conta de mim. Pois mais uma vez eu havia criado expectativas, pensei que o modo como ele me tratava, o carinho, as palavras de saudade, tudo era sinais de que ele ia ficar comigo, mas eu estava enganada.

Ele permanecia o mesmo, tinha preconceito com o que eu havia feito, me vendido a um homem, mesmo sabendo que era a primeira vez e que foi pela minha família, mas não importava, ele deveria estar preocupado com o que a sociedade, os amigos, talvez o que os pais dele diriam sobre namorar uma prostituta.

— Ta tão calada Madú. — Bruna chamou a minha atenção.

— É, eu tô com um pouco de dor de cabeça, só isso. — Desconversei.

— Vamos ficar calados pra não te incomodar chefa.

— Ta tudo bem Bruna. — Sorri para ela, uma fofa.

O W sabia bem porque eu estava assim, é tanto que ele ficou tão calado quanto eu, e mal me olhava.

Chegamos!

— Já estou com saudades da casa de campo, deveríamos voltar lá mais vezes. — Marisol falava empolgada. — Por que não vamos novamente na próxima semana, aproveitar mais o tempo da Madú aqui?

— Boa ideia! — Benj comemorou.

— Pode ser! — Ouvi o chef concordar e senti um aperto no coração.

— Eu não estarei aqui na próxima semana. — Falei cabisbaixa.

— Que? — W me olhou abismado.

— Essa é a última semana do contrato. — Digo isso e todos ficam boquiabertos.

— Caramba, passou tão rápido, eu não tinha me dado conta. — Benj me olhou triste.

O chefe fica parado em silêncio.

— Como assim contrato? — Bruna perguntou e decidi responder.

— É por isso que estou aqui Bruna, por um contrato de 4 meses, que se encerra dentro de uma semana.

— Encerrando o que acontece?

— Eu vou embora.

— Embora pra onde? — Bruna parecia revoltada.

— Pra minha casa em Brésalen.

— Brésalen? — Ela deu um gritinho. — Mas isso é bem longe.

— É... — Me limitei a responder.

Durante o "inquérito" da Bruna, o Chefe permanece calado, olhando pro nada, com uma expressão de contrariado.

— E quando você volta? — Bruna continuou fazendo perguntas.

— Ela não vai voltar Bruna. — Benj falou impaciente.

— O que? Então é isso, a nossa amizade acaba em uma semana? — Bruna estava quase chorando, e me deixando ainda mais triste.

— Infelizmente sim! Mas, quem sabe um dia você vai pra Brésalen e a gente se vê por lá! — Falei tentando sorrir.

— Eu não acredito que você vai embora, o chefe não pode renovar esse contrato?

— Ta legal Bruna, já chega. Vamos pra casa da piscina. — Benj saiu arrastando a Bruna.

— Mas isso é injusto! — Ela saiu reclamando.

— Você vai fazer muita falta Madú. — Marisol me deu um abraço.

— Obrigada Marisol!

Ela sai e me deixa na sala com o chefe, que continua olhando para o nada.

Ficamos em silêncio por cerca de um minuto, até que ele simplesmente sai andando e entra no escritório sem nem olhar pra mim. Eu então subo e vou pro meu quarto. Penso em trancar a porta, mas lembrando da última vez que fiz isso, acho melhor deixar apenas encostada.

Vou direto pro chuveiro, e deixo as lágrimas caírem junto com a água.

Uma semana e tudo aquilo teria um fim, pra sempre.

Termino o banho e fico deitada na cama, espero o chefe me chamar pra dormirmos juntos, nem sei como vai ser essa noite, nesse clima péssimo que está entre nós dois. Mas enfim, ele disse que enquanto estivesse aqui deveria dormir com ele.

As horas se passam e já é madrugada, mas ele não apareceu. Então, decidi ir até o quarto ver se ele está lá. Mas a cama está vazia.

Desço até o escritório, mas nem sinal dele, procuro pela casa e não o encontro em lugar nenhum. Então pergunto a um dos seguranças que me diz que ele pegou o carro e saiu.

Merda! Onde ele foi uma hora dessa? O Benj já deve estar dormindo, então tudo que me resta é aguardar.

Decido não tentar dormir e fico na piscina fazendo meditação até amanhecer.

Quando amanhece, subo, tomo outro banho e me troco para o café da manhã.

— Bom dia. Já está de pé? — Marisol me olhou preocupada. — E que carinha de cansada é essa?

— Digamos que eu não dormi. — Respondi. — Sabe onde o Chefe está?

— Não, vi o chefe hoje.

— Ele saiu ontem a noite.

— Que estranho! — Marisol termina de arrumar a mesa e Benj e Bruna aparecem.

— Bom dia família! — Assim que eles entram corro até o Benj.

— Benj, onde o chefe foi?

— Não sei. Quando ele saiu? — Benj parecia confuso.

— Ontem.

— Ontem? Não temos nenhum serviço esses dias.

— Pode ligar pra ele?

— Só um instante! — Benj sai e fico esperando ele voltar com notícias. — É.... — Ele volta encabulado.

— Fala logo Benj. — Falei nervosa.

— O Chefe, disse que volta em alguns dias.

— Alguns dias? Onde ele tá?

— Ele não disse! — Benj falou sem graça.

— O que ele tá fazendo? É trabalho?

— Desculpa Madú. Eu só sei que ele volta em alguns dias. E só!

Sinto as lágrimas encherem os meus olhos e saio da mesa antes que comece a chorar na frente de todos ali.

Como ele pode fazer isso? Era a minha última semana, eu queria aproveitar cada momento que restava perto dele, queria guardar cada beijo, cada abraço, cada carinho na memória.

Mas ele simplesmente sai, sem mais nem menos. Eu não devo significar nada pra ele.

Cinco dias depois.

Hoje é o meu último dia aqui em Codrinal. O chefe não voltou pra casa desde o dia que viemos da casa de campo. Eu insisti que o Benj ligasse que pedisse notícias.

Mas depois de dois dias eu desisti, se ele não queria me ver, não havia nada que eu pudesse fazer a respeito, simplesmente aproveitei esses dias pra ficar com o Benj, com a Marisol e com a Bruna que vinha pra cá dia sim, dia não.

A Bruna inventou de fazer uma festa de despedida hoje a noite, a Mercedes, o Hernando e o César vieram pra minha despedida. De inicio eu não queria essa festa, eu estava triste com essa atitude do chefe, mas resolvi aceitar.

Me arrumei pra festa, coloquei um vestido, tipo camisão, um tênis branco, fiz uma maquiagem leve, porém caprichei na pele pois já havia alguns dias que eu não dormia, e deixei o cabelo solto.

— Madú, que saudade de você! Tá tão linda! — Mercedes veio me abraçar.

— Oie Mercedes, também estava com saudade. Fico feliz que vocês puderam vir.

— Nunca que perderia a sua festa. E também confesso que estava mega curiosa pra conhecer a garota que roubou o coração do Benj.

— Menina nem fala, mas a Bruna é maravilhosa. Meio inocente demais, porém é fofa, verdadeira, carinhosa, fora que é super divertida. E os dois juntos são tão bonitinhos!

— Ai que fofo, tomara que o Benj, tenha mudado mesmo e valorize a menina.

— Eu também espero, porque a Bruna merece um cara legal que se importe com ela.

— Madú, poxa você vai fazer muita falta. — Hernando apareceu e fui dar um abraço nele.

— Obrigada Hernando, eu também vou sentir falta de vocês.

A festa foi bem divertida, dançamos, rimos e conversamos bastante. Todos evitavam falar do Chefe, com medo de estragar o clima da festa, era óbvio que eu queria muito ele lá e estava triste por isso.

A festa durou até a madrugada, o Hernando e a Mercedes foram dormir por volta das 3h, e a Bruna e o Benj foram logo em seguida. Eu continuei na área da piscina, afinal sabia que não ia dormir mesmo.

Por volta das 4h eu voltei pro meu quarto. Tomei banho e fiquei meditando na cama. De repente senti alguém entrar, abri os olhos e lá estava ele.

— Pensei que não ia se despedir. — Falei ressentida.

— Eu não ia, odeio despedidas. — Ele me olhava sério.

— E porque veio?

— Porque eu queria te ver, e eu ia me arrepender se não viesse. Me desculpa, eu fui covarde e não queria ter essa despedida. Mas não consegui resistir.

— Bom, agora você tá aqui, pode se despedir! — Falei isso olhando em seus olhos.

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