O Contrato: Unidos Por Justiça

O Contrato: Unidos Por Justiça

Madú

...Madú...

Segundou, mais uma semana de luta aqui em Brésalen, eu odeio essa cidade, na verdade não a cidade em si, mas as coisas que acontecem aqui e como as pessoas ruins se dão bem, enquanto pessoas boas sofrem tanto.

Eu mesma sofri muito aqui nessa Cidade, e os que me fizeram sofrer estão por aí impunes, enquanto eu vivo cercada por traumas, dores e cicatrizes. Mas tudo que eu passei me deu forças pra lutar, foi por isso que me tornei a advogada Maria Eduarda Teles, aquela que luta contra a impunidade, contra homens perversos que se aproveitam de mulheres. É por isso que eu continuo aqui em Brésalen.

Meu dia começa bem cedo, já que moro bem distante do escritório de advocacia onde trabalho, e apesar de finalmente ter comprado um carro, ele é de terceira mão e não é tão veloz assim.

— Bom dia família! — Entrei na sala.

— Bom dia filha querida! Conseguiu dormir hoje? — Minha mãe me deu um beijo de bom dia.

A minha mãe é uma professora primária aposentada, e como uma boa professora, ela sempre incentivou a mim e a meu irmão caçula a estudar bastante para alcançar os nossos objetivos, mas infelizmente apenas eu segui os seus conselhos.

— Não mãe, — eu li um pouco e meditei a madrugada inteira, mas eu tô bem.

Eu não consigo dormir, desde que sofri aquele episódio do qual eu prefiro tentar esquecer que ocorreu, não consigo fechar os olhos sem ter pesadelos terríveis, então eu fico acordada, quando não consigo eu tomo remédios pesados pra tentar apagar de vez e não sonhar, as vezes funciona.

— Porque não toma os remédios filha. Eu sofro em ver você assim.

— Devia voltar para a terapia. — Meu pai resmungou.

Meu pai, Mário, é um motorista de ônibus, ainda está na ativa, ele diz que só vai se aposentar quando não conseguir mais dirigir.

— Eu sei pai. É que já fui tantas vezes, a tantos terapeutas diferentes e sei lá. Não evoluiu muita coisa.

— Terapia é importante, e você evoluiu sim, só que precisa continuar. — Meu pai falou sentando-se a mesa

— Verdade meu amor! Mas toma o seu café em paz e vai trabalhar, que eu sei que é disso que você gosta.

— É isso aí dona Leonor! — Sorri.

— Bom dia família! — Sophia pareceu sorridente.

— Bom dia princesa, dormiu bem? — Minha mãe lhe deu um beijo.

— Dormi sim, obrigada.

— E esse neném te deixou dormir? — Falei alisando a barriga que já dava seus sinais.

A Sofia é a minha cunhada, ou era né, enfim. Faz dois meses que o meu irmão sumiu outra vez, ele sempre faz isso, mas dessa vez tá bem estranho. Ele trouxe a Sofia pra morar aqui em casa pois ela estava grávida dele.

Recebemos a Sofia super bem, até porque ela é uma ótima pessoa, ela trabalha como bartender numa boate gay. Na mesma boate onde o meu melhor amigo faz seu show de Drag Queen.

O caso é que dias depois de trazer a Sofia pra cá o Junior simplesmente desapareceu sem deixar rastro. Pensamos que ele pode estar em perigo ou morto sei lá. Mas meu medo maior é que ele tenha se metido em encrenca e que eu tenha que pagar por isso novamente.

— Deixou sim, esse bebezinho tá se comportando muito bem.

— Eu to muito ansiosa pra saber se é menino ou menina. — Minha mãe estava radiante com o neto.

— Ainda ta cedo, mas que diferença faz. Vamos amar do mesmo jeito. — Falei empolgada.

— Bom, eu vou indo família. Beijos. — Saio para o trabalho.

Desde que consegui minha licença de advogada eu comecei a trabalhar na Solano Advocacia. Conheci o Solano na faculdade, ele era meu professor, muito bom por sinal. Nos identificamos com os nossos objetivos, contra impunidade e principalmente contra a violência sofrida pelas mulheres.

Aceitei trabalhar no escritório dele. É um escritório bem pequeno e não temos muito dinheiro, já que a maioria das nossas clientes são pobres, muitas nem conseguem pagar, mas ainda assim conseguimos muitas vitórias, pois somos muito bons.

A Solano só tem 4 funcionários, eu, o Valter que é outro advogado, a Ana Tereza que é a nossa secretária e a Neide que faz a limpeza.

— Bom dia Madú. — Ana me cumprimentar assim que chego.

— Bom dia, Ana!

— Tem muita coisa pra revisar para o julgamento daqui a duas semanas. Deixei alguns arquivos na sua mesa.

— Muito obrigada Ana. Vou pra minha sala.

— Ahhh! — Ana chama minha atenção e me viro de volta. — O Valter quer que você leia o caso dele mais uma vez. Ele está super nervoso com o julgamento na sexta.

— Certo, eu reli essa madrugada. Assim que ele chegar me avisa.

— Pode deixar.

O Valter tem um julgamento nessa sexta, é o caso de violência doméstica, o marido batia na mulher e na filha que hoje tem 18 anos. A mulher não tem nenhuma renda e o marido é dono de uma empresa bem sucedida. É um caso difícil já que ele conhece pessoas influentes, mas o Valter está preparado e essas mulheres precisam de justiça.

— Bom dia flor do dia. — Chegou entrou na minha sala. — Pela sua cara foi outra noite sem dormir.

— Pode parar Solano, já basta os meus pais. E minha cara nem ta tão ruim assim.

—Ta sim, sua sorte é que você é muito bonita, mesmo com essa cara de cansada.

— Quero que a sua mulher veja você me elogiando assim. — Provoquei.

— Você não faz o meu tipo. — Ele fala rindo.

— Besta. Revisou o caso do Valter?

— Só umas dez vezes. Ta bem sólido, acredito que vamos vencer.

— É, mas precisamos de mais cartas na manga só pra garantir.

Trabalho o dia inteiro no escritório, aqui temos apenas hora pra entrar, sair daqui é um grande desafio. Ajudei o Valter a melhorar umas coisas que observei no caso e passei o resto do dia concentrada no meu.

Estou defendendo um caso de uma vítima de estupro, um amigo da faculdade a dopou e violentou, conseguimos algumas provas e vamos com tudo pra cima dele, esse desgraçado tem que pagar pelo que fez. Eu tô bem concentrada nisso.

À noite saio do escritório e vou até a boate, nas segundas, quartas, sextas e sábados tem o show da Drag mais maravilhosa de todas a Luna Nera, a drag do meu amigo Lú. Aproveito pra ver o show e dar uma carona pra Sofia.

O show tava lindo e bem animado o Lú arrasa demais.

O Lú, interpreta a Luna Nera: A Bruxa renascida de Salém. Eu amo demais o trabalho dele, meu amigo é um grande artista.

— O show do Lú é o melhor né? — Sophia falava atrás do balcão.

— Sem dúvida, eu amo demais. — Disse orgulhosa. — A Luna é perfeita, olha esse show.

Depois do show eu fico no balcão esperando a Sofia terminar o turno dela e também esperando o Lú sair.

Eu e o Lú, nos conhecemos na escola, apesar de termos feito faculdades diferentes, o Lú e eu continuamos sendo melhores amigos.

Meu amigo é muito lindo, tem o sorriso mais incrível de todos, e o talento dele é extraordinário.

— Amor da minha vida, veio me ver. — Lú me abraçou.

— Claro, faz tempo que não vejo um show da Luna, tava com saudade.

— Gostou?

— Claro, a Luna Nera é maravilhosa.

— A Melhor drag de Brésalen meu amor! — Ele falava levantando os braços. E rimos muitos.

— Com certeza. A mais babadeira!

Ficamos conversando no balcão até a hora do turno da Sofia acabar. E fomos pra casa.

Dia cansativo, e amanhã começa tudo outra vez. Mas eu amo essa loucura. Hoje preciso tentar dormir, já fazem 5 dias que não prego os olhos, já estou no meu limite. Pego dois comprimidos e tomo, deito na cama e rezo pra apagar e não ter pesadelos essa noite.

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Comments

Carolainy Lima

Carolainy Lima

ela deve q passou por algo bem ruim

2024-07-06

1

Carolainy Lima

Carolainy Lima

ela deve q passou por algo bem ruim

2024-07-06

1

Janayara Dede

Janayara Dede

O que será que aconteceu com ela?🤔🤔🤔

2024-06-07

2

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