...Madú...
Acordo tarde hoje, é sempre assim, toda vez que preciso tomar remédios pra dormir não consigo acordar cedo. Mesmo com os remédios continuo tendo pesadelos, mas ao menos consigo dormir até o efeito do remédio acabar, então não acordo de madrugada gritando feito louca e acordando a casa inteira.
Me levanto ainda sonolenta e vou me arrumar para ir ao trabalho, hoje vou receber a vítima do caso que estou responsável, e preciso estar bem pra prestar todo apoio a ela.
— Bom dia Madú, levantou mais tarde que eu hoje. — Sophia estava já terminando o seu café.
— É, tomei uns remédios pra dormir, ainda tô com sono.
Pelo menos conseguiu dormir, você estava com cara de cansada. — Minha mãe falou levantando da mesa.
— Não era só a cara mãe. Mas hoje estou melhor. O pai já saiu?
— Já sim, hoje ele foi trabalhar bem cedo. — Assim que mãe respondeu, o meu celular tocou, era o meu pai.
— Oie pai!
— E aí Maduzinha. Tudo de boa? — Não era o meu pai falando, que estranho!
— Quem tá falando?
— Já esqueceu do seu parceiro Gordo?
— Gordo? Ta fazendo o que com o celular do meu pai? — O Gordo é um traficantizinho de merda, ele fica numa biqueira aqui no morro perto de onde eu moro, o Junior, meu irmão, é um desgraçado de um viciado, e costuma ficar lá pelo morro andando com esses caras.
— Seu velho tá aqui, achamos ele indo pro trabalho e resolvemos bater um papinho, mas acho que ele se machucou um pouco. É melhor você vir aqui buscar o velhote.
— O que você fez com o meu pai Gordo? — Falei com muita raiva. — Eu vou subir com a policia.
— Escuta aqui, se a polícia aparecer o seu velho morre, e depois a sua família toda, então tira essa marra de doutora advogada e vem aqui buscar o teu pai que o Boto quer falar algo sério com você.
Desligo desesperada, o que será que está acontecendo? Porque pegaram o meu pai?
— O que houve com o seu pai? — Minha mãe falou preocupada.
— Ele ta no morro, o Gordo disse pra eu ir buscar ele, e que o Boto quer falar comigo. — Respondi.
— Merda! — Sophia praguejou. — Isso só pode ser coisa do Junior, ele tava andando muito lá no morro, parecia até amigo desses caras.
—Ai filha, se o Junior aprontou novamente? Eu não quero que você sofra outra vez. — Minha mãe levantou determinada. — Eu vou buscar o seu pai e conversar com esse tal de Boto.
— Sem chance mãe, eu vou lá.
— Eu vou com você. — Agora a Sophia também ficou de pé.
— Ta maluca, e colocar a vida do meu sobrinho em risco? Nem pensar. Eu vou lá e sozinha. — Pego as chaves do carro e saio o mais rápido possível.
No morro.
Subo o morro quase correndo.
— E aí Maduzinha, seu pai tá bem ali. — O Gordo aponta para o canto e vejo o meu pai agachado no chão com o rosto e as mãos machucadas. Corro e abraço ele.
— O que você fez, seu bandido desgraçado? — Gritei abraçando meu pai.
— Se acalma aí tá. — Goró reclamou. — O seu pai não quis colaborar. Mas eu sei que você vai, porque você é sensata. Entra aí que o Boto quer falar com você.
Eu entro na casa e o Boto tava no sofá me esperando. O Boto é o dono do morro, uma figura asquerosa, magro, pálido e cheio de tatuagens de cadeia. Parece uma caveira ambulante.
— E aí Madú. — Ele se levantou e veio até mim.
— Fala logo o que você quer, quero tirar o meu pai desse inferno.
— Seu irmão amava esse inferno. — Boto falava com um sorriso odioso nos lábios.
— Sabia que o Junior tava por trás disso. O que ele aprontou agora?
— Eu soube o que houve com você. Seu irmão é uma grande filho da put@.
— Não, minha mãe é uma professora. — Respondo com ironia.
— É modo de falar. Mas seu irmão não vale nada mesmo. Aprontou com você e agora aprontou comigo.
— Como assim? — Perguntei intrigada.
— Ele disse que a mina dele tava grávida, e queria levantar uma grana pra comprar um barraco e morar com ela. Então aceitei que ele trabalhasse aqui comigo. Mas o desgraçado me roubou. Pegou a grana toda e fugiu. E o pior é que no meio tava a grana que eu pago pra milícia.
— Como é? — Então é por isso que ele sumiu. Maldito Junior!
— É isso aí. Seu irmão fugiu com a minha grana, eu fiquei esses dois meses atrás dele, mas não consegui achar e a milícia tá na minha cola. Então eu preciso dessa grana. Eu consegui segurar a milícia na promessa de pagar um valor a mais. Posso esperar 4 meses no máximo.
— 4 meses pra que?
— Pra que você me pague a grana que o seu irmão roubou.
— O que? — Eu quase dei um grito. — Espera Boto, de quanto a gente tá falando?
— 400 mil.
— Ta maluco? Onde eu vou arrumar esse dinheiro?
— Se vira.
— E se eu não pagar? — Falei nervosa.
— O seu irmão aprontou lá no morro do Xandão e você sofreu por 3 dias. E lá ele só devia uns 5 mil conto. Se não me pagar, eu vou matar o seu pai, a sua mãe, vou arrancar aquele bebê de dentro da barriga da Sofia com uma faca de pão, e tudo isso enquanto todos os caras aqui do morro te comem por trás. — Ele falou isso olhando diretamente nos meus olhos.
— Seu escroto de merda! Eu vou trazer a policia aqui. — Me desesperei.
— Vai não Madú. Você sabe que eu realmente mato todos vocês, mesmo atrás das grades, eu tenho meus parceiros por aí. E eles vão curtir você e a Sofia, talvez até curtam a sua mãe também.
— Eu não tenho onde arrumar esse dinheiro, nem que você me desse 3 anos de prazo. — Respirei fundo e tentei argumentar.
— Então é melhor correr, porque você só tem 4 meses Madú. Agora sai daqui e leva o seu pai. Só volta quando tiver a grana.
Saí de lá desesperada, eu sei que o Boto não tá blefando, eu bem sei o quanto essa gente é cruel e perigosa. Pego o meu pai e saio de lá o mais rápido possível. Ligo pro escritório e aviso que hoje não poderei comparecer, também ligo pra desmarcar a minha reunião com a vítima.
Em casa.
— Ai que alívio vocês chegaram. — Minha mãe correu para nos receber. — Minha nossa, o que fizeram com você Mário.
— O que eles queriam? — Sophia falou aflita.
— O caso é sério, gente. — Sento e conto tudo pra eles, as ameaças, o motivo do sumiço do Junior, o dinheiro e tudo mais.
— Eu não posso acreditar. — Sophia estava indignada. — O Junior é um desgraçado mesmo, olha o que ele fez e no que meteu a gente. Eu não acredito que confiei, que engravidei dele, como eu fui burra.
— Por que Junior, meu próprio filho. E agora o que vamos fazer? — Minha mãe chorava.
— Eu devo ter uns 10 mil no banco. — Meu pai falou tendo ver uma forma de resolver a questão.
— Eu tenho uns 5 mil, tava guardando pro enxoval do bebê. — Falou a Sophia.
— Eu tenho 50 mil, era a entrada do meu apartamento. — Falei.
— Vou amanhã no banco, tentar um empréstimo, eles vivem mandando mensagem pra emprestar dinheiro pra aposentado. — Minha mãe tentou ajudar.
— Esses empréstimos não passam de uns 50 mil mãe.
— Ai minha nossa! O que vamos fazer? — Sophia já começava a se desesperar.
— Eu vou dar um jeito. Eu vou sair, preciso pensar.
Eu vou pro carro e choro, eu tenho tanta raiva do Júnior, eu odeio o meu irmão, já odiava por tudo que sofri por causa dele, e agora odeio ainda mais. Eu mataria o Junior se pudesse, sim ele merecia morrer. Mas agora é a minha família que está ameaçada de morrer da forma mais cruel possível, e tudo por causa dele.
Caramba, como vou conseguir esse dinheiro?
Decido ir até o Lú eu sei que o meu amigo já fez muita coisa pra conseguir dinheiro, então acho que talvez ele possa me ajudar a pensar numa maneira de salvar a minha família.
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Atualizado até capítulo 45
Comments
Fatima Vieira
moleque merece uma cova rasa ,pois não pensou em ninguém da família
2024-10-26
2
Marilene Lena
Esse não é homem, não pensa na família 😐
2024-10-01
0
Juliana Vicentina Da Vo
Moleque inconsequente.
2024-09-23
1