19

Não permita Senhor... Vai dar tudo certo.

Após alguns segundos, uma comoção se fez na entrada do prédio. Não reconheci Gael, mas soube que a mulher em seus braços era Emma, estava desmaiada em seu colo. Vi quando seus cabelos loiros, agora sujos, voaram na maca onde foi colocada deitada. O bombeiro ao seu lado tirou a máscara e o reconheci.

—  GAEL? —  berro o mais alto que posso.

Alguém próximo a ele o chama e aponta para mim.

Embora Gael permitisse a minha entrada com a mão, Emma já estava sendo levada pela ambulância.

—  Vão para o hospital, ainda tenho serviço. — ordenou Gael quando me aproximei.

—  Sabe dizer como ela está? —  indago angustiado.

—  Quando cheguei ela estava desmaiada e muito machucada. Não estava muito queimada, o estranho é que tinha um homem pouco distante dela, talvez tenha entrado para ajudar...

—  Gael? Mangueira agora! Pare de conversar. — ordena seu chefe o interrompendo.

—  Vão para o hospital. —  diz antes de sair correndo.

Vejo mais um bombeiro sair com uma pessoa nos braços. Não consegui identificar, parecia estar muito queimada. Junto às peças. Um homem no apartamento de Emma. Meg com celular roubado.

Emma em seu apartamento. Só podia ser Rupert. Minha vontade era matá-lo se já não estivesse morto. Seria ele todo queimado sendo carregado na saída do prédio?

—  Todo mundo já está indo para o hospital. — avisa David e aceno. Ele dirigia dessa vez. — Como está?

—  Ficarei bem depois de vê-la.

No hospital, vou direto para a recepção, mas a informação que tenho é que ela está sendo examinada. Vamos para a sala de espera que está praticamente vazia pelo horário. David senta enquanto ando nervoso.

Em pouco tempo ouço passadas e viro-me vendo uma Meg com sua barriga correr em minha direção.

—  Onde ela está? O que aconteceu? Ela está bem? —  pergunta com os olhos marejados e pego-a pelos braços fazendo-a sentar.

—  Fica calma Meg, olha o bebê.

—  Eu quero saber como está a Liz! —  exige e suspiro ao seu lado.

—  Ainda não sei.

—  Vai ficar tudo bem não vai? Ela é forte.

As palavras foram mais para ela do que para mim. Aperto seu joelho e sorrio o mais convincente que consegui.

—  Ela é sim, muito forte.

Algum tempo se passou quando por fim, o médico apareceu. Gael chegou no momento e se juntou a nós.

—  Apesar dos machucados ela está bem. Ficou no oxigênio por um tempo, mas já está conseguindo respirar sem ajuda das máquinas, não há nenhuma fratura, mas ela permanece dormindo. Vamos dar um tempo para ela, seu corpo foi muito machucado, parece que estava em uma briga.

—  Podemos vê-la, Doutor? —  indaga Meg e o médico assente.

—  Só espere uns minutos. A enfermeira virá chamar.

Ouvir as palavras do médico tirou todo o peso das minhas costas. Estava fora de perigo, porém muito machucada. As palavras do médico repercutem não só em mim. Parece que ela estava em uma briga.

Agora tenho certeza que o homem no apartamento de Emma era Rupert, e bateu nela mais uma vez. Isso não vai ficar assim. Puxo Gael de canto. Noto David reparar em meus movimentos e vem junto.

—  O homem que estava no apartamento, onde ele está? —  pergunto sem desvios.

—  O homem morreu. O corpo não resistiu às queimaduras de terceiro grau. Ele estava bastante queimado. – Gael olha de relance para a família e baixa o tom de voz. —  A polícia está achando que não foi um acidente.

—  Claro que não, ele veio para matá-la. — murmuro com ódio.

—  Ele? O homem que morreu? Do que está falando Noah? —  pergunta David e resolvo contar tudo antes de Emma.

—  Vamos voltar. Há algo que tenho que contar sobre Liz. Ela queria ter a chance de explicar tudo, mas devido às circunstâncias e o que aconteceu, eu mesmo vou contar. Vocês precisam saber o que está acontecendo.

Sentados nas cadeiras azuis, iniciei o relato sobre Emma. Todos se mantiveram calados ouvindo minhas palavras. No fim, Meg se levantou avisando que iria ver sua 'irmã'.

Acenei com a cabeça sabendo que Emma nunca precisou se esconder ou ter medo. Aqui ela também tinha uma família que a protegeria de tudo e todos.

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