Noah Peterson
Não sabia muito pelo que se passava com Meg, mas notei que era algo sério e doloroso, não apenas para ela. Liz sempre teve uma postura protetora com Meg e era meio óbvio que ficasse chateada com os acontecimentos. Frank tinha sua cara triste e pálida quando me virei para olhá-lo e me apressei até sua cama.
— Me desculpe Frank, Liz só ficou...
— Não há nada que desculpar. É compreensível sua atitude, imagino como Meg irá reagir. – ele diz suspirando. — Peço encarecidamente que leve esta carta da mãe para a filha, há coisas que Meg precisa saber.
— Desculpe Frank, mas Meg é a mulher do meu irmão e eu não quero ser portador de notícias que irão machucá-la. Ela está grávida e não sei o que esta carta pode... — digo sem rodeios mais sou interrompido novamente.
— Eu não li a carta meu jovem, mas conheci Judy muito bem e sei que não faria nada para machucar a única filha. Eu deveria ter enviado esta carta há mais de dez anos, quando Judy morreu, mas eu fui egoísta demais para me desfazer de tudo relacionado a ela, e isso inclui os quadros e a carta. Guardei todo esse tempo para tê-la comigo sempre, mas agora prostrado nesta cama esperando o dia de minha morte... — ele ri fraco e respirando fundo. — não vejo porque guardar. Foi quase como divino eu encontrar você, e o seu último trabalho com Meg, é como se faltasse apenas isso para finalmente poder ir em paz.
Não senti repulsa e nem sequer raiva. Ficou apenas claro para mim que amou demais uma mulher, que havia um passado antes de conhecê-lo.
— Tudo bem Frank. Prometo entregar, mas vai partir de Meg querer ler ou não.
— Me sinto melhor ouvindo essas palavras. Olhe, se Meg tem raiva da mãe o único culpado sou eu que resolvi guardar. Espero que quando ela ler compreenda tudo.
— E eu espero que tudo acabe bem. — murmuro. — Acho melhor eu ir, amanhã passo por aqui para falarmos dos quadros.
— Não é necessário, vocês podem ficar na minha cabana. Há quartos e comida, além de que, os quadros estão lá.
— Não queremos incomodar Frank, podemos ficar no hotel e amanhã bem cedo iremos com Hellen até sua cabana.
— Por favor, meu jovem, quero ao menos desfazer a má impressão com sua amiga. Será mais prático que fiquem por lá.
Olhei para Hellen no canto da parede ao lado de Frank, praticamente implorando com os olhos para aceitar. Suspirei derrotado e sorrindo. Sei que Liz vai implicar, mas eu adoro tirá-la do sério mesmo.
— Está certo Frank, vamos ficar na sua casa.
Tenho certeza que Liz vai adorar a hospedagem.
Saí do quarto deixando um idoso mais feliz, pelo menos isso. Liz estava sentada em uma cadeira pensativa e para minha surpresa, continuou calada e pensativa enquanto íamos para a cabana. Hellen dirigia seu carro e dessa vez decidi ir na parte de trás do carro com Liz. Seu rosto estava virado para a janela observando o lado de fora, mas creio que não prestava atenção em nada. Fitei o caminho a frente que parecia tomar um rumo pouco distante da cidade.
— Onde o Sr. Collins mora? — pergunto a Hellen que sorrir.
— Na cidade, mas adora o chalé que possui por causa da tranquilidade. Como pode ver, é um pouco longe do mundo urbano. É bem confortável e está bem equipada. Pela manhã, bem cedo, enchi a lavanderia de lenha caso fique muito frio, mas se não souberem mexer, a lareira é equipada para funcionar também a gás. O tempo está mudando, nunca se sabe o quanto pode ficar frio.
— E você é...
— Sou advogada e amiga de Frank. — ela para pôr segundos para continuar. — Ele é uma pessoa incrível que perdeu muita coisa e agora está perdendo a vida.
Liz se remexeu e girei para olhá-la. Seus olhos eram preocupados e temerosos. Sei que está pensando em Meg e em Frank e o quanto está dividida.
— Não se preocupe Hellen, ficou bem claro para mim que Frank amou demais uma mulher que havia um passado antes de conhecê-lo. Nenhum dos dois tem culpa pela obra do destino, não é Liz?
Minha pergunta a pegou de surpresa e notei seu nervosismo rapidamente escondido.
— Sim, ninguém tem culpa. — murmurou e voltou a olhar a vista de sua janela.
O silêncio se formou e com ele minha desconfiança. Liz está quieta e incomodada, não gosto de vê-la assim. Será remorso por ter sido tão rude com Frank?
O chalé era rústico por fora, mas por dentro se via a delicadeza que só uma mulher teria. Algo me dizia que os móveis e até a maneira como cada um estava, eram de dez anos atrás. A sala tinha um espaço bom e grande, uma mesa de jantar quadrada e enorme, janelas por todo o lugar com cortinas vermelhas que pareciam pesadas. Não distante da entrada ficava a lareira. O tapete redondo, o sofá pequeno e as duas poltronas, deixavam o lugarzinho mais aconchegante.
— Há um banheiro social no corredor dos quartos. Ali é onde ficam a cozinha e lavanderia. — aponta Hellen e aceno com a cabeça. — Essa é a chave do quarto onde estão os quadros e essa são as chaves da casa.
Hellen me entrega um molho de chaves quase vazio e uma chave separada.
— Bom, acho que já vou indo. Fiquem à vontade e se sintam em casa. — deseja e agradeço deixandoa na porta.
Ao virar-me vejo Liz ainda admirando o chalé com seus olhos verdes e ávidos. Com ela de costas me aproximo devagar.
— Enfim sós. — sussurro fazendo-a se afastar ligeiro.
— Por que você não para de ser...
— Gostoso? — falo interrompendo-a com um leve sorriso nos lábios.
— Petulante! — enfatiza e pega sua pequena mala de viagem. — Eu já te disse que não vai acontecer nada mais parecido com o que houve no avião.
Sua afirmação meia boca me faz rir, e ela ruge entre dentes revirando os olhos.
— E eu já te disse linda Liz, que é você que vai pedir por mais do que houve no avião.
— A única coisa que vou pedir, é que o tempo passe mais rápido. – murmura irritada, some pelo corredor para um dos quartos.
Meu riso é liberado e parto para um quarto também. Durante o tempo que ficarmos juntos tenho certeza que uma hora ela vai ceder.
Meu telefone vibrava e tocava ao mesmo tempo. Abri os olhos vendo a única luz vir do celular. Meu quarto estava escuro, então, presumi que devo ter dormido pouco. Atendo sem ver quem está me ligando. Deve ser alguns dos meus irmãos.
— Sim? — resmungo com a voz grossa e seca.
— Noah? É a Hellen. Estava dormindo? Desculpeme. — fala ligeiro e custo para entender.
— Hellen? ... Não, tudo bem. — passo a mão em meus cabelos, sentando em seguida na cama. — O que aconteceu? Por que está ligando de madrugada?
— Madrugada? Senhor, já são oito horas.
— Oito horas?
— Sim, liguei justamente para avisá-lo sobre o tempo. Passou a noite nevando e ainda está, o tempo parece que vai permanecer assim por dois dias.
— Dois dias? — indago outra vez e percebo que estou repetindo o que ela diz.
— Sim Sr. Peterson. É recomendado que fiquem em casa e não tentem sair, as ruas estão escorregadias e cheias de neve.
— Tudo bem então, Hellen, obrigado por avisar, acho que nem tentaria ver televisão.
— Eu imaginei que pudessem não saber da notícia.
— Fez bem. — divago com um sorriso imaginando que Liz também não sabe. — E como está Frank? Diga a ele que vou ver os quadros hoje mesmo.
— Ele está bem, mais tarde vou tentar ir ao hospital e passarei o recado.
— Ok Hellen, e obrigado mais uma vez.
Desligo o telefone feliz. O que mais eu poderia pedir? Dois dias preso com Liz era o que precisava. Saio da cama disposto, apesar do leve frio em que a casa está. A primeira tarefa que faço é ligar o aquecedor que dá para todos os quartos e a lareira, em seguida preparo um café da manhã. Com tudo na bandeja me dirijo ao seu quarto.
Liz dorme serena abraçada há um travesseiro. Ligo a luz do abajur e ela logo resmunga, parece ter o sono leve.
— Liz? É hora de acordar. — murmuro gentil deixando a bandeja na cama de casal.
Seus olhos se abrem sonolentos e olha o quarto, para em seguida focar os olhos em mim. Sua testa franze levemente, talvez seja por eu estar sorrindo.
— O que quer, Noah? Ainda está escuro lá fora... Não me diga que quer fazer uma caminhada. — murmura fechando os olhos outra vez.
Caramba, como ela é linda! Não tive a oportunidade de presenciar isso na noite em que ficamos juntos. Ela fugiu antes que eu acordasse. Curvo-me beijando seu rosto e sentindo seu aroma de rosas. Sorrio por ouvir apenas seu resmungo. Acho que as pessoas têm razão quando dizem que o frio deixa as pessoas mais letárgicas.
— Já é quase nove horas, linda. Acontece que o tempo aqui mudou. A neve tomou conta e para nossa segurança, teremos que ficar no chalé, por dois dias, até a frente fria e a neve passarem.
Ela abre os olhos analisando minhas palavras e em segundos senta na cama desvendando sua camisola lilás de cetim enroscada em seu corpo. Os seios fartos parecem maiores na camisola, os cabelos caem de forma desajeitada e paro em seu rosto que carrega uma expressão incrédula e nervosa. Eu simplesmente amo vê-la assim.
— Você só pode estar brincando! — interrompo a vontade de agarrá-la.
— Ligue a televisão ou o rádio que tem na cozinha... Melhor, vá até a janela. Apesar de tudo estar branco, a vista é bonita de ver, mas não se preocupe não supera você. — sussurro e me aproximo beijando sua testa.
Essa atitude a pega de surpresa, me deixando satisfeito. Saio do quarto desejando estar enterrado nela durante esse inverno rigoroso, mas tenho tempo, aliás, tenho dois dias e muita coisa pode acontecer nesse tempo. É, acho que o destino deve gostar de mim.
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Comments
Vilza de Souza
Tomara que ela se renda e se abra com ele.
2023-11-07
0
Paloma Matias
aiai 2 dias trancados num chalé que perigo em kkkkkk
2023-07-12
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