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  Noah Peterson

Emma estava no banho já algum tempo. Resolvi dar um espaço para que pensasse, amanhã seria muito importante para ela e eu estaria ao seu lado.

Notei que Gael ficou preocupado e pela sua curta conversa com David, logo vi que ele também percebeu algo fora do normal. David era um soldado do exército, enxergava de longe as coisas, além de conhecer bem os irmãos que tinha.

Não demorou para que meu celular tocasse e sorri ao ver o nome na tela.

—  Fala David —  digo esgotado.

—  E aí cara, tudo bem?

—  Tudo indo. Você e Jennifer já estão vindo?

—  Estamos na estrada. —  o silêncio se formou, e esperei ele começar a falar. – Escuta Noah, Gael me ligou de novo, falou que Liz tem algumas coisas para nos contar. Ele estava bastante apreensivo, sabe como Gael é protetor com a esposa. Creio que você sabe do que se trata.

—  Sim eu sei, mas ela pediu para não contar nada antes dela.

—  Mas é algo grave? Você está bem com isso? — pergunta preocupado e suspiro passando a mão em meu rosto.

—  Só posso dizer que, quando tudo estiver esclarecido, vou precisar de sua ajuda.

—  Sabe que ajudarei, mas e você, como está?

—  Eu a amo, David. —  confesso e descanso o corpo para frente com os cotovelos apoiados na perna.

—  É praticamente uma droga quando nos resumimos a isso, não é? —  ouço a ironia e rio bufando.

—  Ah sim, com certeza uma droga!

—  Sei que não pode contar mais nada, mas qualquer coisa sempre estaremos aqui, para o que precisar.

O apoio da minha família me fortalece e quero muito que Emma possa sentir isso. Ela não está sozinha.

—  Obrigado David, vou lembrar sempre disso.

Ele desliga e deixo o celular de lado. Ainda na mesma posição, vejo os pés de Emma no chão desaparecer quando sobe no sofá e cruza as pernas. O cheiro do meu sabonete em seu corpo perfuma o ambiente. Encosto-me no sofá deixando minha mão descansar em sua perna enquanto suas mãos alisam meu braço.

—  Relaxada? —  indago visualizando seu rosto delicado.

—  Muito, deveria tomar banho também.

—  Depois, talvez eu tenha que ir à galeria, preciso ver como está tudo por lá, fiquei um tempo sem me comunicar com eles.

—  E você tem que ir hoje? —  ela pergunta passando o carinho do braço para a minha nuca.

— Melhor, quanto mais cedo eu for, mas cedo eu volto, assim posso deixar tudo encaminhado para amanhã e passar o dia com você.

—  Ihh, ficou mal-acostumado.

—  Pra você ver o que é capaz de fazer comigo. — ela gargalha e sorrio junto. —  Você pode vir comigo para a galeria se preferir.

—  Acho que prefiro ficar por aqui.

Ouço o receio na sua voz e tomo sua mão beijandoa.

—  Está segura comigo amor, não vou deixar que nada de mal lhe aconteça. —  digo e ela acena beijando meus lábios e deitando a cabeça em meu ombro. – Mas já que você prefere ficar, vamos deixar tudo trancado, o alarme vai estar ativado. Ninguém vai conseguir entrar aqui. Se por acaso Meg ou Rose ou alguém que conheça vier, vou deixar a senha do alarme na geladeira e o porteiro avisado.

—  Sim senhor, entendi tudo. —  ela diz me olhando com amor e me sinto maravilhado com a mulher linda que tenho.

Coloco-a no meu colo e a beijo com intensidade. É impossível ficar longe dela, sem tocá-la, sem beijála.

—  Não sei como consegui ficar todo esse tempo longe de você. —  sussurro com os olhos fechados.

—  Para mim também era difícil. —  confessa e me afasto sorrindo.

—  Eu sempre soube que gostava de mim, por isso sempre estive rondando em cima de você.

—  Convencido. —  acusa e gargalho.

—  Talvez eu seja mesmo. Agora tenho que ir, espero que tudo esteja organizado, com a vinda de mais quadros, tenho que começar a preparar a exposição.

Emma sai do meu colo e volta a sentar no sofá. Na cozinha anoto no bloco a senha do alarme e volto para sala pegando as chaves, carteira e o blazer. No caminho para porta, Emma me acompanha e antes de sair ativo o alarme e beijo Emma mais uma vez.

—  Tenha cuidado. —  ela pede e aceno.

—  Eu terei.

—  Eu te amo. —  pronuncia e sorrio.

—  Eu posso me acostumar com isso. —  comento.

—  Bem... Eu também.

—  Te amo. —  beijo-a de novo e saio para o elevador.

Eu posso facilmente me acostumar com isso.

A galeria estava em ordem, mas precisei fazer uma reunião para falar sobre a nova exposição. O relógio marcava cinco horas da tarde mostrando que havia se passado uma hora. Não achei que fosse demorar tanto.

—  Pessoal, vamos dar um intervalo, em quinze minutos voltamos. —  digo e de um por um, cada funcionário vai deixando a sala.

Finalmente sozinho, pego meu celular. O telefone de Emma toca quatro vezes antes de ela atender.

—  Noah! —  exclama meio ofegante e franzo a testa.

—  Tudo bem?

—  Sim! Sim, é que não estava achando o celular.

—  ela diz e apoio os braços sobre a mesa. —  Já está chegando?

—  Não, liguei pra avisar que vou demorar um pouco. —  a respiração pesada de Emma me deixa desconfiado. —  Tem certeza que esta tudo bem?

—  Sim é que Meg me ligou e pediu que eu fosse para a casa de seus pais.

Alivio minha testa. Ela só está com medo de sair.

—  Não precisa ir se não quiser, Emma. Marcamos de ir só amanhã. Se quiser posso falar com Meg.

—  Não! —  exclama rápido e vinco outra vez minha testa. – Não será necessário, e que acho que vai ser bom ir até lá. Está muito chato ficar aqui sozinha. —  reclama.

—  Você poderia ter vindo comigo, mas tudo bem, há mais um carro na minha garagem, a chave está na porta de entrada.

—  Obrigada, Noah. —  murmura.

—  Tem certeza que está tudo bem?

—  Tenho. —  sussurra. —  Eu amo você, não esquece.

—  Nunca. Eu também te amo.

Ela desliga o celular e fico tentado ligar para Meg, mas o que falaria para ela se ela não sabe de nada? Além de que, só está preocupada com a amiga como todos estão.

Fito a tela do celular onde Emma está dormindo serena que nem percebo as pessoas voltando para suas cadeiras. Minha secretária põe um café na minha frente com os olhos maliciosos quase debruçando sobre mim. Estava mais que na hora de trocar de secretária.

E rezando para o tempo passar mais rápido, volto à reunião.

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