Desejo de vingança

Eu estava sentada no sofá, enquanto Dietrich fazia café. Ele estava insistindo que eu deveria ficar ali quieta por conta do choque, ele acreditava que o ocorrido me deixaria traumatizada.

— Dietrich, eu estou bem…

— Acho que já ouvi isso umas cinquenta vezes, mas não consigo me convencer…

— Não foi sua culpa, e não me machuquei!

— Mas você poderia ter sido morta!

A razão de tudo isso foi aquela taça, sendo sincera quando penso no que teria acontecido se me acertasse, fico arrepiada. Apesar de ter sido comigo, ele que estava mal, por isso eu abracei Dietrich por um longo tempo.

No dia seguinte, ele não me deixou ir para o trabalho, disse que resolveria tudo sozinho, e que era para eu descansar.

Eu relutei, mas ele não me ouviu. No final, fiquei em casa assistindo um filme, sendo sincera, estava entediada, e a falta dele acabou me deixando agoniada. Não precisei me preocupar tanto, já que Dietrich e eu acabamos trocando mensagens por horas, claramente eu reclamei com ele, já que ele deveria continuar focado. O certo seria nem reclamar, não é? Afinal, isso apenas mostra que ele se importa comigo.

— "Você gostaria de jantar fora essa noite?" — Ele mandou.

Antes que eu pudesse responder, a campainha tocou, eu fui até lá imediatamente, apesar do meu estado não estar muito apresentável.

Sim, foi uma má ideia, afinal a pessoa que havia chegado era alguém que eu não esperava ver em um momento como esse.

— Posso entrar? — Dante empurrou a porta sem esperar minha resposta.

Ele foi em direção ao sofá e se sentou. Eu fechei a porta e o segui.

(Eu deveria tentar falar algo?)

— Quanto você quer para deixar o meu filho? — Ele puxou um choque do bolso.

— Sério? Eu não preciso do dinheiro dele e nem do seu! — Eu amassei imediatamente.

Eu esperava que Dante ficasse bravo, mas não foi isso que aconteceu.

— Você é teimosa igual a ela… — Ele disse bem baixinho.

— Ela?

— Sua mãe…

— Você conheceu a minha mãe?

— Sim, nós fomos colegas de escola.

(Por que de repente ele está falando da minha mãe?)

— Você também conheceu o meu pai?

— Não tive essa oportunidade.

— Mas pelo que eu sei, meu pai e minha mãe estudaram juntos desde a creche até o final do ensino médio, e ela não fez faculdade ou sequer um curso extra, não teria como conhecê-lo sendo que os dois andavam juntos o tempo inteiro?

(Ele está mentindo, era óbvio…)

Foi Elena que me disse isso, nossos pais sempre estiveram juntos, antes como melhores amigos, e todo o grupo que eles andavam, os dois estavam colados um no outro.

— Tem razão, não éramos colegas, mas ainda assim eu a conhecia.

— Entendo…

(Se eu perguntasse, sei que ele não responderia.)

— Como está Luane? — Ele perguntou com a voz trêmula, parecendo ter um leve déjà-vu ao falar o nome dela.

— Meus pais morreram alguns anos atrás…

Dante de repente ficou em choque, sem acreditar nas minhas palavras.

— Como..?

— Foi em um acidente de carro, eles estavam voltando juntos de uma viagem.

Era um assunto sensível para mim, mas por alguma razão senti que Dante estava mais triste que eu, provavelmente por descobrir somente agora. Estava me perguntando tantas coisas, a relação entre minha mãe e Dante parecia ir além do que apenas a de conhecidos.

— Gostaria de um copo de água?

— Eu… estou bem!

— Certo.

Dante respirou fundo antes de voltar a falar novamente.

— Como viveu sem sua mãe? Fiquei sabendo que tem dezoito anos, certo?

— Sim, foram meus tios, e depois Elena que cuidaram de mim.

Ele pareceu estar claro de algo.

— Por que ela escondeu sua existência? — Ele disse baixo outra vez.

— Senhor, podemos voltar ao que importa? Eu devo dizer que não irei me separar de Dietrich, então não posso aceitar nada…

E outra vez ele respirou fundo.

— Eu voltarei… — Ele se levantou e caminhou até a porta.

Provavelmente já esteve aqui antes, pois conhecia o caminho perfeitamente.

A visita de Dante me deixou com muitas dúvidas, e eu senti que deveria conversar com a minha irmã em algum momento sobre isso. Meu celular continuou vibrando, Dietrich estava pensando que havia acontecido algo, já que fiquei sem responder.

O resto do dia passou lentamente, e quando Dietrich voltou, ainda continuou me tratando como se eu estivesse doente. Sinceramente, eu já estava me sentindo sufocada, mas não quis falar nada, pois sabia que no outro dia tudo ficaria normal.

No dia seguinte eu pude ir ao trabalho normalmente, mas claro, senti os olhares de todos em mim, e a razão disso? Aquela festa…

— Eu fiquei sabendo que tentaram jogar a culpa em você pelo ocorrido… — Marisa me olhou incerta.

— "Tentaram"? Quer dizer que não conseguiram, certo?

— Sim, nosso chefe interferiu nas notícias. Estão tentando te tornar a vilã da história, e sobre a taça, acusaram você, inclusive ontem a polícia esteve aqui… o pai daquela garota te acusou.

— Isso é sério?

— Sim, eles não foram até sua casa pelo fato de que Dietrich conseguiu provar que você era inocente, ele pegou a gravação das câmeras daquele dia.

(Mesmo depois de tudo, ainda levei a culpa?)

— Você não leu as matérias recentes? Seu nome está lá, antes te acusando, e agora provando sua inocência juntamente com o vídeo.

— Eu não costumo ver essas coisas…

Estávamos no horário de almoço, e finalmente eu entendi a razão de tantos olhares. Depois que voltei, esperei o momento certo para conversar com Patrick, eu o convidei para jantar sem que Dietrich soubesse. Marisa me deu cobertura, já que agora que ele sabe da relação entre os dois, não vai querer me deixar perto dele.

Patrick sentou-se em silêncio, ele evitou me olhar.

— Ele disse que vai te demitir?

Eu deduzi isso pela expressão no seu rosto.

— Sim…

— Você precisa desse emprego?

— Não…

— Então, por que ainda está aqui?

— Porque… meu pai queria que eu ajudasse minha irmã a se aproximar de Dietrich. Eu não tive escolha, afinal minhas irmãs sempre foram as mais importantes para o meu pai.

— Ele também te obrigou a armar contra mim?

Ele não respondeu, mas pude ter certeza de que significava que sim.

— Por que me salvou naquele dia?

Mais uma vez, ele não disse nada.

— Eu posso conversar com Dietrich, tenho certeza de que ele não quer demitir você, afinal você continua na empresa mesmo depois do ocorrido.

— Isso porque tenho pendências com a empresa…

(Ele parece triste…)

— Você não quis fazer essas coisas, então não se preocupe.

— Não é assim, você não deveria confiar em mim.

— Eu não confio, mas isso não significa que devo deixar que saia.

— Quais são suas verdadeiras intenções?

Ele finalmente entendeu o recado, apesar de pensar em Dietrich, também tinha os meus próprios planos.

— Seu pai ainda pretende me prejudicar, e provavelmente Amanda também… sem contar que acredito que sua outra irmã gosta do Dayne, não é?

— Vá direto ao ponto, por favor!

— Você vai me ajudar, me conte todos os planos deles, seja sobre Dietrich e eu, ou Dayne e Elena!

— E o que eu ganho com isso?

— A pergunta certa é, o que você ganha ajudando sua família? Pelo que pesquisei, ele não pretende te fazer herdeiro apesar de ser seu primeiro filho, e você não possui ninguém que te trate bem naquele lugar. Se me ajudar, eu te garanto que farei o possível para que possa viver bem.

— Viver bem? Isso não é possível para mim. Ao invés disso, por que não me ajuda a conseguir me vingar?

— É isso que você quer?

— Sim, nada que me ofereça além disso vai me fazer mudar de ideia.

— Tudo bem… mas nada que envolva assassinato, ok?

— Não pretendo fazer isso, afinal eles ainda são minha família, por mais ruins que sejam.

Nós entramos em acordo, e depois eu voltei para casa. A maior dificuldade foi convencer Dietrich a deixar Patrick permanecer no trabalho, apesar da insistência dele, eu sabia que no fundo Dietrich considerava Patrick como um amigo, e não queria afastá-lo.

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Comments

Alisa TorYos

Alisa TorYos

ehhhhh....
Me tirem uma dúvida.
Quem mexe com marketing não devia se interessar por notícias também?
Já que eles trabalham com imagem e publicidade e tals, para saber o que exatamente estão fazendo ou tem que fazer?
Então como raios ela não lê as notícias?......kkkkk

2024-05-21

3

Josemeiri Barroso

Josemeiri Barroso

p q entendi ele é adotado,

2024-03-29

1

Juniper_164

Juniper_164

Só será possível que elas sejam parentes dele.

2023-07-14

2

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