O homem daquele dia...

Minha cabeça estava doendo muito, e claro, não pude parar um minuto. Como foi no dia anterior, Dietrich permanecia agindo como se nada tivesse acontecido, nem sequer tocou no assunto.

No meu intervalo, minha irmã veio me procurar. Eu havia esquecido de avisar para ela que ficaria fora outra vez.

— Eleonor, você tem minhocas na cabeça? Não é porque já é maior de idade que pode sumir sem dizer nada! — Foram duas noites sem voltar para casa, acabei esquecendo de avisar devido aquela situação.

— Lena, por favorzinho me deixa passar essa, vai? — Eu faço biquinho.

— Nora, isso é algo sério! E se acontecesse algo com você? — Minha irmã mudou muito desde que eu comecei a morar com ela.

Elena fugiu da casa dos meus tios, e me deixou para trás. Claro, eu não tinha ódio dela, afinal ela também sofreu. No fim, eu tive que fugir sozinha, e ela me acolheu.

— Por que está fazendo essa cara? Desembucha.

— Não é nada… — Eu não poderia falar sobre o que aconteceu com Dietrich.

— Ah… enfim, ontem Daynne e eu queríamos te contar algo.

— Vocês vão se casar?

— Deixa eu terminar, Nora!

— Sim, sim, diga!

— Eu vou mudar de emprego.

-Espera, por que você vai deixar a H entretenimento?

Elena trabalha como supervisora aqui, estou surpresa que ela ainda não sabe que me tornei a secretária do chefe.

— Não sei como, mas consegui encontrar uma oportunidade de ouro. Simplesmente me ofereceram uma proposta para trabalhar na Corporação D.M, parece que Dayne esteve elogiando minhas habilidades. -Ela sorri.

— Qual seria o trabalho?

— De gerente!

— Ahn? Por que tão de repente? Dayne também não é um?

— Sim, ao que parece tem pelo menos cinco gerentes, e estavam precisando de alguém com habilidades!

— Elena, desde quando você tem experiência nisso?

— Se eu consegui cuidar de você sendo tão lesada assim, não será difícil gerenciar um hotel. Dayne irá me ajudar!

— Isso ainda me parece um pouco duvidoso.

— Apenas fique feliz por mim!

— Certo, certo. Meu horário de almoço está acabando, então irei me retirar. Nos encontramos à noite e você me conta tudo direitinho, ok? — Eu vou direto para o escritório.

Quando eu entro, ele está conversando no telefone. Ele sempre passava um ar de superioridade, me sentia intimidada estando perto dele.

— Por que está tão avoada assim? Aconteceu algo bom?

— Acredito que seja bom, já que minha irmã está feliz.

— Elena Vinturinne?

— Você investigou até isso?

— Ela me entregou o pedido de demissão hoje.

— Que rápida, ela é mesmo impulsiva.

— Por que ela decidiu sair? — Dietrich pareceu curioso, por alguma razão.

— Ah, parece que o namorado dela conseguiu uma vaga de gerente que estava vazia na Corporação D.M.

— Quem seria o namorado da sua irmã?

— Dayne.

— Dayne? E Qual o sobrenome?

— Hum, não sei, se bem me lembro ele disse que era algo como "Andrade".

— Então ele andou mentindo… — Ele sussurra.

— Você conhece ele?

— Não, vocês têm uma boa relação?

— Atualmente minha irmã e eu moramos com ele, então posso dizer com confiança que sim. Mas eu preciso sair de lá logo, sei que eles não falaram de casamento ainda por causa da minha presença.

Algumas vezes, eu ouvia suas conversas, eles não queriam me expulsar, mas precisavam de privacidade.

— Você não tem um lugar para ficar?

— Não, minha família mora em outro estado. E também, eles nunca se importaram comigo ou Elena.

— Se você quiser, pode ficar na minha casa.

— Por que eu ficaria lá?

— Nós somos como um casal, então podemos morar juntos.

— Nós nos conhecemos a poucos dias, e nem ao menos temos um relacionamento fixo, quer mesmo que a gente viva junto?

— Podemos transformar em algo fixo.

— E como ficaria o seus "casos"?

— Ainda pensa isso de mim?

Antes que eu respondesse, meu telefone toca.

— Alô? Sim, só um segundo, irei perguntar para ele.

Eu coloco o telefone de volta.

— Tem alguém chamado Rafael dizendo que precisa de encontrar. — No começo, não fiz a ligação entre os nomes, mas depois percebi que era o homem que estava com Dietrich dois dias atrás.

O rosto de Dietrich se contrai.

— Deixe-o entrar.

Eu ligo para a recepção e aviso.

— Se esconda embaixo da mesa.

— Por que?

— Eleonor, só faça o que eu digo!

— Certo.

Eu me escondo e alguém abre a porta sem bater.

— Eu te disse para não fazer o que quiser. -O tom de Dietrich é seco.

— O que você disse ao meu pai, idiota? — Ele disse friamente.

— Apenas fiz com que os rumores que você usou contra mim, chegassem aos ouvidos dele!

— VOCÊ SABE QUANTOS PROBLEMAS ME CAUSOU? — Ele gritou. — Isso não vai ficar assim! Quando Dante souber…

— Vá e diga ao meu pai. Não me importo de perder esse contrato.

Escuto passos apressados e depois uma batida de porta.

— Pode sair.

Eu me levanto, ainda chocada com o que escutei.

— Eu te disse, não sou gay!

— Ainda não acho que isso prove tanto…

— Eleonor, você não entendeu as palavras dele? Esse homem queria que eu fosse prejudicado, então fiz com que o pai dele soubesse.

— Ele disse que falaria para o seu pai, não vai ter problema?

— Provavelmente vai, mas não me importo. Eu não sou filho dele de verdade. É por isso que ele não se importa com meus sentimentos, eu apenas vou herdar a empresa porque ele é estéril.

(Ele foi adotado? E por que está me falando essas coisas?)

— Ainda sim, ele te criou como filho, não poderia pelo menos considerar seus sentimentos?

— Ele só me adotou para que ninguém soubesse sobre essa condição, e também por pressão dos pais dele que queriam ter um neto.

— Entendo… você não deveria fazer o que não quer, mesmo que seja por ordem dele.

— Haa… — Ele suspirou.

Seu belo rosto estava um pouco corado, mas também parecia triste.

— Você é lin… ops… — Outra vez eu acabo falando sem querer.

Ele se aproxima de mim.

— É algo que somente você pode ter, então fique feliz por isso.

Eu percebi que ele via o que tínhamos como uma relação, mas eu não queria me aprofundar nisso. Apesar de saber que esse homem me atrai completamente, eu ainda precisava me afastar dele.

A ideia que eu tive foi apelar para o Dayne conseguir um emprego para mim no hotel.

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