Dia caótico

No dia seguinte, achei que eu acordaria antes de Dietrich, mas foi ao contrário. Ele ainda parecia cansado, mas ainda sim preparou café para mim.

— Isso é algo que eu deveria fazer, pois você precisa descansar! — Sentei em frente a ele.

— Está tudo bem, e sua irmã me disse que você não é muito boa em cozinhar.

— Elena disse isso? Eu te ajudei a cozinhar naquele dia!

— Sim, ela estava muito desesperada. Sabe, ela se referia a você como se já estivesse morta, e não parava de chorar se culpando por não ter cuidado de você direito.

— Por que ela pensou que eu estava morta? — era mais surpreendente saber que ela chorou por mim.

— Ah, é que aconteceu um assassinato no mesmo dia que em que você desapareceu… a garota estava desfigurada, e já tínhamos ido a polícia antes. Eles não fizeram nada a princípio, mas depois desse ocorrido, fomos chamados. Nós deveríamos reconhecer o corpo ontem, mas você apareceu bem a tempo.

— Entendo, acho que eu devo ir ver a Elena…

— Você não precisa ir para o trabalho hoje, descanse, ficarei com você!

— Mas você já faltou ontem, o CEO não pode ficar fora por tanto tempo!

— Eu não posso correr o risco de você sumir outra vez…

— Você sabe que não pode ficar vinte e quatro horas por dia comigo, né? Eu sou adulta, posso me virar!

— Você completou dezoito recentemente, ainda é nova, e depois do que aconteceu com Rafael, me preocupo em te deixar sozinha assim…

— Dietrich, alguma hora você vai ter que ficar longe de mim!

Ele fez careta.

Nós fomos no carro dele para o trabalho, meu medo era receber tantos olhares por conta da notícia do nosso casamento, mas a empresa estava uma bagunça.

— Entregue isso para o setor de administração! — Um funcionário correu com tudo, quase me derrubando.

Antes que Dietrich pudesse o parar, Patrick o agarrou pelo braço e o puxou para longe.

— O que está acontecendo? — Eu olhei ao redor, e todos estavam desesperados por alguma razão.

Segui até o escritório de Dietrich, e o caminho todo olhei para os lados. No setor de marketing, minhas amigas nem mesmo me viram, elas também estavam na correria.

Assim que entrei na sala, escutei gritos de um homem mais velho.

— VOCÊ É LOUCO? EU TE DISSE CLARAMENTE QUE DEVERIA IR AQUELE ENCONTRO, MAS ME APARECE CASADO? — O homem jogou os documentos na mesa de Dietrich no chão. — Se quer mesmo fazer essa empresa crescer, deve abrir mão dos seus sentimentos!

Ao ouvir essas palavras, tive a certeza de que era Dante, o pai dele. Não tinha certeza se deveria interferir, apenas fiquei parada até que Dietrich me visse.

— Antes, eu faria de tudo pela empresa, mas agora eu encontrei algo mais importante, pai! — Ele veio em minha direção e segurou minha mão. — Eu me casei, e pelo bem da minha esposa, farei de tudo, a empresa já não me importa igual antes!

— Está me dizendo que o motivo de você deixar a empresa por dois dias é por uma garota? Você é idiota, Dietrich Marines? — Dante nos olhou insatisfeito.

— Espero que agora pare de arrumar encontros para mim! — Dietrich estava sério, mas suas mãos estavam tremendo.

— Haha, que ingrato… eu te adotei para que fosse meu herdeiro, mas o que está fazendo? Simplesmente colocando tudo a perder por amor?

— Eu não serei como você, minha mãe sofreu muito por sua culpa, é por isso que ela buscou consolo em outro lugar! Você sabe que não é mais capaz que eu, lembre-se da razão que saiu em primeiro lugar!

Dante ficou afetado pelo que Dietrich disse.

— Eu deixarei você em paz por enquanto, mas esse casamento é estranho aos meus olhos. Dayne namora a Elena há anos, mas você, quanto tempo tem que conheceu essa garota? Sabe ao menos suas origens?

— Senhor, eu sou a irmã mais nova da Elena!

Dante olhou para mim surpreso, mas eu entendia, afinal, Dayne escondeu até que era irmão de Dietrich, provavelmente ela ainda não tinha conhecido o sogro.

— Quantos anos você tem?

— Dezoito!

De repente, ele pareceu estranho. Dante disse que iria se retirar, e Dietrich e eu ficamos sozinhos.

— Por que ele estava tão nervoso?

— Estamos com problemas sérios, o pai da mulher com quem eu deveria me encontrar, retirou o apoio a nossa empresa, e não assinou um contrato importante.

— Então é culpa minha…

— Não! É decisão minha… Graças ao que aconteceu, perdemos alguns investidores que são próximos a esse homem. Eleonor, eu fiz minha escolha, então não se preocupe! — Dietrich passou a mão pelo cabelo.

Eu estava me sentindo culpada mesmo assim, não sabia o que fazer, nem como ajudar.

— Seu pai é sempre assim?

— Sim, depois de tantos falsos rumores sobre mim, ele começou a ser ainda mais severo.

— Sabe, como surgiu isso sobre você ser gay?

— A imprensa que não tinha nada melhor para fazer, sempre que eu ia a reuniões de negócios, era fotografado. A maioria dos envolvidos eram homens, e as minhas secretárias... bom, quase nenhuma durava tempo o suficiente para ir comigo, e aquelas que iam, erravam no momento crucial. Isso também começou graças a Rafael, e também uma das mulheres que eu demiti saiu dizendo isso sobre mim.

— Então você as expulsava na frente dos seus parceiros de negócios?

— Não exatamente, eu apenas olhava para elas, mas isso era o suficiente para que fugissem sem terminar o trabalho. Por isso eu disse que odeio incompetentes, pessoas assim sempre fogem no primeiro erro.

— Se você soubesse como é o seu olhar assassino, não diria algo assim... — Eu sussurrei.

— O que?

— Nada! Vamos voltar ao trabalho, tem muita coisa para fazer pelo visto...

O resto do dia foi completamente corrido. Tantas coisas que eu tinha para fazer, acho que nunca trabalhei tanto na vida como hoje. Basicamente a empresa toda fez hora extra, e parecia que os próximos dias seriam assim também.

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