Intimidada

No dia que ela sumiu, eu percebi o que realmente sentia… desespero, nunca senti algo assim, pois tudo sempre esteve em minhas mãos.

O sumiço dela me fez enlouquecer, por que isso estava acontecendo?

Depois de horas sem notícias, acabei surtando lá dentro. Eu não pensei direito, usei o poder do nome da minha família, mesmo com a possibilidade de ser preso.

Apesar disso, acabou não dando em nada.

-Senhor Marines, certo? Não temos notícias boas.

Meu corpo inteiro gelou naquele momento.

-Encontramos uma garota com as características que descreveu, mas ela foi assassinada.

Eu caí de joelhos, Elena que também estava lá, acabou passando mal.

Me disseram que eu deveria esperar para fazer o reconhecimento do corpo. Eu não queria acreditar naquilo, me culpei por deixá-la sozinha.

Nós voltamos para a minha casa, eu bebi a noite quase toda, Dayne tentou me parar, mas não conseguiu.

-Dietrich, talvez não seja ela!

Eu ignorei Dayne completamente.

No outro dia, não havia notícias. Eu continuei bebendo sem parar.

As coisas acabaram acontecendo daquela forma, e no fim, ela estava com aquele cara. Eu fiquei aliviado, mas ao mesmo tempo com raiva.

Rafael me disse "Eu a levei, e vou fazer isso novamente, mas se prepare, quando isso acontecer, você não a verá novamente!".

Não consegui evitar de surtar, e fui com tudo para cima dele.

Acontecimentos atuais…

Parece que ela não percebeu ainda, mas as pessoas da empresa não se importaram em saber que ela é minha esposa, muito menos a mídia. Para eles, Eleonor é irrelevante, e agora que sabem que não sou gay, provavelmente será pior para mim.

Ela estava em silêncio fazendo seu trabalho, uma funcionária veio me trazer café sem que eu pedisse.

— Eu não pedi por isso! — A funcionária me olhou assustada a princípio, mas depois deixou claro suas intenções.

— Senhor… eu soube que gosta de café, por isso eu…

— Vá embora, e leve isso com você! — Eu apontei para o café.

Ela estava relutante em voltar, mas acabou saindo. Eleonor me olhou de um jeito estranho, não sei dizer se estava com ciúmes, ou era apenas sua mente lenta tentando compreender a situação.

— É impressão minha ou estou sendo deixada de lado? — Ela colocou a mão no queixo.

(Parece que estamos evoluindo…)

— Percebeu isso somente agora?

— Na verdade, ninguém nem ao menos parece se importar com o nosso casamento, e eu estou sendo ignorada como se não fosse nada. Inclusive algumas pessoas me trataram com extrema ignorância.

— Quem fez isso com você?

— Se quer demitir essas pessoas, não faça, provavelmente vai acabar sem funcionárias.

— São tantas assim?

— Não é óbvio? As únicas que me tratam bem são apenas as minhas amigas, mas o resto, pessoas que nem ao menos falavam comigo esbarram em mim propositalmente.

(Patrick não me informou nada disso, por que? Ele supervisiona tudo, então sempre sabe dos acontecimentos.)

— Está quase na hora da nossa reunião, precisa de algo antes de irmos?

(Ela se tornou mais responsável e profissional.)

— Não, apenas preciso de um documento que solicitei a Patrick, mas ele não me trouxe ainda.

Eu estava estranhando também o comportamento dele, por alguma razão, ele estava diferente, e menos empenhado em suas tarefas.

— Irei buscar! — Ela saiu sem esperar minha resposta, e eu fiquei sozinho.

Estava quase no horário da reunião, mas Eleonor ainda não havia voltado. Esperei por mais alguns minutos e nada, com isso decidi ir procurá-la.

O que eu temia aconteceu, as pessoas que me evitavam, grudaram em mim igual chiclete. Provavelmente esqueceram da minha personalidade ruim apenas por achar que tem uma chance. Eu me segurei porque precisava encontrar a Eleonor.

Mesmo depois de procurar em todos os departamentos, não encontrei. Fiquei preocupado por lembrar das palavras de Rafael, mas me disseram que ela não havia saído da empresa, mas também não viram para onde ela foi.

Patrick veio a mim, dizendo que eu deveria ir à reunião sem ela, mas dessa vez eu não quis o ouvir.

Eu sentia que ela estava por aqui, e continuei procurando. Me lembrei das câmeras de segurança, e a cena que eu vi lá me deixou irritado.

Ela foi atacada por algumas funcionárias, e depois trancada no banheiro.

Fui para lá o mais rápido que pude, achei que ela estaria chorando, mas ela estava normal.

— Nora… — Eu tentei tocá-la, mas ela bateu na minha mão.

— Eu não vou culpar você, afinal eu escolhi esse caminho. — Ela se levantou e me olhou nos olhos. — Não serei mais intimidada, Dietrich, eu escolhi ser sua esposa de verdade agora, se elas querem nos afastar, terão que fazer melhor!

Aquelas palavras me deixaram chocado, mas ao mesmo tempo feliz, não sei o que aconteceu ao certo, mas agora Eleonor estava diferente.

Acredito que agora oficialmente somos um casal, não consegui evitar de sorrir.

Eu havia perdido o horário da reunião, e ela reclamou bastante comigo, dizendo que poderia esperar por mais tempo presa naquele lugar. Por sorte, a pessoa que tínhamos que encontrar era bem compreensiva, e aceitou reagendar a reunião.

Agora que Eleonor e eu estamos juntos, devemos ir encontrar a minha família. Depois de tudo, não tem certeza de como vai ser, afinal Dante a conheceu em circunstâncias ruins, e provavelmente não tem uma boa opinião sobre ela.

Por mais que meu pai seja teimoso, tenho certeza que em breve ele irá aceitar meu relacionamento, mas ainda sim, não deixo de me preocupar.

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