CAP. 13 - MAIS UM MISTÉRIO

Ao ligar para o Doutor Farias, descobriu que ele estava num congresso.

— O doutor viajou hoje cedo, Bia! Serão três dias fora, mas se quiser, já deixo marcada a sua consulta. Posso agendar?

— Ah, claro! Eu agradeço.

Rita estava ao seu lado, ainda preocupada. Observava Bia, até que esta terminou a ligação.

— Querida, não fique assim... Tenho certeza que deve ter algum motivo especial para o Sr. Colins ter agido dessa forma.

— Espero que sim, Rita, pois isso tem sido no mínimo, assustador!

— Ele parece um homem honesto e tão atencioso! Não consigo acreditar que possa ser alguém do mal.

Bia suspirou.

— Lembra do dia que o policial estava aqui? Fiquei prestando atenção nos dois... Se você visse os olhares! Depois, lá fora, Edu estava meio irritado, enquanto falava com ele... Tudo muito suspeito!

Rita estava com um semblante interrogativo, porém, mesmo assim, preferiu amenizar:

— Olha, não sofra por antecipação. Assim que ele falar com você, podemos ver se é seguro ficar aqui ou não. Também não estou gostando dessa história.

— Nem eu. Tenho certeza que era ele quem estava comigo no carro, possivelmente no dia que me acidentei. Não é suspeito o fato de ele sair ileso, enquanto eu quase morro?

— Nossa! Muito estranho mesmo. Vamos aguardar! Que não seja nada do que estamos pensando.

Bia aguardou a tarde toda e o telefone não tocava. Será que a secretária dera o seu recado para ele?

Ocasionalmente Rita vinha para ver se estava tudo bem. Bia andava de um lado para o outro. Aquilo parecia um pesadelo.

À noite, Rita fizera-lhe uma sopa que tomara sem vontade. Depois sentou-se no sofá para aguardar o telefonema de Edu.

Depois de esperar por algum tempo, o telefone tocou. Ela atendeu, rapidamente.

— Alô?

— Alô, Bia! Aqui é Cassandra, a secretária do Sr. Colins. Mil perdões por não ter ligado antes!

— Tudo bem! Vou poder falar com ele agora?

— Bem, vou explicar. Assim que terminou a reunião, dei o seu recado, então ele falou que ia pessoalmente falar com você. Daqui a umas três horas, chegará em Formosa.

— Oh, Cassandra, muito obrigada!

— De nada! Ah, mais uma coisinha...

— Pois não, pode falar!

— A Sâmia, namorada dele, já chegou ao Brasil ainda há pouco e ligou perguntando por ele, então, assim que chegar, por gentileza, pode avisar a ele para entrar em contato?

Ao ouvir que ele tinha uma namorada, segurou com força o telefone. A cabeça, girando. "Mas que droga era tudo aquilo, afinal?"

— Bia... Bia! Está me ouvindo?

— Oh... Desculpe, sim, estou ouvindo. Vou falar o seu recado, não se preocupe.

— Desculpe mais uma vez! O dia hoje foi terrível!

— Tudo bem, eu entendo.

— Foi um prazer, Bia!

— Igualmente, Cassandra!

Pôs o telefone no gancho, atordoada. Parecia que aquele era o dia das revelações desagradáveis. Céus, Edu tinha uma namorada! Estava enojada!

Com uma dor inigualável no peito, sentiu como se tivesse perdido algo muito precioso. As lágrimas novamente teimavam em cair.

Se ele era seu marido, por que a desrespeitava daquele jeito? Como podia ser casado e, ao mesmo tempo ter um compromisso sério com outra mulher? Seria esse o motivo de viajar tanto?

Ah, quando ele chegasse! Não ia suportar ficar naquela casa, mesmo sem saber de onde viera. Pior era fica no mesmo espaço de um mentiroso!

Rita tirou-a dos seus pensamentos. Bia nem percebeu o momento que ela se aproximou.

— Meu Deus, Bia! O que aconteceu dessa vez? O que ele disse?

— Foi a secretária que falou comigo. — a garota disse, enquanto enxugava as lágrimas. — Ele está voltando. Hoje mesmo chega.

— Bem... Então não entendo... Por que está chorando?

— É que... É que tem mais um mistério a ser esclarecido!

— Santo Deus! O que mais esse homem esconde?

— Ele tem uma namorada, Rita!

— O quê?! Rita arregalou os olhos.

— Pois é! E se ele for um sequestrador ou um psicopata? Não estou me sentindo segura!

— Bem, eu mesma não sei o que dizer... Isso tudo tá mexendo com você,  pobre moça! Se quiser, hoje a noite durmo por aqui. Assim que conversarem, posso ficar por perto, caso precise de proteção. É só gritar!

— Você faria isso por mim, Rita? Oh, nem sei o que dizer! Eu sinceramente estou precisando da sua companhia. Estou com tanto medo...

— Não fique assim. Creio que hoje tudo vai ser esclarecido.

— Obrigada! Agora, vou me deitar um pouco... Estou um pouco cansada... Depois eu desço.  Acho mais seguro ficar na sala, pois é mais próximo do seu quarto.

— Combinado.

Bia subiu e deitou-se na cama. Ficou a observar a porta de acesso. Lembrou-se da noite que entrou no aposento dele. Por que então Edu a beijou com tanta paixão naquele dia? Seria ele um mulherengo que a mantinha presa para seus caprichos sexuais? Ou pior, seria ela uma esposa conivente com as traições dele? Nada daquilo fazia sentido e precisava desesperadamente saber a verdade!

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